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Críticas

Cineplayers

Agradar é preciso.

4,0

Mesmo com toda fatuidade acerca de Apenas o Fim (2008), filme de graduação de Matheus Souza em cinema pela PUC-RJ, e repleto de lendas sobre seu feitio, ficava evidente a tendência de incluir-se em um mercado - o que traçava um horizonte invisível diante da realidade de um jovem recém-formado. O filme continha certa ousadia no que diz respeito ao desenho da juventude brasileira de classe média, e o reconhecimento é colhido até hoje, conforme a recente escolha da audiência da Netflix para representar o Brasil em seu menu internacional de filmes.

Matheus foi da geração abastecida por desenhos animados, jogos de videogames e seriados. E Apenas o Fim resumia esta salada de influências num embate de performances protagonizado por Gregório Duvivier e Erika Mader. Hoje, já incluso neste mercado, Matheus volta ao conceito utilizado em seu primeiro filme, porém com certa aproximação de sua personagem Clara (Clarice Falcão), protagonista de Eu Não Faço a Menor Ideia do que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida (2012).

Abre-se o escopo para conflitos triviais de jovens recém-chegados à faculdade. Nada parece satisfazer os ensejos despropositados e os sonhos que Clara e seu novo amigo (Rodrigo Pandolfo) tratam como figuras abstratas. Os dois optam por viver o dia-a-dia sem esmero,  mesmo com as responsabilidades batendo à porta. Os elementos são os mesmos, dando a impressão de que o horizonte é o mesmo de Apenas o Fim – a exposição através de diálogos, a câmera a serviço de personagens inquietos, que andam aparentemente sem rumo até acharem o ponto ideal de corte.

Enquanto Clara passa pelo paradoxo de ser objeto de análise e ser, de fato, a analista de todos ao seu redor por vontade própria, o filme exibe através de sua humilde armação um objetivo – ter o mesmo norte de conceitos consagrados. Seja pela dialética compulsiva de autores como Woody Allen ou Domingos Oliveira até as referências populares – que traz a ideia de vida em ciclos, atualizada apenas por novos ídolos – usadas outrora por Kevin Smith ou seriados americanos, Eu Não Faço a Menor Ideia do que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida mostra que “êxito” é sua palavra-chave. Não se mexe em time que está ganhando, ou melhor, pode-se agregar novos e valiosos nomes. Valiosos na forma literal, pois vemos Leandro Hassum, Nelson Freitas e Daniel Filho na tela. 

A saga de Clara, emoldurada por canções folk e sequências semelhantes às esquetes de humorísticos – cada personagem tem sua locação, seu habitat – pode ser decifrada como bem humorado diagnóstico sobre a fase pré-adulta, onde ainda é permitido dançar conforme a música que se quer ouvir. Ou então dançar sem música mesmo. E para Matheus Souza cabe o mesmo, pois se Apenas o Fim era um filme de preparo, Eu Não Faço a Menor Ideia do que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida exibe pouca evolução e muita preocupação em seguir normas e regras como contrassenso, no sentido de que tudo funciona em absoluto para a segurança.

Comentários (8)

jorge lucas | quarta-feira, 18 de Dezembro de 2013 - 12:21

axava essa menina linda no Elmiro Miranda Show (o meu show), mas hoje olho pra cara dela e entro em depressão de tão insossa, típica musa do mundo Indie

Natacha Alana | quarta-feira, 18 de Dezembro de 2013 - 15:23

sabe o que é bom da Clarice Falcão?

nada.

Daniel Dalpizzolo | quarta-feira, 25 de Dezembro de 2013 - 08:44

eu gostaria muito de curtir o porta dos fundos só pelos insultos à religião, uma pena que sejam tão ruins como humoristas.

Carlos Dantas | quarta-feira, 25 de Dezembro de 2013 - 10:56

Os únicos que prestam são justamente esses de \"insultos\" à religião. Aquele sobre a lenda dos 10 mandamentos é o melhor deles.

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