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Críticas

Cineplayers

Um romance imortalizado, um dos melhores da última década.

8,0

"O amor verdadeiro levamos conosco"

Ghost - Do Outro Lado da Vida, lançado em 1990, tornou-se um fenômeno do romance mundial, alavancando as carreiras de Demi Moore e Patrick Swayze. Passados quinze anos de seu lançamento, fica mais fácil de raciocinar o porquê de tamanho sucesso e se o mesmo é merecido, uma vez que, ao mesmo tempo em que inúmeras pessoas choraram com o longa, outras o consideram como uma das maiores baboseiras já feitas na história.

Aqui no Brasil, o filme sofre da síndrome da sessão da tarde (algo que já havia comentado quando falei sobre Os Goonies): apesar de bom, sofre com a super-exposição por parte da televisão, que reprisou o filme de todas as maneiras possíveis em todas as ocasiões imagináveis - natal, ano novo, dia dos namorados, ou, simplesmente, em uma sessão da tarde. Tudo bem, ninguém é obrigado a gostar de um filme piegas ao extremo, que faz chorar e que tem alguns diálogos para lá de melosos. Porém, para aqueles que gostam de um bom romance, sério e sem as piadas idiotas que costumam infestar os representantes do gênero nos dias de hoje, Ghost é uma das mais novas obras-primas do cinema. Com seus defeitos, claro, mas um filmaço.

Conta a história de Sam (Patrick Swayze), um jovem bancário que descobre uma fraude milionária na empresa em que trabalha e acaba assassinado. Sua mulher, Molly (Demi Moore) fica abaladíssima com a situação, recebendo ajuda do melhor amigo da família, Carl (Tony Goldwyn). Porém, Sam, em forma de espírito, conta com a ajuda da falsária Mae Brown (Whoopi Goldberg) para convencer Molly de que ela precisa ajudá-lo a descobrir quem o matou.

Três essenciais fatores que fazem Ghost dar certo: o romantismo tratado com cuidado, o roteiro bem amarradinho e uma canção tema marcante para completar a receita. O romantismo é essencial, uma vez que o filme tem que ser levado com cuidado, aos poucos, sem atropelar nada, para que as pessoas se afeiçoem aos personagens e entendam seus ganhos e perdas com cada acontecimento - e é exatamente aí que o roteiro entra, construindo ações convincentes o suficiente para o público esquecer que aquilo é apenas um filme e passe a torcer pelos personagens. É então que a canção tema entra e faz todos chorarem, afinal, sentem exatamente a mesma coisa que os personagens estão sentindo. Como esquecer, por exemplo, a seqüência em que Sam e Molly estão moldando no barro ao som de Unchained Melody, imortalizada por The Righteous Brothers? É simplesmente uma das cenas mais bonitas da década passada e uma das melhores de toda a história do cinema.

Ao contrário do que muitos pensam, essa canção não foi premiada com o Oscar. As duas estatuetas que o filme possui são provindas de seu já elogiado roteiro e de Whoopi Goldberg, que ganhou o prêmio pelo papel da vidente falsária, extremamente engraçada e tocante, sentimentos contraditórios que combinaram muito bem graças ao seu excelente trabalho. Coincidências ou não, Jerry Zucker, que dirigiu o filme, é um especialista em comédias. Se o mérito é de Whoopi ou dele, nunca saberemos dizer. O que importa é que na tela funciona. No elenco, temos ainda um divertido Vincent Schiavelli, que faz o fantasma do trem. Patrick Swayze deu muita, mas muita sorte mesmo do filme ter a força que tem, uma vez que sua atuação não tem nada demais. Seu rosto inocente e bonito consegue transmitir muito bem a mensagem por si só, uma vez que as caretas que o ator faz são péssimas (veja, por exemplo, o trimilique que ele dá interpretando a cena em que Sam se vê morto).

Ghost funciona ainda melhor com pessoas que já tiveram experiências de perda. Não me refiro apenas à morte, mas também a todos aqueles que já perderam um grande amor de algum jeito. Apesar do texto ter algumas imbecilidades, seus momentos mais tocantes são sinceros o suficientes para fazer todos chorarem - no México, o ingresso feminino vinha acompanhado de um lenço. É o típico filme que entretém, diverte e faz chorar. Ou seja, uma bela fórmula do sucesso. Só que a mensagem é bonita, convincente, tem suas cenas fortes (além do barro, há o maravilhoso final, a impressionante chegada dos seres do inferno, etc), o que faz o filme ser muito maior do que seus pequenos defeitos.

Não caia no erro de julgá-lo por sua exposição. Assista a Ghost - Do Outro Lado da Vida com um olhar mais romântico, artístico que você encontrará seu valor mais sincero: o amor. Não importa quantas vezes repita a sessão, seus olhos sempre terão um compartimento extra de lágrimas. Gosto mesmo de Ghost e não tenho a menor vergonha em dizer isso.

"Eu te amo"
"Idem"

Comentários (2)

Cristian Oliveira Bruno | terça-feira, 26 de Novembro de 2013 - 16:45

ODEIO GHOST E SUA MÚSICA CHATA!!!!! Gostava do Swayze, mas esse filme é muito chato.....

Luiz F. Vila Nova | sábado, 13 de Dezembro de 2014 - 23:28

Gosto bastante do filme também, Cunha. Mesmo o romance açucarado e o tema fantasioso da vida após a morte não me incomodaram, visto que o filme tem muito mais a oferecer, como um roteiro criativo e bem amarrado, um humor inteligente (Whoopi Goldberg, genial), ação, suspense e terror (a cena dos espíritos malignos é arrepiante). Um clássico imortal do cinema que merece ser visto e revisto.
PS. A canção-tema é de uma beleza exemplar.

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