Saltar para o conteúdo

Cinderela Baiana

(Cinderela Baiana, 1998)
1,4
Média
136 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Baiana e Cinderela

10,0

Para muitos o único ponto positivo desse filme é o fato desse ser o primeiro papel importante de Lázaro Ramos (Madame Satã (Madame Satã, 2002)), engano desses, que não veem nesta película uma beleza muito maior. Centrado em Carla Perez, o filme aparenta apenas ser uma história de superação, tanto que daí vem o título, uma espécie de Gata Borralheira, mas, ainda assim, estamos apenas vendo o filme pela superfície. Quem é baiano sabe identificar o que tem de profundo na obra, principalmente pela representação do que é a Bahia, especialmente a Bahia quando o axé era o ritmo que embalava os carnavais brasileiros.

Por falar em Bahia, temos uma das mais sinceras explorações de locações do estado. O começo no sertão de quem já esteve a três horas de carro de Salvador reconhece esse conhecimento verdadeiro da geografia do estado, mas tudo melhora nas escolhas das locações depois que o filme chega em Salvador. As praias menos conhecidas e igualmente atrativas por quem conhece a cidade, as vielas do Pelourinho filmadas como elas são, não o cartão postal do Largo, e, no final, as intermináveis e perigosas dunas do Abaeté.

É de se notar que este filme não é apenas uma história de Cinderela, é um olhar em Carla Perez, não um olhar de outrem, mas um olhar de Carla Perez sobre si mesma. Para isso tudo é justificado. Nós sabemos de sua simplicidade e da simplicidade de suas origens. Com isso somos apresentados a figuras criadas por tais pessoas, figuras essas que podem soar inverossímeis à primeira vista, mas nada mais são do que pessoas ao redor de Carla Perez sendo elas mesmas, no caso, criando situações e diálogos do que se esperaria se fossem criadas por pessoas do interior brasileiro.

A isso se mistura uma fotografia que não é mais importante do que iluminar o ambiente, um desenho de som que não cria mais sentidos a obra e uma decupagem que não está mais preocupada do que dar noção espacial, porém nada disto é ruim, tudo apenas serve para sustentar a simplicidade central e a discussão de Carla consigo mesma, onde sempre somos abordados com ela demonstrando a figura sexualizada e tentando juntar a sua preocupação com a infância (já que ela passou por muita fome, assim como as crianças que passam pelo filme), um lugar para si onde a mídia a desenhou.

É nesse discurso que o filme se centra. Todas as falhas do roteiro e atuações apenas corroboram com ele (ninguém esperaria grandes diálogos vindo de Carla Perez, e isso ela entrega). Carla Perez traveste um discurso que fica entre o existencial e um sincero questionamento da construção midiática (ela nunca questiona que a sua imagem é a de "gostosa burra", mas mostra que ela não pode ser diminuída a somente isso) em um filme aparentemente amador, mas que tem muito a oferecer quando se olha sem os preconceitos midiáticos que normalmente se procura analisar.

Participação do autor convidado – o baiano – Eduardo da Conceição

 

Comentários (8)

Alexandre Koball | terça-feira, 19 de Setembro de 2023 - 08:58

Esse filme não tem desculpa pra existir, uma desgraça pra promover uma "pessoa famosa da época" sem o mínimo talento.

Marcelo Rêgo | quinta-feira, 21 de Setembro de 2023 - 12:43

Meu pai. Eu fico chocado com tanta loucura em fazer um nojeira dessas!!! Nem que fosse uma Madonna ou Michela Jackson - imagina.....falar de uma criatura dessas, que só sabe mexer a bunda p lá, e pra cá, nem talento pra pensar, ela tem!!! Fala sério

Faça login para comentar.