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Críticas

Cineplayers

Filme que lançou o diretor Robert Rodriguez no mercado é cheio de boas cenas de ação e também bons personagens.

6,0

Robert Rodriguez começou a aparecer para o mundo com este pequeno filme de U$ 7.000, em 1992. Conta a lenda que o diretor conseguiu parte desse dinheiro como cobaia de uma nova droga para a redução de colesterol, durante um tratamento de um mês. E foi nesse tempo que ele criou o inteligente roteiro que lhe levou à fama. Três anos depois, já em Hollywood, este filme foi refilmado com muito mais pompa, com o nome de A Balada do Pistoleiro. Rodriguez hoje   é um diretor de respeito devido a sucessos comerciais como a trilogia Pequenos Espiões. Mas a maior parte de seu trabalho segue o estilo de El Mariachi: filmes como Um Drink no Inferno e o mais recente (e horroroso, no sentido qualitativo) Era Uma Vez no México não mentem: Rodriguez faz parte do gênero trash.

El Mariachi foi a surpresa do festival de filmes independentes Sundance em 1993, e inicialmente seria lançado diretamente em vídeo, mas acabou ganhando uma chance nos cinemas, onde recuperou seu investimento inicial e muitos milhares de dólares extras. El Mariachi tem mesmo a aparência de um filme amador. Rodriguez disse certa vez que todo o processo de filmagem foi realizado para “praticar” a arte da direção, ou seja, é basicamente um filme de ação experimental, escrito, produzido, dirigido e pós-produzido pelo homem. É, no final das contas, uma grande paródia com filmes de ação B, e lembra também um pouco o gênero faroeste dos anos 60-70, principalmente os italianos, aqueles conhecidos como western-spaguetti, do qual Sergio Leone foi o grande mestre.

Sua história é simples, mas os acontecimentos que se desencadeiam a partir de sua premissa inicial é que tornam o filme tão excitante e divertido. Um mariachi (Carlos Gallardo, que acabou ganhando espaço na refilmagem de 1995), figura típica do México, procura emprego numa cidadezinha de fim-de-mundo, quando é confundido com um bandido local que acabou de escapar da cadeia, e tem meio mundo atrás dele. Agora ele deve se virar para não ser morto, ao mesmo tempo em que tenta conquistar a garota de um bar, por quem acaba se apaixonando. É um filme de encontros e desencontros, confusões, de ritmo acelerado e bandidos e mocinhos estereotipados. Tudo no bom sentido, claro.

O principal defeito é mesmo sua limitação técnica: é um filme visualmente feio, por motivos óbvios. A falta de estrutura técnica também acabou não dando o impacto correto para muitas das cenas de ação (tiroteios, basicamente), o que faz com que o senso de realismo não seja lá muito grande (a imersão é sempre um ponto importante, em qualquer filme, para manter o interesse). Esses problemas foram eliminados no remake de 1995, embora a estrutura do roteiro seja basicamente a mesma. Mas não dá para comparar a intensidade do filme novo com a do original. Os saudosistas, claro, vão discordar, podendo até achar a nova versão desnecessária. E ela realmente é desnecessária, mas a partir do momento que ambas existem, não vejo motivo (nesse caso especifico, já que por padrão, no cinema, é muito improvável um remake ser melhor que o seu original) para preferir esta versão original. Os dois são o mesmo filme, apenas um acontece em câmera lenta e o outro não. O ritmo aqui é muito importante, então posso dizer que acabo mesmo preferindo A Balada do Pistoleiro, mesmo que este aqui seja obrigatório para os fãs daquele lá. 

Mas o saldo final é positivo, o filme demonstrou um novo talento para a direção (veremos o grande teste do diretor Robert Rodriguez em 2005, com Sin City) em uma história  bastante divertida. Não é o tipo de cinema que adiciona alguma coisa na vida das pessoas senão entretenimento, mas creio que esse não foi o objetivo, então posso dizer que o filme cumpre muito bem o papel que foi objetivado pelo diretor: dar diversão para as pessoas ao mesmo tempo em que ele “aprendia” a dirigir. E por isso mesmo não há nada do que reclamar, apenas assista ao filme sem maiores pretensões. A experiência provavelmente será muito bacana.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | quarta-feira, 29 de Abril de 2015 - 23:43

Só discordo de uma coisa: não consigo ver Desperado como um remake deste aqui. Vejo como uma ampliação. gosto bastante da trilogia do México, mas Desperado é sem dúvidas o melhor.

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