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Críticas

Cineplayers

Recorte da vida em um triângulo amoroso.

6,5

Nando Olival trouxe ao Festival de Paulínia de 2011 um triângulo amoroso entre jovens. O filme estreou nos cinemas há algum tempo e há pouco chegou nas locadoras. Certamente não é um dos melhores filmes nacionais que surgiram nos últimos anos, no entanto, é um dos mais interessantes e originais.

Uma festa, bebedeiras, um inusitado encontro entre um trio e na manhã seguinte, nos dias seguintes, nos meses seguintes, não mais se desgrudaram. Parece comum, e de fato é, porém o desenrolar das situações é dos mais engenhosos.

Camila (Juliana Schalch), Rafael (Victor Mendes) e Cazé (Gabriel Godoy) se cruzaram na porta de um banheiro durante uma festa de república. Uma rápida conversa e uma imediata afinidade. A noite é do triângulo que se diverte pelas ruas de São Paulo. Os diálogos propostos pelo roteiro do diretor, escrito em parceria com Thiago Dottori, são afinados, joviais e engraçados. O tempo os juntou tornando-os próximos. Há poucas intrigas, discussões comuns originadas pela tolerância da convivência, mas há ternura nessa trinca, o que, em suma, fortalece progressivamente a relação.

Dispensando grandes aspectos técnicos, como alguns longas nacionais andam investindo, como o recente e ótimo 2 Coelhos (2011), este filme se concentra na interação, no bom texto e na encenação – essa ultima importantíssima na narração. O trio está na faculdade e elaboram juntos um projeto publicitário: este refere-se a um site filmando uma casa com as pessoas utilizando os mais variados produtos, que podem ser adquiridos pelos espectadores que acompanham a intimidade alheia ao vivo pela internet.

Um sucesso entre os alunos e um potencial investimento para empresas que cogitam comprar novas ideias. Aí chega a proposta: usar o projeto com o trio que o desenvolveu, pagando-os para continuarem vivendo juntos e vistos pelo Brasil inteiro vendendo marcas. A resistência evidentemente existe e é debatida. A oferta financeira motiva, levando-os a vender sua intimidade e, conseqüentemente, suas vidas. Visto com ressalvas, logo se acostumam a serem vigiados. É um reality show cujo interesse não são seus participantes.

A proposta remete a uma idéia bastante discutida no cinema. O que é real? Até onde o mimetismo influi? Qual a veracidade daquele trato em frente às câmeras? Questões que permeiam a narrativa explorando o valor do ser humano enquanto produto, perdendo seu caráter e privacidade. Tudo vai ainda mais longe quando esta condição interfere na dinâmica da casa e conseqüentemente cria intrigas entre os três, rendendo uma confusão de significados.

Levantando hipóteses das preferências sexuais de seus personagens, lançando em alguns atos seus interesses através de discursos da história de vida, o filme se segura na seriedade do tema, sem banalizações ou contestações de suas escolhas. Olival é inteligente ao conduzir os personagens e explorar a perspectiva de realidade do projeto, diante das boas atuações que se conflitam com a atuação dentro da atuação. O carisma do trio ajuda, mas quem se destaca em cena é Juliana Schalch. O triângulo amoroso retratado é dinâmico, tem função para a publicidade, tem intenções de chocar, impressionar públicos e ganhar com o espetáculo. O estudo sobre, por sua vez, não vai tão longe, como um Os Sonhadores (The Dreamers, 2003) ou até Vicky Cristina Barcelona (idem, 2008), mas é bom ver os rumos criativos e variados de nosso cinema.

Comentários (6)

Josie Raya | domingo, 20 de Maio de 2012 - 15:07

Eu achei de um vazio imenso.

Amanda Oliveira | segunda-feira, 21 de Maio de 2012 - 08:43

Achei o filme bem criativo! simples e cativante! Adorei a crítica Marcelo!

Victor Ramos | sábado, 16 de Junho de 2012 - 20:45

Parece ser um filme legal.

E achei a lupa da Josiane tão preconceituosa e generalizadora... Aff... É cada uma... 🙄

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