REC (2007), foi um filme que utilizou-se de argumentos e artifícios já experimentados no cinema. Entretanto, o fez de forma tão eficaz e funcional que originou uma obra importante do gênero.
Um filme extremamente divertido, acima de tudo. Um dinamismo na forma de lidar com um requisito tão importante nos filmes que é a câmera, assim como já fora feito em A Bruxa de Blair e Cloverfield, por exemplo. E mostra ser esse, um ponto importantíssimo, até fundamental na construção do clima tenso e angustiante proporcionado pelo contexto do filme.
Enfim, uma obra bem construída para permitir suas ostentações do gênero.
Nasceu e vigorou um dos melhores filmes de terror dos dias hodiernos.
Eis que surge então, não muito tempo depois, a continuação. E particularmente, devo acrescentar, já esperada.
Aqui a premissa é basicamente a mesma, mas sob uma nova perspectiva geral. O pretexto da explanação vem á tona para que mais uma vez sejamos inseridos no clima infernal vivido dentro do edifício.
E inicialmente, assim como seu antecessor, o filme é bastante funcional, e já nos apresenta a seus protagonistas, desta vez, podemos afirmar que, mais preparados, em relação aos seus predecessores.
Uma nova dinâmica visual é instaurada para renovar esse ótimo artifício da câmera subjetiva, onde a intenção explícita é promover a inserção do espectador na ótica da personagem. Pretendendo surpreender á medida o que faz em ambas as realidades.
É uma dinâmica mais interativa, que proporciona a visualização dos ambientes por diferentes perspectivas, já que desta vez não existe apenas uma câmera dentro do edifício infernal, e dessa forma, podemos vislumbrar a situação de maneiras variadas e sob diferentes acepções, já que cada personagem segue um diferente rumo, podendo é claro cruzar o caminho do outro.
Tudo isso, a princípio, realmente surpreende positivamente, e realça a qualidade técnica dessa sequência.
No entanto, como no primeiro filme, esse argumento por si só, não caracteriza positivamente a obra.
Tudo teve de operar de maneira eficiente para construir a tensão necessária.
Como não estamos lidando com nenhum tema inovador, ou com qualquer artifício pioneiro, são necessárias soluções eficazes, elaboradas e que contribuam bem para a trama.
E aí habita o grande problema de REC 2.
Na época em que o assisti pela primeira vez, não tive acesso ao subtítulo "Possuídos" e portanto não tinha a menor idéia desta nova abordagem a que o filme iria entregar-se e acabei sendo surpreendido novamente.
Acredito que não é mais nenhum segredo o fato de que o filme apela para uma solução simplória, a de que toda a tensão proporcionada pela trama se deve a tema de cunho religioso, no caso, demônios.
Zumbis, como tantas outras criaturas da ficção, são irreais, e portanto existe a flexibidade. São seres maleáveis em sua desenvoltura, desta forma, assim como os vampiros de Crepúsculo, por exemplo, não necessitam de qualquer explanação lógica, ou estereótipo a ser seguido, embora muitos defendam isso.
De qualquer forma, ainda sim, o argumento da possessão demoníaca dá ao filme um tom caricatural inesperado, que fatalmente desloca em parte a seriedade com que ele vinha sendo encarado.
E no fim, a impressão que temos é a de que o filme perdeu credibilidade dentro de si mesmo.
Apesar dessa novidade do roteiro, ainda presenciamos algumas das mesmas soluções do filme anterior, com algumas pequenas implementações. Como o já citado dinamismo entre os personagens, permitindo diferentes óticas, reações e possibilidades.
A violência, a tensão e o desespero ainda são o clima predominante do filme, embora não funcione tão bem quanto foi no antecessor.
É importante afirmar que esta não é uma sequência desnecessária, pois detém um argumento interessante e palpável, mas é bastante discutível a forma como foi conduzida.
Não é desnecessária, embora não fosse realmente necessária.
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