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Dogville

(Dogville, 2003)
8,6
Média
1143 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Uma obra-prima para quem gosta de cinema inteligente, que faz pensar. Elenco incrível.

9,0

Dogville é genial. Não consigo imaginar um outro adjetivo para definir esta mais nova obra do dinamarquês Lars von Trier, que já nos havia brindado com obras como Dançando No Escuro e Ondas do Destino. Um dos fundadores do Manifesto Dogma 95, junto com Thomas Vinterberg, no qual um conjunto de regras determinam a criação de um filme - a não-utilização de cenários, utilização de som natural, usar a câmera na mão sem qualquer tipo de suporte, entre outros paradigmas - Trier subverteu totalmente sua própria fórmula (bom dizer que ele jamais a seguiu fielmente) ao criar este que é o melhor filme da sua carreira: toda a ação ocorre em um grande tablado, onde os cenários não existem (são apenas riscas de giz determinando o cenário, e há apenas alguns objetos cenográficos no chão); a iluminação é totalmente artificial; inclusive, há até um diretor de fotografia - Anthony Dod Mantle - creditado. O filme chegou a concorrer no Festival de Cannes ano passado (era o grande favorito), mas acabou não levando prêmio algum.

A intenção do diretor é criar uma trilogia sobre os Estados Unidos, iniciando-se com esta primeira parte. A próxima já está em fase de pós-produção e se chama Manderlay. Curiosamente, o diretor jamais visitou o país pretensamente "homenageado" - ele costumeiramente é chamado de anti-americano e seus filmes jamais chegaram a fazer sucesso em solos ianques. Localizando sua história em um pequeno lugarejo nas Montanhas Rochosas - Dogville - durante a depressão ocorrida após a quebra da bolsa de valores de Nova York em 1929, o filme centra-se em Grace (a bela, talentosa e magnífica Nicole Kidman, que cada vez mais prova ser a grande estrela da atualidade, mesmo trabalhando intensamente e não mantendo um padrão de qualidade em seus filmes), uma assustada moça que chega à pequena cidade fugindo de gângsters.

Ela é recolhida e assistida por Tomas Edison Jr. (o sempre excelente Paul Bettany, o Dr. Stephen Maturin em Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo) e ambos acabam tendo uma relação conturbada. Grace, aliás, acaba sendo descoberta por todos os moradores do local e acaba tendo sua permanência submetida a uma votação local. Ela consegue a permissão para ficar, desde que passe a prestar serviços para todos os habitantes, e acaba sendo submetida em uma espécie de escravidão. Obviamente, esta tênue linha que move Grace acaba se rompendo e o desfecho será trágico. Com um roteiro extremamente bem desenvolvido, escrito pelo próprio Lars von Trier, o filme dá margens a diversos tipos de interpretação e não se permite deixar de fazer sequer uma crítica mordaz à sociedade americana. E vai além: ele consegue analisar, apropriadamente, o comportamento humano, deixando psicólogos e sociólogos perturbados com seus devaneios subliminares.

O grande e fantástico elenco de apoio é mais um trunfo, mas que acaba se tornando o grande revés do filme. Excetuando-se Paul Bettany e a ótima Patricia Clarkson (que acabou sendo descoberta ano passado quando foi indicada ao Oscar de coadjuvante por Do Jeito Que Ela É), é impossível não se ressentir com o mal aproveitamento da grande Lauren Bacall, por exemplo. E olha que o filme tem James Caan, Jeremy Davies (o louquinho de O Hotel de Um Milhão de Dólares), Philip Baker Hall, Chlöe Sevigny e Stellan Skarsgärd. Não deixando de lembrar que o filme é todo narrado por John Hurt.

Von Trier é um grande marqueteiro e pode ter uma legião de odiadores tão grande quanto o seu fã-clube, mas consegue, a cada obra realizada, uma grande façanha: a de manter nossas mentes ocupadas por um bom tempo após a subida dos créditos finais.

Comentários (1)

Renan Fernandes | quinta-feira, 16 de Maio de 2013 - 12:43

está entre meus top 10.
FANTÁSTICO

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