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Críticas

Cineplayers

Agora os bonecos mais sanguinários e simpáticos do cinema se entregam totalmente à comédia e o resultado é ótimo!

6,0

A década de 80 foi próspera em filmes de terror. Para quem era moleque, como eu, se divertiu aos montes (e se assustou também) com Freddy Krueger, Jason Vorhees e tantos outros, que não se cansavam de fazer vítimas aos borbotões, morrer várias vezes e ressuscitar tanto quanto. Chucky, O Brinquedo Assassino, foi um dos últimos a aparecer, mas se tornou tão famoso quanto seus colegas de gênero. O primeiro filme se tornou um clássico do gênero, muito bem realizado dentro de sua proposta (por Tom Holland, diretor de outro clássico do gênero, A Hora do Espanto). Seguiram-se duas continuações, que apenas reciclaram a fórmula e foram merecidos fracassos. Mas, em 1998, o diretor Ronny Yu uniu-se ao criador da série Don Mancini e subverteu o filme, assumindo um tom satírico que deu novo fôlego à série. O boneco Chucky ganhava uma noiva tão maluca quanto ele, Tiffany, e o filme se tornou um grande barato. O então sanguinário Chucky ganhou uma nova persona, deixando um pouco seu lado sangüinário e encarnando algo mais debochado, escrachado, assim como o rumo da franquia a partir de então.

Seis anos depois, o boneco mais malvado do mundo (rivalizando com aquele palhaço do primeiro Poltergeist) estrela novamente uma película. O terror foi quase totalmente deixado de lado e o negócio agora é fazer rir. E o tiro é certeiro. O Filho de Chucky é uma das produções baratas mais divertidas dos últimos tempos. Não embarque nos críticos mal humorados que não gostaram do filme. O filme é um deleite, principalmente para aqueles mais viciados em cinema, que irão se divertir com as várias citações cinematográficas e da cultura pop em geral.

O filme começa mostrando as gravações de um terror em Hollywood sobre Chucky e Tiffany, que viraram lendas urbanas, estrelado por Jennifer Tilly interpretando a si mesma. Ao mesmo tempo, na Europa, um boneco amável, mas explorado por seu dono em horror shows de ventriloquia (voz de Billy Boyd, o Pippin de O Senhor dos Anéis), vê as gravações do tal filme pela tevê e percebe que aqueles bonecos das gravações possuem uma mesma marca no braço que ele tem, "made in Japan" (produzido no Japão) e acaba por acreditar que eles são seus pais. Acaba fugindo de seu dono e vai parar na terra do cinema atrás dos "pais", que invariavelmente retornam à vida e acabam o adotando. Só que os papais malvadões não se entendem muito bem com o filhinho bonzinho, que além de tudo ainda tem problemas quanto a sua identidade sexual (ele é um boneco, portanto não tem genitais)! O boneco então passa a ser chamado ora por Glen, ora por Glenda, em uma referência mais que bacana ao filme do pior diretor do mundo, Ed Wood. Enquanto isso, os malvadinhos fazem seu banho de sangue, que para cada vítima tem uma piada tão bacana quanto!

O mais divertido de tudo é, com certeza, Jennifer Tilly como Jennifer Tilly (ela também dubla Tiffany). Sua personagem, uma atriz decadente, é um achado dos grandes. Parabéns para a atriz, que não teve medo de encarar uma personagem tão parecida como si mesmo, se auto-depreciando a todo o tempo e analisando cruelmente sua própria carreira. Em certo momento, ela se pergunta como uma atriz indicada ao Oscar (ela foi indicada a codjuvante por Tiros na Broadway, de Woody Allen) possa ir para em uma produção barata de terror trash! Mais cruel e divertido, impossível!

O filme acaba tendo problemas com alguns diálogos rasos e inconsistentes e com a falta de preparo do diretor Mancini, aqui estreando na cadeira. Ele acaba abusando dos clichês e de recursos medíocres como a câmera subjetiva, e não consegue imprimir tensão nos momentos de carnificina. Mas quem precisa disso, quando o riso é farto? Atenção para as participações especiais de gente como o ator Jason Flemyng (Jogos, Trapaças & Dois Canos Fumegantes), o diretor cult John Waters e o cantor de hip hop Redman.

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