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Críticas

Cineplayers

Um filme sobre cinco irmãos e seus relacionamentos com o pai. Boas atuações garantem a qualidade.

8,0

A produção começou sua carreira de sucesso ao vencer o festival de Toronto de 2005, além de conquistar vários prêmios César. Foi o selecionado do Canadá para concorrer a uma vaga no Oscar de melhor filme estrangeiro na última edição do prêmio e poderia, perfeitamente, ter sido nomeado. 

C.R.A.Z.Y. é a inicial dos cinco filhos da família Beaulieu: Christian, Raymond, Antoine, Yvan e Zach. Este último recebe atenção especial do filme e sua vida é mostrada desde o momento em que ainda estava na barriga de sua mãe. Raymond também tem um pouco mais de destaque na história, em relação aos demais irmãos.

Os assuntos abordados são basicamente três: a sexualidade de Zach, os problemas de Raymond com as drogas, e o relacionamento entre pai e filho. Jean-Marc Vallée, diretor do filme, demonstra grande habilidade e sutileza na condução do longa. Consegue um feito parecido ao de Ang Lee em Brockeback Mountain ao ser firme e nem um pouco apelativo ao mostrar o homossexualismo.

Com certeza, e não poderia ser diferente, Zach é o personagem mais interessante. É ele quem proporciona as melhores cenas. O pai em determinado momento fala que ninguém nasce gay, algo acontece no caminho que cria esse desvio, mas Zach vai ao longo da projeção nos mostrando exatamente o contrário. Em outra passagem afirma querer ser igual aos outros – portanto heterossexual – já que sofre com o preconceito do qual é vítima, inclusive por parte de alguns membros da família. E ainda tenta resistir aos impulsos homossexuais para encaixar-se nos conceitos conservadores da sociedade de Québec nas décadas de 60, 70 e 80. 

Em outro momento, para satisfazer a vontade do pai, que o havia visto com outro garoto, aceita ir a um psicólogo para conversar sobre sua orientação sexual. E a conclusão a que chega o médico parece ser a mais coerente possível. Zach teve uma “experiência sexual” com um menino no carro do pai, já que inconscientemente, queria que descobrissem que ele é gay, para que ele mesmo pudesse aceitar o fato. Uma constatação que parece explicar de forma convincente a atitude nem um pouco inteligente de ter uma relação em um lugar sem nenhuma privacidade. 

Raymond é o irmão problema. Viciado em drogas, possui uma vida independente totalmente artificial. Ele precisa a todo o momento contar com a solidariedade financeira de amigos e parentes, que ao ajudar não têm a mínima esperança de receberem o dinheiro de volta. Esse é o verdadeiro filho doente, que precisa de ajuda médica, mas aos olhos do pai, a “doença” de Zach é pior. 

Com a ajuda de boas atuações, os 127 minutos de duração são muito bem aproveitados, sem nenhum tipo de exagero. O resultado é um ótimo filme, que tem tudo para agradar ao público.

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