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Críticas

Cineplayers

Um filme que seria exatamente igual aos antecessores, se não fosse por um pequeno detalhe: finalmente a história dá um passo à frente.

7,0

Não irei perder tempo apresentando o bruxinho mais famoso do mundo – afinal, quem ainda não conhece a franquia Harry Potter provavelmente não viveu no mesmo planeta que nós nos últimos anos. Um ano depois do lançamento de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, chega aos cinemas do mundo todo Harry Potter e o Cálice de Fogo, mantendo o clima dark proposto por Alfonso Cuarón e finalmente dando um novo gás à trama da série (que, digamos, nos três primeiros filmes da franquia, era cachorro correndo atrás do próprio rabo).

E parece que o diretor Mike Newell concorda comigo quando digo que o bruxinho dispensa apresentações: ao invés de começarmos mais uma vez o filme na casa dos tios de Harry, somos jogados direto dentro da trama, com ele e seus amigos chegando até o prestigiado campeonato mundial de Quadribol. Em uma seqüência absolutamente fantástica, chegamos até o estádio onde ocorrerão os jogos do campeonato, porém, quando a partida parece que terá início... Corta-se o jogo! Foi simplesmente inacreditável!

Este considerável primeiro erro nos faz ficar com uma pulga atrás da orelha quanto ao resto do filme, mas, felizmente, com o desenrolar da trama, este tipo de coisa fica para trás devido ao fascínio que aquele fabuloso mundo concede em nossas mentes. Se J.K. Rowling não é uma escritora muito criativa quanto à narração e acontecimentos sucessivos, pelo menos ela tem uma capacidade brilhante de criar itens cativantes que mexem com nosso mais profundo eu infantil.

Só que se O Cálice de Fogo ficasse nessa mesmice de novo, a série poderia ser enterrada e esquecida. Mas não é o que acontece. Considero este quarto filme como o segundo real da franquia, afinal, depois de Harry Potter e a Pedra Filosofal, este é o primeiro longa que leva a trama realmente à frente. Harry, misteriosamente, é escolhido para participar de um importante torneio entre bruxos que, neste ano, será sediado em Hogwards. Em meio às complicações impostas pelas tarefas de tal torneio (onde, novamente, a omissão do diretor de seqüências relevantes à história deixa as coisas um pouco sem sal), Harry deve ainda confrontar novamente Voldemort, que desta vez está realmente disposto a ser uma criatura com existência própria.

Criaturas magníficas, novas magias, soluções criativas e muitos locais paradisíacos ajudam a tornar este incrível mundo verossímil aos olhos do público, que continua a se cativar e torcer para Harry conseguir superar seus novos desafios. Abandonando de vez o estilo feliz e seguro de Columbus, tudo toma importância com a personificação de Ralph Fiennes em um dos papéis principais da história central. O amadurecimento do trio principal é totalmente visível aos olhos do público, afinal, seguindo a idade fisiológica de seus personagens na tela, Daniel Radcliffe, Rupert Grint (fazendo menos careta ainda) e Emma Watson também cresceram e estão realmente amadurecendo – como podemos perceber na divertida seqüência do baile.

Esse importante avanço na história vem para confrontar com a regressão psicológica dos personagens. A inveja sentida por Rony é infantil e desnecessária à trama, afinal, não muda em nada os sentimentos do jovem por Harry e poderia ser carta fora do baralho por um filme um pouco menor, já que suas duas horas e quarenta, apesar de passarem voando, poderiam ser melhor aproveitadas (uma grande quantidade de sub-histórias ficou de fora, tudo porque a Warner queria fazer dois filmes sobre o material, mas o diretor preferiu fazer os cortes e deixar o longa sendo apenas um).

Esse equilíbrio é completado pelas belas seqüências de ação, já tradicionais da franquia, que servem para deixar todos grudados nas cadeiras enquanto estamos assistindo ao filme. E o que faz Harry Potter e o Cálice de Fogo ser melhor que seus antecessores é justamente esse passo que ele dá na história: agora não precisamos mais conhecer os personagens, já que tivemos três filmes para ficarem rodando em um mesmo lugar. Se não fosse isso, ele seria exatamente igual a tudo o que vimos até aqui na série. Tudo já está apresentado, então é continuar seguindo o caminho traçado por Rowling e ver até onde estes tijolos dourados irão nos levar.

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