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Críticas

Cineplayers

Apelando para personagens moralmente ruins e sexualidade desnecessária, O Caminho para El Dorado deve ser evitado pelos pequenos.

3,0

Quando ainda engatinhava no campo da animação, no “longínquo” ano de 2000, a Dreamworks ainda tinha o que provar no ramo. Àquela época os desenhos em 2D estavam começando a perder a força, e uma mistura de animação convencional com detalhes em 3D criados no computador já estavam tornando-se comuns. O Caminho para El Dorado é isso: uma preocupação constante em mostrar técnica sobre história, que convenhamos, é muito ruim. Mas o filme era bem colorido e vívido, e a empresa de Spielberg já começava a mostrar sinais que havia chegado para incomodar a concorrência.

A verdade é que o filme nem bem fez sete anos de vida e já está totalmente batido, provando que o que importa e sempre vai importar é uma boa história. El Dorado não tem uma, e depende totalmente de sua técnica – hoje feia – para impressionar. Como não consegue mais fazer isso, o que sobra? A bem da verdade, apenas alguns poucos momentos genuinamente engraçados. A história de dois amigos pilantras (veja o nível da moral) que fogem para o Novo Mundo atrás de um tesouro é absurdamente previsível e, principalmente, enfadonha.

Agora, essas características não são realmente novas. A Disney já vinha (e continua fazendo isso) produzindo filmes com histórias fracas há anos (praticamente nada da década de 1980 para cá presta), então não é um pecado mortal o que fez a Dreamworks. O que mais irrita em O Caminho para El Dorado é a sua conotação altamente sexual. Uma animação feita visivelmente para crianças e pré-adolescentes não deveria ter o direito de expor o sexo de forma tão natural. A personagem Chel é trapaceira, engana seus “amigos” com o uso da sensualidade e é extremamente arrogante. Não poderia jamais ser um exemplo para as meninas espectadoras (é a única personagem feminina relevante no filme). E isso, é uma vergonha!

Miguel e Túlio também não são exemplos moralmente notáveis. Cheios de qualidades ruins, e apesar de no final haver uma espécie de redenção (forçada ao extremo, entenda-se), são personagens fracos e que também não deveriam servir como base para exemplos para as crianças. Se ao menos o filme fosse divertido, isso poderia ser parcialmente perdoado, mas a história é fraquinha e depende totalmente dessas apelações banais para andar para frente. Há umas canções bonitinhas (Elton John está no repertório) em determinados momentos, mas mais uma vez não é o suficiente para salvar o filme, apenas, no máximo, torná-lo mais suportável.

A tal combinação de animação 2D com cenários e objetos em 3D, algo totalmente batido nos dias atuais, ficou extraordinariamente esquisita, distraindo mais do que encantando. Os objetos de ouro em 3D, por exemplo, que deveriam fascinar os olhos, destacam-se de forma errada do restante do cenário, em 2D. Na tentativa de criar algo belo, o tiro saiu pela culatra. A Disney aplicava muito essa técnica nos filmes dela recentemente, até que ela parou de produzir animações em 2D. O estúdio Ghibli também fez o mesmo com O Castelo Animado, porém com resultados visivelmente mais cuidadosos e bem acabados, ou seja, não basta utilizar a técnica, tem que saber fazer isso.

Vazio de conteúdo e lições de moral pertinentes (bem pelo contrário, o filme não deveria ser visto por pequenos pela sua moral negativa), O Caminho para El Dorado foi um dos primeiros passos no mundo da animação para a Dreamworks, e um dos piores até hoje. Um ano mais tarde, a empresa acertaria com Shrek, mas isso é outra história...

Comentários (4)

Adriano Augusto dos Santos | quarta-feira, 25 de Julho de 2012 - 10:03

O texto mais injusto que li.De um politicamente correto radical e prejudicial.

Carol L. | quinta-feira, 09 de Janeiro de 2014 - 22:21

Também achei a crítica muito conservadora. Sempre achei esse filme divertido, de visual bonito e com excelentes músicas do elton john. Os personagens tem características reais, não são as princesas e principes perfeitos e ingênuos da Disney. A lição de moral está no final, com a redenção. E quanto à parte de que o filme \"não deveria ter o direito de expor o sexo de forma tão natural\", que conservadorismo é esse? Sexo faz parte da vida e é mais do que natural. Por mais que a personagem fosse uma oportunista ela também muda no final. Os defeitos e imperfeições é que conferem mais humanidade aos personagens.

João Lucas Blum Kunzel | sábado, 07 de Maio de 2016 - 15:12

Parece crítica de site cristão conservador
News flash: Filmes de animação não são só para crianças

César Barzine | quinta-feira, 02 de Março de 2017 - 15:15

Também achei a crítica muito
conservadora. Sempre achei esse
filme divertido, de visual bonito e
com excelentes músicas do elton
john. Os personagens tem
características reais, não são as princesas e principes perfeitos e
ingênuos da Disney. A lição de
moral está no final, com a
redenção. E quanto à parte de
que o filme "não deveria ter o
direito de expor o sexo de forma tão natural", que
conservadorismo é esse? Sexo
faz parte da vida e é mais do que
natural. Por mais que a
personagem fosse uma
oportunista ela também muda no final. Os defeitos e
imperfeições é que conferem
mais humanidade aos
personagens. [2]

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