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Críticas

Cineplayers

Colin Firth irrepreensível em filme que prima pela estética perfeita.

6,0

Conhecido por ter reformulado a marca Gucci, Tom Ford largou tudo e resolveu se dedicar ao cinema. Seu primeiro longa-metragem, originalmente chamado de A Single Man e mal renomeado de Direito de Amar no Brasil, chega às telas transbordando estética e estilo ao contar a história de um homem que tenta sobreviver à perda de seu grande amor.

Este homem é George, professor de literatura inglesa e homossexual retraído, que fria e organizadamente planeja seu suicídio depois de toda a dor e ausência que sente com a morte do companheiro, com quem conviveu 16 anos, em um acidente de carro.

A bela e delicada história, porém, não consegue se sobrepor a toda perfeição e aos cuidados estéticos extremos de Ford por trás das câmeras. Sobram tantas cores, pessoas lindas e figurinos perfeitos que a história do filme fica mais distante e menos envolvente.

Nem mesmo a bonita trilha sonora, mal aproveitada, consegue esquentar o clima que o visual insiste em manter organizadamente frio e, em alguns casos, como no prólogo, parece afastar ainda mais os espectadores dos sentimentos que tentam ser retratados.

Se os problemas são muitos, a atuação de Colin Firth como o George é irrepreensível. A cena em que ele recebe a notícia da morte de Jim, seu companheiro, consegue ser sutil e arrebatadora, e tudo por conta dos olhares e da voz do ator.

A entrega do ator é tão grande, que às vezes faz de seu personagem a única coisa palpável do filme. Junto com ele, as atuações de Matthew Goode, como Jim, Julianne Moore, como Charlie, e Nicholas Hoult, como o jovem estudante Kenny têm seus momentos e demonstram que por mais que a forma seja o elemento primordial para Ford, sobra habilidade com a direção de atores.

Fora as atuações, outros momentos são interessantes. A transição entre a total falta de motivação e os sentimentos cotidianos através de ausência / presença de cores e o intercalar do presente com memórias observando os elementos que as provocam são bons exemplos disso.

O roteiro também tem suas qualidades. O texto do prólogo, em off, apesar de ser massacrado pela trilha, é muito bonito e o discurso do professor sobre medo e preconceito não fica atrás.

No final das contas é  uma pena que o filme seja menos sensível do que poderia e não consiga ir mais fundo nos sentimentos de seu protagonista, se preocupando muito mais com a estrutura do que seu contexto. Mas não pode ser descartado, tanto pela participação de Firth, inesquecível, como pela curiosidade do tema e a estréia de Ford na direção.

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