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Críticas

Cineplayers

História cheia de furos e excesso de efeitos especiais fazem nova refilmagem de terror asiático ser quase um desastre.

3,0

Seguindo a tendência da idiocratização do cinema popular, Hollywood nos presenteia novamente com uma “original” refilmagem de um terror vindo de onde? Da Ásia, é claro! Agora foi a vez do coreano “Geoul Sokeuro”, filme de 2003 que não vi, mas garanto ser fraco como a média desses filmes vindos de lá – que outrora já foram excelentes. O diretor Alexandre Aja está se especializando em refilmagens, já que havia dirigido recentemente a de “Viagem Maldita” e em 2009 dirigirá mais uma versão do clássico trash “Piranha”. Enquanto alguns criam, outros copiam. Sendo assim, não é surpresa alguma que Espelhos do Medo nada mais é do que outro terror fraquíssimo.

Também não surpreendentemente, um dos vilões responsáveis pelo fracasso do filme é novamente o roteiro. Aqui, ele é absolutamente constrangedor, jogando absurdos na cara do espectador sem rodeios. Em poucos minutos, por exemplo, o policial Ben Carson, o personagem principal interpretado por Kiefer Sutherland, já está totalmente convencido de que o que ele está enfrentando é uma assombração que reside dentro dos espelhos – mesmo que venha passando por grande problemas psicológicos envolvendo um evento ruim na sua carreira. Cadê o desenvolvimento do personagem? Um pouco mais tarde, por algum motivo qualquer, ele assume que não são apenas os espelhos a origem do mal: qualquer reflexo – mesmo o da água no chão – teria o poder para matar ele e a sua família.

Além de ser fraquíssima e cheia de inconsistências, a história é montada ao redor de clichês típicos do gênero: um hospital abandonado; um médico maluco; uma velha senhora que tem um segredo importante... além do próprio personagem de Carson, que se sente culpado pela morte recente de um parceiro de trabalho. Agora, clichês e falta de lógica podem parcialmente serem perdoados se o filme que os apresenta tiver um grau de entretenimento adequado ou talvez uma direção robusta e inteligente. Quem dera! O trabalho de Aja é mais uma vez medíocre, filmando tudo de forma convencional com cortes excessivos e planos que não têm graça alguma, não ajudando em nada a montar um clima de tensão ou terror que esse tipo de filme exige para que possamos considerá-lo “divertido”.

Caminhando pelo trilho mais seguro e fácil, Aja decidiu, além de não arriscar em uma direção diferenciada, investir em terror sangrento ao invés de montar um clima verdadeiramente assustador. Apressado em mostrar as mortes, o diretor apela, da forma mais óbvia possível, para cenas gratuitas envolvendo sangue e órgãos internos expostos, com a esperança de capturar a atenção de seu espectador pelo mal-estar provocado por tais imagens e não por situações aterrorizantes e tensas. O prédio abandonado onde ficam os tais espelhos assassinos, por exemplo, em mãos hábeis poderia ser palco de boas cenas de suspense. O que recebemos, na prática, são micro-cenas de ação com efeitos especiais totalmente aborrecidos. Isso para não falar do fato de o diretor apelar também para o sexo: durante todo o ato final, a mocinha do filme, a bela atriz Paula Patton, passa pelo constrangimento de aparecer semi-nua e molhada – um truque baixo (e muito comum no gênero) utilizado para chamar a atenção do público mais novo, distraindo-o da [falta de] história.

Entre tantos pontos negativos, Espelhos do Medo não é totalmente descartável. Para espectadores que gostam do gênero e insistem em ver esses filmes de terror americanos (ou orientais) em pleno ano 2008, na esperança de encontrarem algum lampejo de genialidade ou pelo menos um pouco de diversão genuína proveniente de bons sustos, a obra oferece um final interessante – que, claro, dá margem para uma continuação. A direção de arte, em alguns momentos, também é razoavelmente boa, principalmente quando não é totalmente estragada pelas cenas em computação gráfica (que não assustam quem é pelo menos um pouco experiente com filmes de terror) ou então pelos cortes sem graça do diretor. Esses pequenos pontos positivos são muito pouco, e não salvam de forma alguma a experiência irritante de assistir mais uma vez mais do mesmo.

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