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Críticas

Cineplayers

Uma comédia de humor negro do grandioso Frank Capra que possui alguns lampejos de genialidade, mas também vários problemas de ritmo.

6,0

Entre tantas comédias e dramas que Frank Capra dirigiu, esta é uma de suas menos conhecidas. Pelo menos aqui no Brasil. Lá fora, Arsenic and Old Lace (referenciar o nome original é muito mais interessante) é um filme bastante assistido do diretor. Trata-se de uma comédia de humor negro baseada em uma peça de teatro (algo que estava em voga nos anos 1940), com Cary Grant alavancando o elenco. Ele é sobrinho de duas senhoras idosas meio amalucadas que têm como mania matar velhinhos solitários por caridade e enterrá-los em seu porão.

Cary Grant exerce todo seu poder cômico nesse papel. Muitas caras e bocas, algumas exageradas e sem graça; outras quase hilariantes, provando a versatilidade desse que sempre será um dos grandes atores que Hollywood já concebeu. O filme passa-se quase que totalmente dentro da casa das duas senhoras e em um só dia, não negando em nenhum momento sua origem teatral - há uma sequência inicial no cartório, onde Mortimer, o personagem de Grant, casa-se com Elaine (a linda Priscilla Laine, em papel bastante limitado).

Há também uma gama de personagens secundários, fazendo do roteiro uma verdadeira suruba. Os diálogos ágeis nem sempre são interessantes, e o humor, obviamente, é bastante inocente, ainda que tratando-se da morte. Mas todos os coadjuvantes têm sua vez, desde as duas tias (personagens meio irritantes, mas necessárias para justificar a bagunça toda) até o "médico e o monstro" - o inesquecível vampiro de Dusseldorf, Peter Lorre, fazendo papel de médico, enquanto o "monstro", uma homenagem explícita a Boris Karloff, foi feito por Raymond Massey.

Isso não é tudo. Há os policiais, o irmão também amalucado de Mortimer e o taxista que só quer receber o dinheiro da corrida. O ritmo, como já foi dito, é incessante, não pára em nenhum momento. Há novas situações acontecendo e outras se revitalizando o tempo todo. A polícia descobrirá os corpos no porão? Mortimer conseguirá internar seu irmão no hospício? Infelizmente são tantas pontas abertas que muitas delas tornam-se rapidamente desinteressantes. É o estilo de humor dos anos 1940 afinal, e certamente agora há outros gostos, mas o filme pode continuar sendo apreciado sem problemas de um ângulo mais conservador (nada de compará-lo com as comédias atuais).

Frank Capra demonstra alguns lampejos geniais, em algumas poucas tomadas (o close no rosto de Elaine quando ela espia pela janela perto do final do filme é maravilhoso) e algumas tiradas são muito inteligentes e divertidas. Um filme que possui muitos pontos altos, só que com sua longa duração e previsibilidade de muitas de suas situações pode ficar facilmente cansativo já pela sua metade. Ainda assim vale por ser um Capra, isso se conseguir ser encontrado em alguma locadora, já que a sua distribuição, pelo menos até a data em que este texto foi escrito, parece ser muitíssimo limitada.

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