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Críticas

Cineplayers

Finalmente a nossa análise de um dos maiores cults que surgiu ultimamente.

8,0

Trata-se de um filme de supense do ponto de vista do assassino, no caso, um adolescente um tanto problemático dos anos 80. Entupido de psicotrópicos e ajudado por uma psicóloga freudiana de araque, ele recebe ordens de um coelho gigante para que mate, queime, destrua e traga o pânico para a pequena cidade do interior onde mora. Frank, o coelho gigante, diz ao rapaz para sair de casa, pois o mundo terminaria dentro de 28 dias, seis horas, 42 minutos e 12 segundos, ou seja, na noite de Halloween, a 30 de outubro de 1988.

O diretor estreante, Richard Kelly, leva tudo com muita delicadeza e trata o personagem com um carinho tocante. Não culpa ninguém (nem mesmo vai atrás dos culpados por aquela situação). Narra bem. Vai contando a história com naturalidade, partindo de um roteiro intrincado e inteligente, mas filmado da maneira convencional do cinema americano narrativo de Hollywood. Bons atores (Jake Gyllenhal adolescente, no início da carreira, faz o rapaz) ajudam a dar veracidade e sustentam bem o filme.

As metáforas para o que seja o coelhão se sucedem ricas e intensas, muito interessantes. O sexo sublimado, o conservadorismo e o mau gosto da época estão todos lá. Na trilha cafona, o que há de pior/melhor nos famigerados anos 80, como Tears for fears, Joy Division e que tais. Funciona para dar a ambientação adequada ao thriller, mas é constrangedor quando é romance. 

O filme tornou-se cult (supervalorizado, como todos), em parte porque o gênero, terror teen, com muita violência e sangue, produziu um bocado de lixo nos anos 90 – se comparado a esses filmes, Donnie Darko parece um primor de sutileza e inteligência. Daí ser um filme tão amado.

É curioso esse processo, muito comum no cinema americano atual. A série de situações familiares, no cenário da escola, a difícil interação do rapaz com os colegas, a primeira namorada etc, são produtos de um texto bem escrito e refletem personagens convincentes e bem desenvolvidas – há quem assegure que é influência das impecáveis séries da televisão americana. Ou seja, o roteiro é quase perfeito.

Só que daí entram os coadjuvantes, reduzidos a clichês, e as situações, que começam ricas, vão pouco a pouco resvalando no psicologismo estreito e restrito das grandes produções, opções conservadoras da direção, talvez por conta da inexperiência do diretor ou das imposições do estúdio. Esse empobrecimento é uma das mais marcas do cinema atual, de ótimas premissas destruídas na montagem e pelo receio de muito inovação. Como um filme de terror teen.

Donnie Darko pelo menos não teve um final óbvio. Para quem quiser, há explicações plausíveis e um final mais claro nos extras do DVD. Como é possível ver as cenas cortadas, entre elas, a do telefone, com a voz do “coelho”, há uma sugestão de quem seria um dos responsáveis pelos crimes. Se optar pelo áudio do diretor, ele explica suas escolhas.

Comentários (4)

Thiago Cotta | domingo, 02 de Outubro de 2011 - 20:39

É, não fui só eu que não entendi o filme.

MARCO ANTONIO ZANLORENSI | domingo, 20 de Julho de 2014 - 15:00

He he he filme difícil, trama excelente pra confundir, atuação maravilhosa do ainda garoto jake, gostei muito, para casos como o meu tem que ver mais de uma vez! RECOMENDO!

Paolita | domingo, 05 de Abril de 2015 - 20:10

Aqui, uma interpretação mais rica :http://nerdgeekfeelings.com/2015/04/05/cinema-donnie-darko-the-darkest-uma-interpretacao-do-filme-reeditado

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