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Críticas

Cineplayers

Vem da Noruega o primeiro filme gabaritado do Festival do Rio.

10,0

Surge o primeiro filme candidato ao topo do Festival do Rio 2014, e ele vem da Noruega. Embebido de imaginação, criatividade cênica e grande explosão de inteligência narrativa, o diretor Eskil Vogt concebe uma produção pequena e barata, mas cheia da maior sensibilidade e da maior pureza. Com um quarteto de atores noruegueses impressionante em sua naturalidade, os descaminhos de quatro seres humanos interligados por sentimentos e solidões inspira e emociona qualquer um, do intrigante início ao acolhedor fim. São truques visuais criativos, que embaralham roteiro e memória, sem dar chance do espectador ter facilmente uma resposta; ela precisa ser procurada, construída, quase imaginada... mas será que isso é isso mesmo?

Na tela uma jovem mulher acabou de ficar cega. Esposa de um conceituado engenheiro em ascensão, ela se mantém cada vez mais reclusa, mais solitária, mais introspectiva. Seu marido receia do seu afastamento, ama essa mulher e precisa dela. Ao mesmo tempo e paralelo a isso, a cidade mostra como um outro homem lida com sua própria reclusão, sua própria solidão. Pornografia, internet, música, e o estranho hábito do voyeurismo, tudo misturado que não consegue dar vazão ao vazio. Como ele, uma jovem mãe separada cuida de seu filho e tenta reerguer uma existência igualmente vazia e falida. Essas duas tramas nada tem a ver com a situação onde vivem o engenheiro e sua esposa cega. Será que não?

Aos poucos tudo vai fazendo sentido e encontrando linearidade nesse que é um dos roteiros mais bem escritos da temporada. Ingrid, Morten, Einar e Elin são quatro personagens ricos e funcionais, que fazem girar um caleidoscópio visual arrebatador, mas que não permitem qualquer maior entrega de suas tramas, sob o risco de detonar o interesse em cima de uma história sempre envolvente, curiosa e cada vez mais bizarra. Tudo graças ao baita talento de Vogt em transpor para o cenário visual situações completamente sui generis e intrincadas, que aos poucos denota um mosaico de relações humanas complexas e delicadas, com suas idiossincrasias modernas.

Estreando como diretor em Blind, Vogt já tinha deixado claro que entende tudo do riscado com o brilhante roteiro de Oslo 31 de Agosto. Aqui ele demonstra ser exímio contador de historias nas duas vertentes, conferindo carinhos insuspeitos para com seus personagens nessa joia que precisa ser descoberta e maturada por todos.

Visto durante o Festival do Rio 2014


Comentários (2)

Seu Madruga | sábado, 27 de Setembro de 2014 - 19:43

Superestimado é pouco...

Gustavo Hackaq | sábado, 27 de Setembro de 2014 - 20:13

Tá todo mundo falando super bem, verei em breve.

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