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Críticas

Cineplayers

O filme é fraquinho, mas se encarar com descompromisso, dá pra passar.

5,5

Luc Besson deve ser uma das pessoas mais atarefadas do show business. É inacreditável a quantidade de material que esse francês escreve, dirige e produz. A grande maioria trabalhos ruins, mas de vez em quando ele acerta. ‘Bandidas’, escrito por ele e por Robert Mark Kamen, seu companheiro de longa data – desde ‘O Quinto Elemento’ eles trabalham freqüentemente juntos, não chega a ser um bom filme, mas funciona como diversão escapista.

A mexicana Salma Hayek é Sara Sandoval, moça rica e mimada que retorna ao seu México natal depois de muitos anos de estudo na Europa. Já a espanhola Penélope Cruz é Maria Alvarez, moça pobre e ignorante, porém ingênua. As duas, de personalidades tão opostas, a princípio não se bicam, mas quando os pais delas sofrem atentados cometidos pelo ganancioso Tyler Jackson (Dwight Yoakam, péssimo), se unem e viram assaltantes de bancos.

Jackson é um banqueiro incumbido de construir uma ferrovia cortando o México, que é onde a história se passa. Seu plano consiste em comprar todas as terras por onde esta empreitada deveria passar; como essas terras são de proprietários inadimplentes, ele as toma por valores irrisórios ou mesmo assassina os proprietários que ousam se opor a ele. Mas isso não é lá muito relevante para a história, e sim que as duas latinas são prejudicadas por ele, ficam na miséria e resolver assaltar ao banco do lugarejo onde vivem. A diferença é que Sara quer o dinheiro para voltar à Europa, enquanto Maria quer ajudar aos pobres. Mas logo Sara muda de idéia e as duas, unidas, passam a ter um só objetivo: vingança.

É o veículo perfeito para duas atrizes que ainda não conseguiram encontrar o rumo de suas carreiras. Hayek, depois do (até inesperado) êxito de ‘Frida’, só engrenou produções que passaram despercebidas, e Cruz, que tenta seguir uma carreira tanto hollywoodiana quanto européia, não engrena nem em um nem em outro. Mas elas estão bem à vontade nos papéis, em especial Hayek, que parece se divertir muito. Já Cruz, que geralmente é intragável (não consigo suportar o sotaque da moça), pela primeira vez está agradável em cena. As duas têm boa química, principalmente quando Steve Zahn também está em cena, como o atrapalhado inspetor de polícia que deveria caçá-las, mas acaba auxiliando as moças em seus planos, que incluem disfarces e, incrivelmente, patins de gelo. Pena mesmo que Sam Shepard apareça tão pouco, como o instrutor das donzelas que querem se aperfeiçoar na nova ‘profissão’.

O roteiro, esquemático e previsível, é mais uma variação do tema das duplas de opostos que aos poucos vai se aproximando até que viram inseparáveis. Chega até a ser maniqueísta, mas incrivelmente funciona, graças aos diálogos ágeis e situações constrangedoramente deliciosas (como quando Hayek ensina a Cruz a beijar na boca). Infelizmente, parece que muita coisa foi deixada no chão da sala de edição para deixar o filme mais ágil, o que deixa certas coisas sem sentido. A montagem, aliás, deixa a desejar: há uma introdução com o personagem de Zahn e ele só retorna depois da metade da duração.

A direção, compartilhada entre os novatos Joachim Roenning e Espen Sandberg, é insegura nas cenas de ação, e eles não deixam de usar o velho recurso da câmera trepidante para dar sensação de desconforto, mas no geral se saem bem, principalmente porque suas protagonistas estão confortáveis. Eles também utilizam discretamente o uso de cabos em acrobacias e cenas com o já cansado bullet time, que ganha uma nova perspectiva de uso até interessante. Enfim, um filme descompromissado e facilmente esquecível, ideal para uma sessão vespertina.

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