Aprendi a gostar de filmes com meu pai. Foi ele quem me incentivou a assistir os faroestes dos anos 60 e 70 e os suspenses magistrais de Hitchcock dos anos 40, 50 e 60. Depois, quando conheci Star Wars na década de 80, aí me apaixonei de vez. Hoje, sou cinéfilo de carteirinha. Mas gosto de tudo um pouco: desde filmes clássicos até os grandes blockbusters. E claro, tenhos os meus filmes prediletos, e aqueles que acho grandes bombas. Uma das coisas mais legais de gostar de cinema, porém, é justamente isso: debater seus gostos com outros cinéfilos, mas sempre RESPEITANDO a opinião e principalmente o GOSTO particular de cada um, porém é importante marcar posição para ser coerente com o seu gosto particular.
Faço toda essa introdução porque tenho visto nos comentários, fóruns e discussões sobre o filme INTERESTELAR um certo embate entre os “fãs do Nolan” e aqueles que “não entendem a genialidade do Nolan”. Quem gosta do diretor não pode chamar de imbecis e rasos aqueles que não são cativados pelo seu jeito de fazer cinema – que é bastante diferente da imensa maioria do que se vê por aí nos filmes atualmente, é preciso reconhecer. Mas isso não faz dele um gênio inconteste. E quem não gosta de Nolan precisa respeitar aqueles que veem no seu cinema uma tentativa de talvez querer explicar o que a nossa vã filosofia não tenha ainda capacidade para entender.
Quando vou assistir um filme, eu quero ser “fisgado” por ele. Quero que o filme me conquiste, me deixe feliz ao final da sessão por ter gasto um tempo bem gasto assistindo ele. Se você vai assistir Debi e Lóide, não pode querer buscar o mesmo retorno do que quando vai assistir Os Vingadores, Closer – Perto Demais, Seven ou Lua de Fel. Cada filme tem um propósito, e precisa ser eficiente naquilo a que se propõe, apenas isso. Debi e Loide quer apenas fazer rir, Vingadores quer divertir e empolgar, Closer, Seven e Lua de Fel querem intrigar você e te fazer pensar, e por aí vai. Há outros inúmeros gêneros de filmes que exploram diversos aspectos de sensações que podemos ter ao ver um bom filme, como filmes de guerra, dramas familiares, filmes de suspense ou terror, aventuras infantis e por aí vai. O importante é contar bem a estória que se deseja contar.
E é justamente aí que Interestelar falha, no meu modo de ver e sentir um filme. Ao final da sessão, não fiquei feliz e muito menos empolgado. Como um todo, o filme não me agradou. Não consegui “embarcar” na viagem que o filme quis me levar. Não adianta, muitas vezes falta empatia, um detalhe como um determinado ator ou atriz mal escolhido, coisas assim. No geral, acho que Christopher Nolan quis contar e mexer com coisas demais para as 3 horas de filme, e com isso acaba criando uma estória atropelada e mal explicada (por mais que quisesse explicar um monte de coisas, não entendi quase nada do que foi passado).
Porém outros aspectos inegavelmente positivos do filme contrabalançaram a coisa para o “bem”: o visual arrebatador das cenas espaciais, a boa interpretação de Matthew McConaughey, a trilha sonora eficiente (apesar de meio exagerada algumas vezes)... bom, sinceramente as coisas boas param por aí, mas até que o filme estava indo razoavelmente bem, até a cena do Buraco Negro, o início do terceiro ato. Não vou contar spoilers do filme, mas daí prá frente, parece que Nolan jogou na minha cara a vasilha da salada mista que estava preparando durante o filme todo com quinhentos ingredientes diferentes, e aí, infelizmente o desastre se estabeleceu e ficou bastante evidente, estragando totalmente minha percepção sobre o filme de maneira geral.
Minha nota para o filme é 6,5 e não é mais baixa porque reconheço o esmero técnico da produção e a boa intenção dos atores em imprimir a dramaticidade necessária ao que o roteiro pedia. Mas como ESTÓRIA, que para mim é componente FUNDAMENTAL de qualquer filme bom que se preze, por mais que tenha efeitos especiais, boas interpretações e uma trilha sonora envolvente, a estória, essa parte de uma premissa ousada e interessante, mas que quis “abraçar” e principalmente explicar coisas demais e, por isso, resultou num filme confuso, chato e nada empolgante. Uma grande viagem, que nos fez ir a lugares extremamente longínquos do Universo, mas que não me levou a lugar nenhum.
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