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Críticas

Cineplayers

O cinema como pintura em Cisne: live painting da portuguesa Teresa Villaverde.

9,0

Pinceladas de uma história. Assim a diretora portuguesa Teresa Villaverde explica a narrativa de seu novo filme, Cisne (idem, 2011). Nele acompanhamos os encontros e as angustias de diversos personagens: Vera, uma cantora em turnê na cidade de Lisboa, que deixou em sua casa no campo o amante Sam, um violinista que se mostra um homem silencioso e que vive essa complicada relação por correspondência com a cantora. Durante a turnê, Vera conhece Pablo, que trabalha como seu acompanhante na cidade e está tomando coragem de conhecer a mão biológica que o abandonou. Essas são apenas algumas peças da história que o filme vai nos revelando gradativamente. 

Nada disso nos é dado a perceber de forma instantânea. O espectador precisa entrar na trama aos poucos, ao mesmo tempo em que é obrigado de saída a acompanhar esses corpos errantes e atormentados muito de perto e demoradamente: são longos os planos nos rostos, nas costas, nas mãos, enfim, nos corpos que parecem não saber o que fazer consigo além de restar na imagem.

Em hora nenhuma Teresa Villaverde embaralha a narrativa cronologicamente, os planos seguem-se e apresentam sua lógica própria – mas cada movimento, cada nova peça, só são compreendidos a medida do seu próprio transcorrer na tela. Nesse universo, nada está dado de antemão. É preciso que a diretora pinte com a película, para que as ações transcorram – em uma espécie de live paiting cinematográfico.

Os encontros produzidos por tais pinceladas estão no terreno do imprevisível: pode ser que Vera e Pablo tornem-se amantes, ou que ela apenas queira ajudá-lo a acertar sua vida; que Sam se envolva com a bem resolvida anã Amy; que a mãe de Pablo o aceite como filho. Mas, como obra em processo que espalha-se no transcorrer da própria vida, não é preocupação do filme resolver ou encerrar as suas possibilidades. Estamos definitivamente no terreno da imagem como afeto.

Se em alguns momentos a falta de entendimento pode nos provocar incomodo, é ela também que aproxima os espectadores ao universo do filme: compartilhando com aqueles corpos a sensação de deriva, desconforto e incerteza.

Visto no 14º Festival do Rio

Comentários (3)

Rodrigo Torres | quinta-feira, 04 de Outubro de 2012 - 15:32

Uma pessoa disse que não gostou, mas confio mais na Kênia. Vou tentar encaixar naminha programação.

Rodrigo Torres | quinta-feira, 04 de Outubro de 2012 - 15:32

Uma pessoa disse que não gostou, mas confio mais na Kênia. Vou tentar encaixar naminha programação.

Luiz Fernando Coutinho | sexta-feira, 05 de Outubro de 2012 - 13:21

cinema português tá numa crescente constante nesses ultimos anos. porra, que vontade de assistir esse aqui

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