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Críticas

Cineplayers

Se o primeiro era praticamente perfeito, este segundo tem apenas alguns bons momentos, errando em coisas que antes estavam certas.

5,0

Finalmente, depois de praticamente três anos de espera por uma inevitável sequência de Onze Homens e um Segredo, eis que surge a primeira continuação da história de Danny Ocean e sua admirável trupe de pilantras engravatados. O filme chega aos cinemas brasileiros no final de 2004 para brilhar nas bilheterias do país, tendo como concorrente de peso (e qualidade) apenas a animação Os Incríveis, da Pixar Animation Studios. Multidões foram correndo aos cinemas e inevitáveis filas de pessoas se formaram, esperando terem uma experiência tão agradável quanto a primeira vez em que viram Soderbergh dirigir as grandes estrelas que o filme (ou a franquia, deveria dizer agora) possui.

Indo direto ao X da questão: Doze Homens e Outro Segredo realmente vale a pena ou apenas vive da expectativa e da boa impressão causada pela primeira produção? Infelizmente, e eu como um grande fã do primeiro filme fico muito triste em escrever isso, a segunda opção é a mais óbvia para prever o que acaba acontecendo com essa continuação. Não há dúvidas de que o filme será um grande sucesso comercial mundo afora, até mesmo pela falta de concorrência atual. Talvez, economicamente falando, a demonstração de que a segunda parte dessa "saga" teve uma aceitação bem menor do que o esperado venha somente com a vendagem dos DVDs, que deve ficar bem aquém da produção original. Mas o que pode ter saído errado dessa vez? Os atores eram os mesmos; a premissa, a mesma; o charme e a elegância, os mesmos; o diretor, idem. Isso é o que tentaremos descobrir através desta análise.

Não me prenderei à sinopse do filme aqui (como de costume). Essa é uma análise direcionada àquelas pessoas que já assistiram ao filme, entretanto tentarei não falar muito sobre os segredos da história. Aviso também que caso você não tenha assistido ao primeiro filme e esteja planejando ir ao cinema, nem perca seu tempo. O filme faz tantas referências a seu antecessor que é praticamente impossível entendê-lo sem saber nada sobre o mesmo.

Zeta-Jones

Talvez a adição mais óbvia que o filme tenha sofrido seja a apresentação da personagem vivida por Catherine Zeta-Jones, Isabel. Uma detetive (uma das melhores diga-se de passagem) que se envolve com o personagem de Brad Pitt. O filme começa com os dois, ou deveria dizer, com ela descobrindo que ele estivera envolvido na operação Bellagio, de anos atrás. O “pró” de Isabel é que ela é muito bem caracterizada e em nenhum momento soa superficial, entretanto...

Soderbegh, dessa vez, não conseguiu conduzir as quedas de ritmo da projeção com tanta maestria como havia conduzido antes. A personagem de Zeta-Jones, por exemplo, sofre de um terrível problema de super-exposição durante a película inteira, quase como se o filme a tivesse como personagem principal, e não mais aquele grande grupo de ladrões como antigamente. Seus diálogos com Pitt ainda estão acima da média, mas, em minha humilde opinião, as coisas poderiam ter ido por outro lado, dando menor exposição à moça ou excluindo-a totalmente da produção e voltando o filme para seu real foco.

Soderbergh

Ok, ok... Durante o primeiro filme fui só elogios a Steven Soderbergh. Também pudera, a produção havia sido impecável. Mas agora, em que temos que criticá-lo, vamos às farpas... Steven é talvez um dos maiores culpados pela ineficácia de Doze Homens e Outro Segredo e pelo desaparecimento da química do elenco propriamente dito.

A começar pelas cenas de ação... Ahh... As cenas de ação! Ainda estou tentando localizá-las ou mentalizá-las 24 horas após ter saído da sala de cinema. E claro que não estou cobrando cenas fenomenais para um filme com uma proposta como essa, mas todos concordam que quem foi ao cinema ou simplesmente assistiu ao filme esperava algo pelo menos no nível do episódio antecessor. A verdade é que as cenas dos assaltos em si ficaram um lixo! Não, você não leu errado (e realmente detesto me referir a filmes e/ou passagens dessa forma). Foi simplesmente tudo por água abaixo. As cenas de “preparação” dos assaltos (a pré-execução) não perderam totalmente a graça, mas sofreram uma conceitual perda. Já as execuções das ações em si, durante todas as passagens em que isso ocorreu, foram muito decepcionantes, algumas vezes chegando a serem “sem sal”, ou sem um pingo de graça.

Soderbergh ainda tem culpa parcial em outro “delito” cometido pela produção. Lembra da reunião da trupe no primeiro filme? Lembra como foi engraçado ver a forma como os amigos se encontraram e organizaram depois de tanto tempo? Pois é... Essa havia sido uma das melhores passagens do primeiro filme. A superficialidade com que ela é apresentada nessa continuação é de chocar. Foi algo animalescamente artificial.

O ritmo lento da projeção é outro problema gravíssimo que abala a estrutura e o clima da história da pior forma possível, pois as quedas de ritmo são muitas e as cenas com um pouco mais de ação, quando ocorrem, são insatisfatórias como já citado.

