Agrada mais os ouvidos do que os olhos, e a mensagem social não é particularmente boa.
O filme documentário musical Brasileirinho mostra um pouco mais sobre um tipo de música brasileira: o choro. Para tanto, o diretor Mika Kaurismäki relembra como foi o início desse estilo musical no país, suas origens e os primeiros a aderirem a esse novo estilo. Depois, o diretor traça uma retrato dos rumos que o popular chorinho tomou, fazendo um registro atual e mostrando quem são os novos adeptos desse gênero musical. Como forma de retratar o chorinho, o filme passa por shows, rodas de choro e músicos que tocam em cartões postais do Rio de Janeiro. Tudo feito com muita vitalidade e improviso.
Escrever sobre esse tipo de filme é uma tarefa difícil, ainda mais para mim, que não sou um profundo conhecedor de músicas. Gosto muito de diversos estilos, inclusive esse, mas não conheço a fundo. E era isso que eu esperava com Brasileirinho. Conhecer melhor esse estilo musical, o primeiro genuinamente brasileiro. Mas o filme não consegue dar uma aula sobre o assunto, e o espectador sai da sala de cinema sabendo, apenas, algumas informações a mais sobre esse tipo de música. O filme se salva mesmo devido à qualidade dos artistas e às músicas executadas por eles no decorrer do documentário.
Por isso, Brasileirinho é mais recomendado àqueles que são do ramo, já que pouco conhecimento é agregado no decorrer do longa. Talvez, valha mais a pena escutar um bom CD de choro e ler a respeito na Internet, do que pagar para ver um filme que, no final das contas, não agradará, de maneria geral, um espectador comum.
O cineasta Maki Kaurismäki, em seu documentário anterior, Moro no Brasil, mostrou como a música exerce um papel importante em um país no qual muitos encontram alegria em poucas coisas, sendo a música uma delas. Nesse documentário, a proposta foi diferente. A intenção era mostrar o que o povo faz em seu cotidiano, como as pessoas se portam perante os outros, e como elas expressam seus sentimentos por meio da música. A música já é uma bela forma de expressão de sentimentos, e isso não é diferente com o choro. Mas Brasileirinho não consegue atingir seu objetivo na proposta social. Tudo que é mostrado, nesse sentido, não é exclusividade do choro, qualquer tipo de música pode exercer um papel de transformação social e influenciar a vida de algumas pessoas. O choro pode ser mais popular, mas assim também é o samba e alguns outros estilos.
Enfim, o documentário acaba passando emoção em suas canções pela arte de fazer música, e pela presença de pessoas que sabem como fazê-la. Porém, ao abordar o chorinho, proposta do longa, não se pode afirmar que o filme cumpriu seu papel. Informações passadas de modo desinteressante fazem deste documentário uma obra mais apropriada para os ouvidos do que para os olhos.
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