Este é um dos filmes considerados "obra-prima" pela maioria dos críticos de cinema que eu ainda não havia assistido - fiz isso somente ontem. O fato de ser dirigido por Francis Ford Coppola e de ter entre seus protagonistas o atorzaço Marlon Brando - ambos integrantes de um dos meus filmes prediletos, "O Poderoso Chefão" - me causou ainda mais interesse em assistir o filme. Porém toda essa expectativa, definitivamente, não foi correspondida e o filme não "pegou" comigo.
Talvez o fato de eu já ter visto antes o outro clássico sobre a Guerra do Vietnã - o filmaço "Platoon" de Oliver Stone, filmado sete anos depois - tenha me influenciado em estabelecer uma espécie de "comparação" entre os dois filmes. Tomei o cuidado de ler as críticas dos editores do site e dos outros leitores antes de expressar essa minha opinião, e convicto com minhas idéias e gostos sobre cinema, chego à inevitável conclusão que "Platoon" é extremamente superior e alcança muito mais facilmente seus objetivos junto ao espectador.
Começando pelos problemas que vi no filme: o protagonista Martin Sheen (Cap. Willard) esteve fraco o tempo todo. A cara que ele faz é sempre a mesma, e sinceramente não acho que isso faz parte da composição do personagem (curiosamente, seu filho Charlie Sheen desempenhou papel muito superior em "Platoon"). Outra coisa que me incomodou muito foi que a expectativa gerada durante 80% do filme pela aparição de Brando não corresponde ao que se segue. Achei o desenlace final repentino e pouco explicativo.
Porém, o ritmo lento em que a estória é contada é o maior problema do filme. O diretor Coppola gosta desse ritmo mais cadenciado, e usou isso de maneira magistral na trilogia "Poderoso Chefão" porque precisava desse recurso para explicitar em seus pormenores as características dos Corleone, além do que naqueles filmes ele dispunha de vários elementos que o "ajudavam" nessa tarefa, pela própria natureza pessoal de cada um dos membros da família. Porém aqui em "Apocalypse Now" o ritmo é sempre lentérrimo, enfadonho, arrastado, chato mesmo. Em nenhum momento me empolguei com o filme e me deixei levar pelo seu ritmo - pelo contrário, consegui ver o filme até o fim só mesmo pela "obrigação" de conhecer a obra toda mesmo.
Há contudo elementos técnicos muito bons, sem dúvida. A fotografia vencedora do Oscar é realmente muito adequada ao filme, especialmente se considerarmos as várias tomadas aéreas que acrescentam qualidade às cenas de ação, como no ataque dos helicópteros comandado pelo oficial interpretado por Robert Duvall. Aliás, essa sequência de ataque é o ponto alto do filme, juntamente com algumas cenas em que acompanhamos os militares americanos capitaneados por Willard dentro do barco subindo o rio rumo ao encontro com Kurtz e enfrentando ataques de flechas e abordagens com barcos de nativos, por exemplo. Mas é muito pouco para um filme tão falado e tão famoso.
Vou manter esse filme na minha coleção, pela sua importância histórica em termos de cinema. Mas já vi diversos outros filmes sobre a Guerra do Vietnã, como o já citado "Platoon" e até mesmo outros como "Nascido em 4 de Julho" e "O franco atirador", e na minha opinião todos eles transmitem à nossa mente uma compreensão muito maior do horror psicológico e da falta de lógica em tudo aquilo que acontecia em plena selva, não só durante a guerra (caso de "Platoon") como principalmente após a guerra (caso dos outros dois filmes). "Apocalypse Now" nesse aspecto me soa excessivamente presunçoso e intelectual demais, querendo se estabelecer num padrão de comprreensão que talvez somente os fãs dos filmes de M.Night Shyamalan estejam (o que definitivamente não é o meu caso).
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