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Críticas

Cineplayers

Um filme curto e correto, mas sem qualquer uma das qualidades que fazem a série tão genial. Serve como curiosidade para os fãs.

6,0

Sou fã de 24 Horas. Fã mesmo. Tenho todas as temporadas da série e, sempre que começo a assistir uma delas, não consigo parar até que Jack Bauer salve mais uma vez os Estados Unidos de uma calamidade. Junto a Lost, considero 24 Horas a melhor série da atualidade. São enredos muito bem bolados, reviravoltas incríveis, personagens complexos e desenvolvidos com cuidado e, acima de tudo, coragem para fazer aquilo que o espectador menos espera. Claro que algumas situações são exageradas e inverossímeis, mas, em geral, 24 Horas é um programa magnífico.

Por isso, foi com certa expectativa que sentei para assistir este 24 Horas: Redenção. O filme, que chegou às locadoras brasileiras em janeiro, foi produzido para a televisão americana, com o objetivo de servir de ponte entre a sexta e a sétima temporada, que acaba de estrear em território ianque. Na produção, Jack Bauer encontra-se trabalhando em uma escola para crianças no fictício país africano de Sangala, após viajar por diversas partes do mundo tentando fugir de seu passado. Mas a Embaixada Americana o encontra e envia uma intimação para que Jack retorne aos EUA com o objetivo de responder sobre seus atos. O problema é que Sangala sofre um golpe de estado e cabe a Jack proteger as crianças da escola onde trabalha.

É inevitável comparar 24 Horas: Redenção com a série. Assim como ela, o filme também é realizado em tempo real, com a história ocorrendo nas mesmas duas horas de duração da produção, o que sempre traz uma interessante força dramática. Além disso, o diretor Jon Cassar, um dos produtores e responsável pela direção de boa parte dos episódios de 24 Horas, continua empregando alguns dos recursos utilizados na série, como a divisão da tela para mostrar acontecimentos simultâneos, muitas vezes em lugares diferentes do mundo, e os bastidores da Casa Branca, aqui ocorridos no momento da posse da primeira presidenta americana.

Enquanto isso, Jack Bauer continua sempre um personagem fascinante de acompanhar. Profundamente afetado pela culpa de todas as suas ações do passado (já perdeu a mulher, os melhores amigos, viu a filha rejeitá-lo, passou dois anos em uma prisão da China e muito mais), Jack tenta fugir de seus demônios em locais longe de tudo o que passou e onde possa ser de alguma ajuda para alguém. E Kiefer Sutherland, com toda sua vivência do personagem, equilibra com facilidade as facetas de Jack, desde o amigo compreensivo, passando pelo homem amargurado e chegando até ao assassino eficiente e letal quando necessário.

O grande problema é que 24 Horas: A Redenção nada acrescenta ao que já sabemos sobre Jack Bauer. Se o personagem está em conflito, é somente graças ao que aconteceu anteriormente, e o filme não se desenvolve além disso. Jack começa a produção questionando sua vida, mas logo em seguida a ação tem início e o assunto não é mais abordado. Da mesma forma, a produção conta uma história totalmente dispensável: a guerra civil de Sangala e a posse da presidente Taylor poderiam facilmente ser cobertos com duas linhas de diálogos no primeiro episódio da sétima temporada.

Dessa maneira, 24 Horas:Redenção acaba se posicionando como um filme totalmente sem razão de existir, uma vez que pouco traz de relevante. A curta duração (pouco mais de oitenta minutos) prejudica a criação de um enredo mais elaborado e a complexidade dos personagens, duas pontos que sempre estiveram entre os mais fortes da série. Assim, o trabalho de Jon Cassar não gera a emoção e as surpresas às quais o público está acostumado a acompanhar nas aventuras de Jack Bauer.

24 Horas: Redenção não é, em absoluto, um filme ruim. É uma produção enxuta e com roteiro certinho, que permite inclusive algumas críticas interessantes, a mais clara delas ao posicionamento da ONU em relação aos conflitos internacionais. Além disso, sempre é bom ver Jack Bauer em ação. Mas a história rápida e os personagens rasos jamais chegam a se conectar com o espectador, transformando as cenas que deveriam despertar comoção em momentos estéreis. Vale somente pela curiosidade ou para os fãs que, assim como eu, ainda não começaram a assistir a sétima temporada.

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