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Críticas

Cineplayers

Personagens-clichês em comédia batida.

4,0

Em todas as famílias há problemas. Mas na de Rizzo, aparentemente, tem muito mais. Vince Rizzo (Andy Garcia), o pai de família, é um policial frustrado e que decide realizar um sonho de infância ao se matricular em um curso de teatro, seguindo os passos de seu ídolo, Marlon Brando. Sem saber explicar isso para sua mulher, Joyce (Julianna Margulies), ele conta que está jogando pôquer com amigos. Ela, por sua vez, se sente cada vez mais abandonada pelo marido e pressionada por ter tido que abandonar a faculdade para cuidar de sua filha mais velha, Vivian (Domink García-Lorido).

Vivian também tem um segredo: foi suspensa da faculdade por ter sido pega fumando um baseado, e decide ganhar dinheiro se apresentando em um clube de stripper. Já Vince Júnior (Ezra Miller) é um garoto que gosta de se fazer de engraçadinho e tem um feitiche por garotas muito gordas e que gostam de comer muito. Acaba entrando em um site de uma dessas garotas que possui uma webcam em sua cozinha, descobrindo que ela é sua vizinha.

Se isso tudo não fosse problema o suficiente, Vince descobre que um dos presos, Tony (Steven Strait), é seu filho, que ele abandonou ainda quando garoto. Tentando criar uma relação com ele, liberta Tony sob sua custódia, o levando para sua casa e causando maiores conflitos entre os membros da família.

A ação se passa quase toda em City Island, uma pequena comunidade que era de pescadores perto da grande metrópole de Manhattan. Apresentado como um local familiar e “ideal” para criar os filhos e passar a meia-idade, serve ainda mais como ponto de estopim para os mais variados problemas. Mas o uso de espaços externos é pouco, focando-se mais em espaços internos – casa, local de trabalho, carro – perdendo uma boa oportunidade de mapear melhor toda aquela vida que cerca os protagonistas.

É compreensível, portanto, que a personagem que mais soe real e interessante não seja uma pertencente aquele núcleo: Molly (Emily Mortimer), como uma colega de Vince no curso de teatro, é a única que consegue escapar dos clichês e criar uma relação mais próxima ao espectador. É a única que apesar de possuir seus segredos e seus traumas, não passa a impressão de que tudo aquilo foi criado justamente para gerar um riso do espectador.

O que salva o filme é que seus atores, em especial Mortimer e o casal (Garcia e Marguilles) conseguem fazer essa experiência já conhecida e com fim já esperado bem mais palatável. Até que em algumas cenas consegue-se abstrair e curtir a trama, mesmo que seja em pontos isolados.

É engraçado que o título brasileiro condiz mais com o material do que o título original. Enquanto “City Island” prometia um dia-a-dia corriqueiro e com eventuais problemas de uma família típica do bairro e suas relações com a sociedade e o ambiente, “Confusões em Família” soa muito mais uma comédia batida e feita para agradar o público em massa, sem o forçar a trabalhar muito para digerir o filme. É exatamente isso o que o filme é.

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