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Críticas

Cineplayers

Cinema que corre atrás do próprio rabo.

6,0

Que Hollywood vive de ciclos não é novidade para ninguém. Nota-se, com certa freqüência, enredos sendo recontados de novas maneiras, mudando apenas uma coisinha aqui ou ali, mas focando tanto no público casual, que não liga em rever os mesmos filmes com roupagens diferentes, quanto nas novas gerações, que ainda não têm bagagem cinematográfica o suficiente para discernir o repetido do novo na hora de dizer em alto e bom som que ‘é o melhor filme do mundo!’. Você pode ter certeza que escutará, cedo ou tarde, alguém utilizar desta expressão para qualificar Um Dia (One Day, 2011), nova fita da dinamarquesa Lone Scherfig (Educação [An Education, 2009]) a chegar ao Brasil esta semana.

De antemão, vale dizer que é o batido romance épico entre amigos, que cruza décadas até que eles percebam que foram feitos um para o outro. A diferença para as demais figurinhas repetidas do mercado está no modo como esta história é contada, pegando apenas um dia do ano, o 15 de julho, e apresentando seus acontecimentos dentro desta proposta desde 1988 até os dias de hoje.
 
Só que essa tentativa de criar algo grandioso através do tempo esbarra nas próprias limitações do material de David Nicholls, o mesmo autor do best-seller em que se baseia o filme, que demonstra dificuldade para trabalhar com diferentes linguagens e não apresenta algo realmente profundo ao público. Tenta ser inesquecível, mas nada mais é do que um daqueles romances sazonais água com açúcar feitos para chorar que volta e meia aparecem no cinema e conquistam o público que não espera nada além de um entretenimento de fácil acesso. E, nesse sentido, Um Dia acaba se tornando eficiente, ainda que não alcance todas suas intenções.

Seu maior ensinamento vai mesmo do valor à vida, que cada dia é único e que devemos aproveitá-lo ao máximo, como diria o clichê da auto-ajuda de botequim. Não que seja uma mentira, pois cada vida é formada de pequenos dias individuais que, colocados em seqüência, formam um todo. Cada atitude, cada sentimento, cada palavra dita ou não dita. Sua pretensão geral é falha, só que é um filme tão simpático, leve de se acompanhar, que fica difícil ter raiva dele. Você acaba relevando muita coisa, principalmente porque, quando acerta, entrega aspectos maravilhosos, como a linda reconstituição das décadas na qual a história passeia, seja nos figurinos ou nas canções marcantes escolhidas a dedo para pontuar suas passagens.

Difícil é não embarcar na história de amizade que vira amor entre Emma (Anne Hathaway), uma aspirante a poeta, e Dexter (Jim Sturgess), um garanhão que trabalha na TV. E se essa história batida funciona de alguma forma, muito se deve aos dois competentes e carismáticos atores, lindos e em sintonia, conduzindo o público para quase inevitáveis lágrimas, mesmo que por vias já muito manjadas.

É cinema reciclado para lenços ou bocejos. Depende apenas do que você espera dele, pois é um filme tão amigo que abre os braços com vontade; abraçá-lo de volta ou não vai da boa vontade de cada um. Aos trancos e barrancos, consegue ser aquilo que, de uma maneira geral, a maioria do público busca no final de semana. Só não leve tão a sério quanto seus realizadores gostariam que você levasse. O resultado pode ser desastroso.

É um bom romance, puro e simples, e nada mais.

Comentários (17)

Thaís Lobo | sexta-feira, 04 de Maio de 2012 - 21:07

Acabei de ler o livro e achava que o autor estava indo bem nesse mundo cheio de dramas chatos de Nicholas Sparks até que a 'cena copiada descaradamente de Cidade do Anjos' haha
Achei desnecessário, mas não de todo ruim.. Vou ver se assisto esse fim de semana pra ver.😁

Alexandre Barbosa da Silva | segunda-feira, 09 de Setembro de 2013 - 05:34

Deve ser brincadeira pessoal... Anne Hathaway insossa? Tem uma cena nesse filme, bem perto do fim, que já mostra o poderio da atriz. Ela tem uma expressão tão pura ali, passa tão bem um sentimento tão complicado... Cara, dá pra falar mal do filme, que a cena foi copiada de Cidade dos Anjos e tal, mas não dá pra falar da Anne Hathaway. Ela e o Jim Sturgess estão magníficos nos papéis, e são o maior destaque do filme. Muito bom por sinal.

Walter Prado | segunda-feira, 09 de Setembro de 2013 - 10:15

Filme horrível, atuações idem. A única coisa que se salva é a trilha sonora.

Paulo Faria Esteves | sexta-feira, 01 de Maio de 2015 - 14:40

Vi ontem.

As expectativas eram bem altas, e o início até as confirmou. Mas lá para o meio, infelizmente, o roteiro não fez jus a Lone Scherfig (muito esforçada para tornar o filme mais simpático e com mais calor). Uma pena. Seja como for, acho que não chega a ser um mau filme. Até é bonzinho.

Anne Hathaway fez bonito mais uma vez, eu diria. Adorei o sotaque dela, hehe...mas o destaque tinha de ser uma das minhas actrizes favoritas: Patricia Clarkson. Ela arrebenta mais em papéis secundários do que muita gente em papéis principais...*.*

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