Todo mundo já ouviu falar de "... E o vento levou". Clássico dos clássicos, até hoje é reconhecido e assistido.
Sempre tive curiosidade de assistir o filme preferido do meu vô e o que afinal tinha de tão especial nesse romance épico. A verdade é que todas as minhas expectativas eram totalmente abaixo da grandeza do longa. Com quase 4 horas de duração, "...E o vento levou" é arrebatador em todos os sentidos. A tragetória de Scarlet O'Hara, umas das personagens mais complexas e interessante que o cinema já mostrou, com seus amores, desilusões e sua indiscutível força e paixão pela vida, prende nossa atenção do começo ao fim.
Para começar, os créditos iniciais já mostram uma das melhores fotografias de todos os tempos, acompanhando a trilha sonora que todos já ouviram, coloca na tela cores e nuances que mesmo depois de anos de evolução no cinema, ainda impressionam pela grandeza. As silhuetas escuras contra o pôr-do-sol, a câmera que acompanha as terras de Tara, tudo é lindo.
As atuações são outro destaque. Vivien Leigh, com seus olhos claros em contraste com os cabelos escuros, é uma daquelas atrizes que se aplaude de pé. Em toda cena que aparece, é fotografada para parecer uma mulher divina. Durante todo o filme, ela carrega no olhar, nos gestos e na voz as nuances de O'Hara. No começo, aparece sendo uma menina infantil e imatura, mas vemos que não é bem assim. A força de sua paixão por Ashley a move de forma louca. Mesmo quando age de forma fria, não consegue fazer-nos sentir raiva dela. Sem dúvida sua maior cena é antes da 'entrecena', quando faz sua promessa que nunca mais passará fome - e depois a cumpre. Hattie McDaniel é outra em total sintonia com a personagem, um absurdo não poder ter recebido o Oscar por ser negra. Clark Gable também é bom e graças a ele Rhett foi imortalizado. Criar personagens charmosos com traços "bad-boy" é com ele mesmo.
Todo o elenco coadjuvante está ótimo, até os figurantes se saem bem.
Não consegui parar de imaginar o trabalho que a filmagem deve ter sido para a época. Filmes atuais com orçamentos bem maiores não conseguiram chegar aos pés da produção desse clássico. Quam fala que filmes antigos tem apenas defeitos técnicos ficará estupefato ao ver a boa realização desse.
E como esquecer da cena final? A derradeira frase de Scarlet define bem seu caráter e o rumo que aquelas vidas seguirão.
Uma obra-prima clássica, que quanto mais envelhece, melhor fica.
Agora consigo entender o endeusamento que meu vô coloca em "... E o vento levou". Se alguém tinha alguma dúvida que um romance não pode ser épico e eterno, aqui está a prova do contrário.
Não tenho palavras para expressar o que senti ao ver as palavras "The End" na tela, mas de uma coisa tenho certeza: ao terminarmos, sentimos a força que só o cinema tem e consegue passar.
"Nem que eu tenha que roubar, matar ou mentir. Jamais passarei fome de novo."
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