Jack Russell & Cia. Ltda

Jack Russell foi um dos roteiristas principais por trás de Doze Homens e Outro Segredo, colecionando erros e acertos. Porém seus erros tiveram um impacto maior no ritmo da película. Convenhamos, nem sempre uma produção que apresente o famoso “mais do mesmo” é uma produção necessariamente ruim. Veja O Exterminador do Futuro 3, por exemplo, é puro mais do mesmo, mas isso não significa que o filmes seja ruim. Exemplos assim são o que não faltam. E talvez isso fosse o que as pessoas estivessem esperando de uma nova aventura de Danny Ocean e sua turma.

Mas Russell & Cia achavam que o filme precisava de uma nova guinada e para isso implementaram um enredo cheio de idas e vindas que por muitas vezes deixou o público menos atento um pouco confuso, principalmente na parte intermediária da película. Ao invés de um “simples” assalto, como ocorrido antes, temos aqui vários assaltos (ou tentativas) menores entrelaçadas com uma disputa pessoal entre Danny e outro reconhecido ladrão, e o affair entre Pitt e Zeta-Jones. Muita coisa para pouco filme, e a melhor prova de que a fórmula não funciona é que o filme realmente parece mais longo do que ele realmente é, bem diferente da película anterior, em que desejávamos que o filme não tivesse fim.

Por fim, crime maior não poderia deixar de ser o que fizeram com o personagem de Andy Garcia, o todo-poderoso Benedict. Simplesmente relegaram o personagem fenomenal do primeiro filme a um mero coadjuvante de início de produção onde descobrimos, mais tarde, estar trabalhando para (ou junto a) terceiros. Essa foi simplesmente imperdoável. Considerava Benedict um dos melhores personagens do primeiro filme. Um antagonista e tanto.

Infelizmente, também constatamos que não foi apenas Andy Garcia que desapareceu da produção. Vários coadjuvantes brilhantes do primeiro filme tiveram aparições raras ou passagens em que raramente faziam algo de realmente útil para o andamento da história. Era quase como se estivessem ali somente pelo fato do diretor ter partido do início com a idéia fixa de que todo o grupo do primeiro filme estaria reunido ali para a filmagem de um segundo, não importando se seus papéis fossem realmente cruciais ou não. Como se isso não fosse o bastante, uma boa gama de novos personagens foram adicionados à trama. Esperamos profundamente que, caso um terceiro filme ocorra, Soderbegh não incorpore esses personagens à história para deixá-los de lado, como aconteceu aqui.

Entretanto, nem tudo esteve perdido por completo nessa fraca seqüência. Ainda tivemos alguns aspectos ou pontos em que temos que reconhecer a qualidade e os esforços daqueles que trabalharam (ou pelo menos tentaram) fazer de Doze Homens e Outro Segredo um filme melhor. A começar pelos responsáveis pelos diálogos da produção. Ainda bem que pelo menos eles se mantiveram inalterados. Inteligentes, sarcásticos e incrivelmente bem escritos, estão todos lá, aos montes. Assim como seu o antecessor, as melhores passagens estão nas falas entre Clooney e Pitt. Valem realmente a pena e compensam a falta de inspiração de Soderbergh dessa vez na direção.

Julia Roberts

A personagem de Julia Roberts, Tess, a mulher de Danny, foi uma das poucas que cresceu, em todos os sentidos, nessa sequência. Tess, que havia feito um papel bem pequeno e restrito durante Onze Homens e um Segredo, agora brilha como uma personagem que tem realmente alguma utilidade na trama central.

Julia deu muito mais carisma à personagem dessa vez e vem dela uma das melhores cenas do filme inteiro: Tess, fingindo ser Julia Roberts (a atriz), entra com o bando em um museu para tentar roubar uma importante peça-chave do filme e dá de cara com Bruce Willis, grande amigo da atriz na vida real, minutos antes. É a melhor seqüência do filme, muito criativa, diga-se de passagem. Desnecessário dizer mas não poderia perder a oportunidade de falar que Bruce Willis ficou excelente no papel de Bruce Willis.

Sobre os devidos elogios, menções ainda devem ser feitas a respeito do visual dos atores, impecáveis como sempre. A cena em que o francês desvia dos raios ao entrar no museu é realmente bem executada e a trilha sonora, em especial nessa passagem, vem a calhar de uma forma peculiar como só poderíamos encontrar em uma produção que tivesse o clima de Onze Homens e um Segredo. Entretanto, quando comparada ao primeiro filme, a trilha dessa continuação ainda fica bem aquém do esperado, empolgando em raros momentos.

The End...

Finalizando, não poderia deixar de dizer que Doze Homens e Outro Segredo não deixa de ser uma pequena decepção em um ano não tão cheio de grandes momentos, o que transforma essa razoável produção em uma espécie de fiasco, principalmente se você for um árduo fã do primeiro filme, como eu, e esperava algo no mesmo nível. Uma pena, fica pra próxima. Se houver outra...

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | segunda-feira, 25 de Novembro de 2013 - 17:02

O filme se perdeu tentando fazer humor. Nem chega próximo do primeiro e tem aquela cena idiota de Julia Roberts se passando por...........Julia Roberts!!!!

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