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Batman - O Cavaleiro das Trevas

(Dark Knight, The, 2008)
8,4
Média
2143 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Um blockbuster que pode ser visto com o coração.

8,0

Com a estréia do filme mais aguardado do ano, finalmente o suplício da espera terminou. Lançado com grandes expectativas por parte da trinca: produtores, público e crítica, o filme promete ser o “arrasa quarteirões” de maior sucesso da temporada. Vale destacar que não apenas o competente filme anterior que deixou os fãs com gosto de quero mais é responsável por toda essa ansiedade em torno da estréia, mas especialmente a morte de Heath Ledger no início desse ano. Se sua atuação como o Coringa já era esperada antes de seu falecimento, após o incidente ela tem a chance de se tornar antológica. E não falta torcida por um possível Oscar póstumo em 2009.

O Homem Morcego retorna tão humano quanto fora apresentado no filme anterior, Batman Begins, responsável pela repaginação do personagem através de uma viagem por suas origens. Em o Cavaleiro das Trevas, a dupla formada pelo diretor Christopher Nolan e o intérprete de Bruce/Batman, Christian Bale, elogiada no último filme está de volta. Além deles, retornam também Gary Oldman como Jim Gordon, Morgan Freeman como Lucius e claro, Michael Caine no papel de Alfred, o mordomo paternal e protetor de Bruce. Com o competente roteiro que gira em torno da queda de confiança do povo de Gotham em relação à Batman, mesmo Bruce Wayne passa a crer que o que a cidade realmente precisa é de um homem corajoso como Harvey Dent, o promotor de rosto à mostra, que além de ensaiar um romance com Rachel, ainda consegue tempo para mandar grande parte dos criminosos da cidade para o xadrez.

Sobre as atuações, o destaque (como não poderia deixar de ser) é a emocionante atuação de Heath Ledger como o Coringa, através de sua interpretação, o finado ator consegue construir um personagem que é ao mesmo tempo maléfico, intrigante, divertido, e durante uma explicação em torno de sua cicatriz ainda é capaz de inspirar a misericórdia do público. No entanto, o Coringa não é o único personagem que merece destaque. Tanto Aaron Eckhart como o bom homem que se tornará o vilão Duas Caras, quanto Maggie Gyllenhaal como Rachel Dawes, a eterna paixão do protagonista e o próprio Bruce/Batman de Bale, cumprem seus papéis com maestria, sem querer deixar de lado outros personagem como o Jim Gordon de Gary Oldman e o mordomo Alfred de Caine. 

Diferentemente dos anteriores da franquia, exceto por “Begins”, o Cavaleiro das Trevas é aparentemente menos sombrio que seus antecessores, já que a ação muitas vezes acontece à luz do dia e cada reflexão proposta pelos personagens como “Ou você morre herói ou vive o bastante para se tornar vilão” e “Os homens são tão bons quanto o mundo permite” elevam o filme à um nível tão realista que frases como estas parecem cortar rente à carne. E através da corrupção do personagem Harvey Dent, apelidado pelo povo de Gotham como O Cavaleiro Branco da cidade, é que imaginamos o conflito moral e a revolta de um homem que perdeu tudo, do amor à sua bem delineada aparência humana, e por pouco também sua honra e dignidade. 

A trilha sonora composta por Hans Zimmer e Jonathan Newton Howard (os mesmos de Batman Begins) contribui com a ação física e emocional do filme, elevando o tom apoteótico e pessimista de um povo assustado, vivendo numa cidade governada pela anarquia imposta pelo vilão maquiado.

O novo Batman é um blockbuster com coração e personalidade, coisa extremamente rara desde a invenção do gênero nos anos 70 com o primeiro filme da famosa franquia de George Lucas, Star Wars. Na película são discutidos temas essencialmente humanos como honra, lealdade, amizade, bondade e justiça. Se o conselho direcionado ao público desses filmes costuma ser um imperativo do tipo “deixe o cérebro em casa e vá ao cinema”, então para o Cavaleiro das Trevas meu conselho ao público é que levem o cérebro e o coração, ainda que possam ter o miocárdio maltratado pela perda de um jovem carismático e talentoso ator, cuja interpretação de um famoso vilão poderá entrar para história. E apesar de morto, ele passa a integrar uma seleta gama de Olimpianos do Cinema, que viverão para sempre em nossa memória coletiva.

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