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Críticas

Cineplayers

Deveria ser exibido em escolas.

8,0

Filmes sobre jovens problemáticos costumam cair em certos clichês: O protagonista normalmente é uma vítima das circunstâncias, vem de uma família fragmentada, com pais ausentes ou abusivos, são levados ao submundo por amizades suspeitas e quase sempre se arrependem do que fizeram buscando desfazer os erros do passado. Aos Treze apesar de se ancaixar em alguns desses clichês, consegue fugir de outros e ainda possui boas atuações e direção pra completar.

Tracy (Evan Rachel Wood) é uma adolescente atravessando uma fase delicada, ela anseia por amadurecer. Apesar de esforçada na escola (sim, ela não é vagabunda, ela é estudiosa) isso não a satisfaz, e ela acaba vendo na colega de escola Evie um espelho daquilo que ela quer ser. Logo ambas se tornam amigas e Evie (Nikki Reed, também co-autora do roteiro baseado em experiências próprias) a apresenta ao mundo de sexo, drogas e pequenos furtos. Emoções comuns que muitos adolescentes vivenciam. O conflito começa quando Evie revela seu péssimo caráter e Tracy começa o seu espiral descendente.

Como podemos ver, ao contrário de outros filmes do gênero, Tracy não é uma vítima, ela procura por tudo aquilo. E sua mãe, numa interpretação excepcional de Holly Hunter (indicada ao Oscar por este filme), é muito amorosa e apesar de pobre não deixa faltar nada aos filhos. Mesmo sendo separada e namorando um homem que é um ex-viciado, ela foge do clichê do pai-problema, até porque o irmão de Tracy é completamente normal. Há um diálogo ótimo entre os dois:

Após uma discussão onde ele ameaça contar à mãe o que Tracy andava fazendo, ela diz: "Eu vou contar à mamãe que você fuma maconha!" E Ele responde: "Ela sabe."

Muita gente diz que o filme é gratuito em cenas chocantes, mas eu não achei nem chocante e muito menos gratuito. Não há nada apelativo ou desnecessário como a cena do vômito de Christiane F. ou a festa com estupro de Kids, dois filmes muito mais sensacionalistas e rasteiros que Aos Treze, aqui nenhuma atitude é injustificável. A cena em que Tracy perde a virgindade é de uma delicadeza que não caberia em um filme como os citados anteriormente. A sequência final é emocionalmente impactante e um grande momento de Holly Hunter e Evan Rachel.

Alternando momentos de beleza e aridez, Aos Treze é um filme onde não há mocinhos e bandidos, não são apresentadas respostas fáceis. O filme é um convite ao diálogo entre pais e filhos e deveria ser assistido por ambos.

Comentários (3)

Tchau | sexta-feira, 16 de Dezembro de 2011 - 14:30

Adorei sua crítica! :)

Camila Gomes | terça-feira, 11 de Setembro de 2012 - 14:05

Deveria ser exibido em escolas. (Sem mais! )

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