Você já viu este filme. Só que com outros atores.
Quem vai assistir as adaptações cinematográficas das obras de Nicholas Sparks, além de muita coragem, claro, é preciso saber que ele nunca irá mudar seu olhar infantil em relação aos relacionamentos e claro, sempre andará de mãos dadas com a pieguice. Supostamente eu também sabia, mesmo tendo assistido apenas Querido John, lançado em 2010, que com todo seu melodrama, combina suficientemente com as relações familiares agregadas na obra. E Um Homem de Sorte poderia ao menos chegar na linha do 'assistível', aquelas obras famigeradas que assistimos aos domingos com a namorada descompromissadamente. Mas foi feito apenas para aqueles que exigem apenas um casal, uma briguinha pra emocionar um pouquinho e um final feliz. Com absolutamente nada de novo, nem mesmo a narrativa, o clímax, o desfecho, o início da afinidade entre o casal, o lugar secreto que a personagem gosta de ficar sozinha e mostra apenas pra quem ela ama, e nem mesmo os mínimos detalhes como um alívio cômico (a mãe), um empecilho para o amor do casal (o ex-marido), enfim. Total perda de tempo.
A guerra aqui poderia ter um estudo mais desenvolvido, mas acaba soando uma desculpa pra aquilo que o filme realmente quer mostrar. O Fuzileiro Naval, Logan (Zac Efron) encontra uma foto em meio a um bombardeio que poderia ter tirado sua vida, e então decide guardá-la como amuleto da sorte e a término do serviço, ir à procura do seu anjo da guarda, uma bela jovem que estampava a fotografia e agradecê-la por lhe trazer tanta sorte (WTF???!!!) Difícil de acreditar se ele faria o mesmo se na foto estivesse uma idosa, uma mulher feia, ou até mesmo um homem. Acompanhamos então a jornada do rapaz que sem muito esforço (na segunda ou terceira tentativa) consegue achar a casa da moça que ele nunca tinha ouvido falar na vida e nem sabia onde ela morava (???!!!). Mas o pior de tudo foi a insegurança inexplicável do rapaz ao contar para a moça o porque de sua vinda. Acabou por aceitar um emprego de afazeres doméstico masculinos (consertar trator, arrumar telhados e paredes, cuidar de cachorro), daí o resto todos já sabem.
Como é de praxe, algo tem que acontecer pra impedir a felicidade do casal. E é claro que acontece! Estamos falando de 'Nicholas Sparks', ai dele se não fizer acontecer. O ex-marido da moça não gosta do fuzileiro e o julga ser má companhia para o filho que mora com a moça. Brigas vão desentendimentos vem, a guarda do moleque entra em questão, o casal já está apaixonado, e eis que a bendita foto vem à tona (claro, que seria a foto que faria os dois brigarem), a moça fica magoada por ele não ter contado antes, nesse meio tempo, a criança corre perigo e num clímax sem emoção alguma, nosso herói o salva, o ex-marido é tirado de seus caminhos e as comportas do amor estão abertas novamente para o casal. Esse resumo ainda é pouco comparado aos detalhes que somam dentro da trama. A direção de Scott Hicks, indicado ao Oscar pelo musical Shine - Brilhante, tem grande parte de culpa, mesmo com alguns poucos momentos de inspiração. Muito pouca personalidade, sempre se rendendo ao óbvio e ao esgotado.
É triste ver modelo seguindo carreira de ator, e o astro que estampa os cartazes desta vez é Zac Efron, tendo sido anteriormente com Miley Cirus e Liam Hemsworth em A Última Música, Channing Tatum e Amanda Seyfried em Querido John, entre outros. Sua farda de fuzileiro e suas cenas mais picantes que qualquer beijo em High School Musical, mostra que o ator não é mais aquele garoto que fazia meninas de 12 anos suspirarem. As marcas da guerra trouxeram consequências ao personagem que é interpretado com o semblante fatigado e diversos momentos, psicologicamente abalado. Efron dá sorte de não atrapalhar mas também não pode fazer muito já que o filme não depende só dele.
No mais, Um Homem de Sorte resume tudo o que um romance clichê precisa ter e só serviu pra me deixar certo de que 'Nicholas Sparks' é um baita de um infantil, e que nunca devemos confiar em quem já foi indicado ao Oscar. Todos os clichês do universo reunidos num filme previsível, bobo, e feito para o público menos exigente.
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