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Críticas

Cineplayers

O terceiro capítulo é filmado de forma mais séria, mas traz piadas quase tão boas quanto o primeiro filme.

6,5

American Pie: A Primeira Vez é Inesquecível, sem sombra de dúvidas, foi um grande sucesso comercial quando lançado, em 1999. A harmonia entre os personagens, o balanceamento da agradável e engraçada saga de Jim e seus amigos havia dado certo e, conseqüentemente, tudo indicava a uma possível continuação. Dois anos depois, então, ela chegou. American Pie 2: A Segunda Vez é Ainda Melhor, apesar de um outro sucesso comercial, nas telas o que presenciamos foi um filme centrado na ascensão de outro personagem (Stifler), deixando um pouco de lado o principal foco do primeiro filme (Jim) e, claro, seu maior defeito: desequilibrar a balança do elenco. As participações femininas foram ridiculamente pequenas. Se duvidar, até coadjuvantes. Quem fez o papel do "Sherminador" no segundo filme teve mais tempo em cena que Mena Survari (Heather) e Tara Reid (Vicky).

Mais dois anos se passaram desde a estréia do segundo filme e, cá entre nós, em 2003 estamos comentando o terceiro filme. Dessa vez o filme é dirigido pelo praticamente estreante Jessé Dylan e conta com Adam Hertz assinando seu script. Entretanto, Paul & Chris Weitz, que filmaram e escreveram o primeiro filme, deram uma bela contribuição na ajuda desse terceiro. E logo de cara percebemos alguns aspectos "corrigidos" em relação ao segundo filme. Digo corrigidos entre aspas porque esses "aspectos" foram literalmente eliminados. Explico. No segundo filme, como comentado acima, uma das coisas mais deslocadas e insignificantes na película fora a participação feminina. Então, se esse fora o problema, os roteiristas decidiram por eliminá-lo de vez: praticamente "exterminaram" os papéis femininos do filme, ficando apenas Alysson Hanningan (Michelle Flaherty) que, como disse em minha análise do primeiro 'American Pie', viria a ter uma participação bem mais importante nas continuações da franquia. Todas as outras participações femininas, como Mena Survari (Heather), Tara Reid (Vicky), Shannon Elizabeth (Nadia) e Natasha Lyonne (Jéssica) ficaram de fora dessa terceira versão.

Como o próprio título nacional do filme já sugere (American Pie 3 - O Casamento), o terceiro filme é a respeito do casamento entre Michelle e Jim e todos os problemas que o cercam, como a tentativa de manter Steve Stifler longe da cerimônia, a tentativa de aproximação de Jim com os pais de Michelle e muito, muito mais. Por isso, a primeira vista, digo que a eliminação de todos esses outros personagens já citados fez bem a trama. Quando se monta um roteiro disforme para um grupo muito grande de atores, acabamos tendo um filme inconstante, entretanto, esse defeito pode ser perfeitamente corrigido eliminando personagens sem tanta expressividade na película e concentrando-se em outros com grande potencial.

E foi exatamente isso que Jessé Dylan fez em 'American Pie 3 - O Casamento'. Personagens como o de Stifler, que já havia se destacado imensamente no segundo filme da série, agora vira um dos personagens principais do filme e, porque não, justiça seja feita, um dos mais engraçados também. Comparo a atuação de Sean William Scott com a de Hugo Weaving em Matrix, mas claro, em uma escala muito menor. Assim como o personagem Smith, Stifler foi crescendo com o passar da trilogia, chegando ao seu final como um dos símbolos pelo qual a série será lembrada. Quase todas as cenas mais engraçadas do terceiro filme, excetuando-se a da abertura, o envolvem. Como disse, concentrar-se em uma pessoa apenas com potencial gera melhores resultados, ao invés de contratar um elenco com "grandes nomes" para papéis nem tão expressivos.

O único personagem que ficou um pouco deslocado desse terceiro filme, e que poderia também estar nessa lista dos "eliminados" pela direção, seria Kevin (Thomas Ian Nicholas), que sem sua Vicky praticamente perde toda importância para a trama. A exceção da exclusão dos personagens femininos do filme fica por conta de Cadence Flaherty (January Jones), irmã de Michelle, que desperta a paixão de Finch e Stifler, iniciando uma disputa nada romântica, mas muito engraçada de se assistir. Claro que não poderia faltar também ela, que é ícone da série e paixão declarada de Finch, a mãe do Stifler (Jennifer Coolidge, de Legalmente Loira 2), que faz sua aparição no final da película.

A trilha sonora continua muito boa, como é de costume dessa série. Dessa vez, a produção resolveu diversificar um pouquinho mais, com artistas como Avril Lavigne, Good Charlotte, Sum 41 e Van Morrison, que compõem a animada trilha do longa. Vale sua atenção também para as bonitas locações em que foram rodadas as tomadas do casamento.

Concluindo, poderia dizer que American Pie 3 - O Casamento não é um filme tão bom quanto o original 'American Pie - A Primeira Vez é Inesquecível' (chega perto), mas ainda assim é bem melhor que o segundo filme da série. Traz significativas e eficientes mudanças que só ajudaram ainda mais na caracterização de personagens, que já eram bem engraçados nos dois filmes antigos da série. Um 'American Pie 4'? Quem sabe daqui mais uns dois ou três anos. Sinceramente, torço para que isso aconteça.

Comentários (1)

João Vitor G. Barbosa | sábado, 13 de Abril de 2013 - 21:21

É, Tony. Não foi mais uns dois ou três anos, mas foi, né? 😋

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