Seguindo a linha da maioria das "continuações" que se aproveitam de sucessos originais para arrecadar dinheiro, este "Psicose 2" tinha tudo para talvez ser considerado uma "bomba" - especialmente pelos "hitchcock-maníacos" como eu. Porém isso não acontece com esse filme (mas a regra infelizmente voltaria a valer para as duas continuações posteriores, de número 3 e 4).
Mas falando especificamente sobre "Psicose 2", o pouco conhecido (ao menos para mim) diretor Richard Franklin teve dois méritos que colaboram para o filme "passar no teste de aprovação" de quem o assiste: (1) bebe da fonte do clássico original de 1960 de Hitchccock sem procurar tornar sem sentido a estória original e (2) consegue, ao contrário, criar novos elementos de suspense que agregam a todo o clima criado pelo filme anterior novas situações de tensão, sem com isso criar situações repetitivas.
O roteiro é feliz em sua linha de procurar "confundir" o espectador desde o início. Claro, traz novamente o agora ex-psicopata (teoricamente curado após mais de 20 anos de tratamento psiquiátrico) Norman Bates, em personagem que acabou ficando emblemático para o ator Anthony Perkins. Norman retorna à casa e ao motel que administrava nos acontecimentos do filme anterior, e claro, o roteiro providencia para que as lembranças de sua falecida mãe e dos assassinatos que cometeu retornem rapidamente.
Como já dito, Psicose 2 "pega o gancho" dos problemas psiquiátricos de Norman e consegue montar em cima disso um novo clima de suspense e terror, com muitos sustos e algumas cenas realmente arrepiantes, como a volta do buraco na parede e a "mãe" de Norman cometendo novos assassinatos.
Meg Tilly está apenas discreta como filha de Laila Loomis, irmã da jovem cruelmente esfaqueada no chuveiro no filme original, curiosamente interpretada mais uma vez pela mesma atriz - Vera Miles - fazendo o mesmo papel, numa boa sacada dos produtores. O objetivo das duas é literalmente "infernizar" a vida de Norman para fazer com que ele volte a matar ou, no mínimo, volte a apresentar sinais de insanidade - e aparentemente vão conseguindo isso com o decorrer do filme, sendo que as diversas nuances da estória são muito bem encaixadas no enredo, o que apenas colabora para instaurar o clima de dúvida sobre Norman ser ou não o responsável por todas as mortes.
"Psicose 2" embarcou, claro, num certo modismo por sequências de filmes de terror que tomou conta dos lançamentos no cinema durante a década de 1980. Obviamente nem chega perto da perfeição obtida por Hitchcock em sua jóia de 1960, mas tem seus méritos próprios e se não é brilhante em sua execução, pelo menos não constrange a obra original como 95% das sequências meramente "caça-niqueis" fazem.
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