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Artigos

Festival do Rio - Comentários (Parte II)

Clear History (idem, 2013), de Greg Mottola

Por Bernardo Brum

Como filme feito para televisão, o esforço conjunto de Greg Mottola (de Superbad – É Hoje, Férias Frustradas de Verão e Paul – O Alien Fugitivo) e Larry David (os seriados Seinfeld e Curb Your Enthusiasm e o ator de Tudo Poder Dar Certo, do Woody Allen), Clear History não faz muito para dissolver o preconceito que algumas pessoas tem com televisão: um conjunto de bons momentos costurados por uma trama tapa-buraco, forçosamente esticada para ter cerca de uma hora e quarenta. O filme tem a trama mais boba, esquemática e preguiçosa possível, onde o que resta de marcante é o seu hilário protagonista, sempre com seu humor constrangedor e depreciativo (no bom sentido) que quase fazem esquecer que dois artistas que costumam trilhar um caminho anti-convencional – Mottola e suas tragicomédias sobre adolescentes e jovens adultos, David e seu humor amargo e misantropo que tornou célebre o indivíduo medíocre e não necessariamente com bons sentimentos – optaram por um filme fácil, pouco pretenso a desestruturar ou bagunçar alguma estrutura. Resta apenas um frustrado sentimento de mediocridade, no final.

 

Vic+Flo Viram um Urso (Vic et Flo ont vu Ours, 2013), de Denis Coté

Por Pedro Tavares

Não há princípios quanto à consciência crítica de Denis Coté; portanto, a narrativa de Vic+Flo Viram um Urso é aberta o suficiente para engendrar gêneros e traçar um panorama extremamente severo sobre o Canadá, nação que exerce função de suporte a países vizinhos - em especial os EUA - e pouco recebe de volta. Confeccionado por boa parte em planos fixos, Coté dialoga ironicamente com tradicionalismos de um conto de fadas: mágica e terror. Urso de prata no Festival de Berlim.

 

Walesa (Walesa. Czlowiek z nadziei, 2013), de Andrzej Wajda

Por Kênia Freitas

Andrzej Wajda é um cineasta de heróis. De Danton a Katyn, a construção de mitos históricos como cinema tem sido um dos seus maiores projetos. Nesse sentido, falar de Lech Walesa é um desafio para o diretor, pois o ex-líder sindicalista e primeiro presidente da Polônia pós comunismo soviético é um herói controverso. Por um lado, é inegável sua importância política na fundação do movimento Solidariedade; por outro, os seus anos de presidência estão longe de ser unanimidade. Aliás, esse período é sumariamente ignorado por Wajda, que dedica-se apenas aos anos de luta de Walesa.

Se por um lado Wajda acerta ao recorrer para a reconstituição da entrevista entre Walessa e a jornalista italiana Oriana Fallaci, o que possibilita ao filme explorar a personalidade conflituosa do personagem e ao mesmo tempo usar uma narrativa em que funciona por memória e evocação, mais do que pela cronologia, por outro, o filme parece ainda assim não alcançar nenhum resultado que vá além de certa curiosidade histórica, ao contrário de seus trabalhos mais potentes, em que os acontecimentos passados são atualizados pela história do presente.

Em Walesa, o passado está datado, anacrônico, perdido. Prova maior disso é a escolha da trilha sonora de punk rock polonês, músicas que se fizeram parte do contexto da construção do líder sindicalista como herói da libertação nacional, no cinema de Wadja parecem apenas desconectadas de qualquer propósito - assim como o seu filme.

Comentários (1)

Adriano Augusto dos Santos | sábado, 12 de Outubro de 2013 - 09:06

Interessantes opções.
Adoro o velho Wajda mas essas historias de comunistas e revoluções não me agradam quase nunca. Já funcionou com ele em \"O homem de mármore\" e \"...de ferro\".

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