Uma comédia romântica com um triângulo amoroso, um musical com pelo menos três grandes cantores da época, um filme de despedida de uma grande estrela. Tudo isso Alta Sociedade é, assim como também um remake de um filme de 1940 chamado Núpcias de um Escândalo (The Philadelphia Story). A premissa parece simples, mas com o desenrolar do filme, vemos uma grande confusão que só nós faz pensar como aquilo irá acabar.
Tracy (Grace Kelly), filha de um milionário da alta sociedade, está prestes a se casar com George (John Lund). Porém Dexter (Bing Crosby), seu ex-marido, continua amando-a e tenta reconquista-la. Dois repórteres (Frank Sinatra e Celeste Holm) são enviados por uma revista para cobrir o casamento, o que faz a preocupação da família de Tracy, já que ela ainda não havia feito as pazes com seu pai, Seth Lord (Sidney Blackmer).
A grande diferença deste remake são os números musicais – Composições de Cole Porter – que não existiam no original. Infelizmente, este detalhe pouco fez diferença para tornar um bom filme, já que, em grande parte, são números aborrecidos e que pouco chamam atenção. Acabam por prejudicar o ritmo do filme. Entre os nove números, talvez dois ou três se salvem, e isso mesmo contando com os três grandes artistas citados no começo.
Bing Crosby e Frank Sinatra são dois ótimos cantores e atores, mas aqui apenas Crosby cumpre com o seu papel. Se Sinatra não fizesse um personagem tão importante para a trama, com certeza seria muito fácil esquecer que ele havia participado do filme. E um terceiro grande artista que encontramos no filme não é ator, tem apenas algumas falas rápidas, e participa cantando ou tocando seus instrumentos. Este sim faz jus a sua fama. Louis Armstrong vem para demonstrar mais uma vez o seu talento e carisma.
O filme também é sempre lembrado como o último da atriz Grace Kelly, que no mesmo ano do lançamento do filme casou-se com o príncipe de Mônaco e aposentou-se como atriz. Sua personagem aqui não é tão comum em sua carreira, onde estamos acostumados a ver mocinhas – Matar ou Morrer e Janela Indiscreta são ótimos exemplos – sua personagem é uma mal-humorada filha de um milionário. Sua atuação funciona bem, mas se compararmos com Katherine Hepburn – que fez seu papel no filme de 1940 – é imperceptível não notar como Katherine é muito mais afiada, ácida e tudo o que a personagem pede para receber se destacar.
Mas não é só Grace que fica devendo quando comparamos os atores do remake com o do filme original. O personagem de Bing Crosby tem muito mais espaço no origanl, espaço esse que é muito bem aproveitado por Cary Grant. Frank Sinatra, que passa despercebido em Alta Sociedade, contrasta com James Stewart, que chamou tanta atenção em Núpcias de um Escândalo que ganhou o Oscar de Melhor Ator – Fato raro em um filme de comédia.
Mas em momento algum se pode dizer que Alta Sociedade não rendeu um bom filme por causa das atuações. Ainda estão todas dentro da média, mas toda aquela situação maluca do filme que era explorada com diálogos bem-humorados na versão de 1940 simplesmente não existe aqui. A história bruta parece estar conservada, mas as tiradas, o carisma dos personagens e um melhor desenvolvimento destes parecem ter sido trocados por nove números musicais e cores.
Entre Núpcias de um Escândalo e Alta Sociedade, escolha pelo primeiro, mas Alta Sociedade tem seus atrativos para os fãs da belíssima Grace Kelly, tanto por ser seu último trabalho em Hollywood como por ser um papel diferenciado em sua carreira. Aos fãs de Armstrong, Sinatra e Crosby, melhor seria ficar apenas com os números musicais do filme.
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