Último filme do mestre William Friedkin, eterno diretor da primeira e melhor versão de "O exorcista", é um exercício de diálogo e composição de argumentos num fatídico tribunal militar, continuação de "The Caine Mutiny" de 1954 com Humphrey Bogart e Robert Francis, tratando-se do julgamento dos acontecimentos ocorridos no navio, referente ao capitão destituído do seu navio por um oficial, com a desculpa de que estaria com insanidade mental, mas abrindo margem para um motim.
Toda a Marinha norte-americana sobrevive de hierarquias e papéis bem definidos, então o jogo de encenação e de contra-argumentação está baseado em comportamentos esperados, mas também questionáveis de seus oficiais. As disrupturas, no entanto, são sutis, e o ego em preservar uma instituição que sobrevive de imagens (como qualquer outra) é que dará o tom da graça aqui.
Psicólogos, médicos, técnicos, juízes... todos terão voz, e o filme navegará entre a comédia de absurdo e o julgamento pelos detalhes comportamentais de seus personagens. Uma construção de arquétipos interessante, ainda que não chegue aos pés da construção dialógica de um "Doze homens e uma sentença do Lumet, claramente um dos filmes inspiradores desse aqui.
Ainda assim, muito divertido, com um final que joga na nossa cara toda a plasticidade dos desdobramentos. Friedkin se despede do mundo da arte em grande estilo, deixando uma obra divertida e interessante de se acompanhar, que talvez merecesse um reconhecimento maior. Mas ainda assim, seu nome marcará para sempre a cinefilia mundial. Descanse em paz, mestre.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário