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Críticas

Cineplayers

O carioca em suas mais diferentes facetas em documentário superficial.

4,0

A proposta de Corpo do Rio é bastante pretensiosa – diria até um pouco ingênua: apresentar cinematograficamente as diversas leituras do corpo e sua relação com a cidade do Rio de Janeiro. Um estudo sociológico que parece muito mais correlacionado ao meio acadêmico que ao cinema, até pela amplitude exigida.

As diretoras Izabel Jaguaribe e Olívia Guimarães criaram um filme que tenta não deixar de fora qualquer aspecto temático, tendo como base o livro "Guia Mapa do Maravilhoso do Rio de Janeiro", de Beatriz Jaguaribe, irmã de Izabel. São abordados o erotismo, a religião, o carnaval, a praia, o culto ao corpo, o preconceito racial e toda a sorte de assuntos interligados, da Zona Norte à Zona Sul da cidade.

Essa busca por englobar cada momento do instantâneo carioca acaba sendo o calcanhar de Aquiles do projeto. São entrevistas e imagens que não conseguem sair da superficialidade, e cujas abordagens já foram tratadas isoladamente em outros documentários anteriores a este. Quando o filme vai para as areias da praia do Flamengo, por exemplo, é impossível não recordar de Faixa de Areia, da Daniella Kallmann e Flávia Lins e Silva. E é o que ocorre com todas as tentativas de abordagem do filme, abordagens estas introduzidas por vinhetas desnecessárias que só fazem quebrar a fluidez do longa-metragem.

A diretora Izabel Jaguaribe, quando diz que "o Rio de Janeiro é a cidade brasileira que tem mais presença no imaginário global", no material distribuido à imprensa, ressalta uma tendência do filme à uma carreira no exterior. O pout-pourri resultante parece muito mais adequado a exibições no estrangeiro. O imaginário sobre o carioca está todo lá, desde a formação miscigenada da mulata, as belezas naturais, a prostituição, até a música do morro.

De qualquer forma, o filme acerta ao escolher os personagens que circundam a imagem dos moradores da cidade. A voz da experiência da queridíssima Dodô, grande dama da Portela, a simpatia da estudante Aline e da gari Marilene, as elucubrações de Fausto Fawcett e até mesmo a receptividade da modelo Wandinha fazem destes um painel da simpatia do povo carioca. Simpatia esta que transborda ao filme e o torna bastante agradável. Superficial, mas agradável.

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