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Críticas

Cineplayers

Nova despedida da Terra Média em boa forma.

7,0

Sei que deveria ser mais justo e analisar a trilogia O Hobbit por si só, mas isso é impossível por uma série de motivos. O primeiro e mais óbvio é que ela não apenas foi escrita pela mesma pessoa, Tolkien, como levada ao cinema também pelo mesmo realizador, Jackson, unificando a cinematografia dos longas. A segunda é a série de conexões que a mesma fez com a trilogia original, que a todo momento nos lembram que estamos sim vendo filmes de um mesmo universo, onde um influencia diretamente o outro. A última, e não menos importante, são as incontáveis aparições de personagens conhecidos – na tela ou apenas em citações – que já ligam as histórias de maneira direta.

Claro que O Hobbit é diferente de seu irmão mais famoso. A história é mais curta e simples, claramente mais infantilizada, e estranhou-se a informação de que ela seria dividida em três filmes. Bom, agora que o terceiro e último deles, chamado O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, chegou aos cinemas, dá para ter uma noção se a decisão foi acertada ou não.

Convenhamos, Bilbo já deixou de ser o protagonista dessa trilogia há muito tempo. Como disse no primeiro filme, ele estaria saindo em uma aventura, aventura essa que acompanha de perto, influenciando diretamente, puramente para ajudar os outros a resolverem seus problemas mais graves. Mais uma coincidência com O Senhor dos Anéis? Nenhuma, já que os hobbits lá também estavam apenas de coadjuvantes de algo muito maior. A diferença é que Frodo e Sam conseguiram realmente se tornar protagonistas, pois toda hora influenciavam o rumo de todos, algo que Bilbo não consegue repetir com tanta frequência. Sim, ele tem atitudes importantes, principalmente nesse terceiro filme, mas não passa nem perto do peso que o Rei dos anões Thorin e o líder nato dos humanos Bard tem para a história.

Smaug havia terminado o segundo filme em um duvidoso cliffhanger a caminho da cidade. O que poderia ser um belo final para a desolação acaba servindo apenas de introdução para este terceiro, que só mostra seu letreiro título após a conclusão desta parte da trama. O lado ruim disso é que A Desolação de Smaug já era um filme fraco, de transição (algo que O Senhor dos Anéis: As Duas Torres fez com muito mais eficiência, ser o trabalho de ligação), acabou ficando pior, pois o esperado clímax acabou não acontecendo.

O lado bom é que A Batalha dos Cinco Exércitos já começa na velocidade máxima, pois Smaug deixou aquele lado intelectual adolescente de lado para mostrar do que realmente um dragão é capaz - e aqui, como um jogador de RPG, cometo o sacrilégio de menosprezar a inteligência desse ser. Não que Smaug não seja inteligente; ele é. Só que, do jeito que foi feito, aquele jogo de gato e rato com Bilbo só fez com que ele saísse como um idiota na história, o que é recompensado no começo desse terceiro filme. Aqui, Smaug está realmente feroz, imponente (o físico agora impressiona), voando alto, de asas abertas, com peito flamejante e uma cidade completamente destruída depois. É uma pena que tudo acabe tão rápido, pois a julgar que o próprio dragão estampou a capa de alguns cartazes do longa, dava para notar que aquilo deveria ter demorado um pouco mais.

A salada de frutas vem depois disso. Misturando uma série de acontecimentos de outros livros de Tolkien (talvez por limitação de direitos autorais), a história segue para uma batalha épica entre vários povos. Anões devem defender sua terra natal de elfos, que vêm em busca do que é seu, de humanos, que buscam reconstrução, e de Orcs, que veem na montanha um local estratégico para dominarem a Terra Média, além de todo o ouro que ali contém. E aí, meu amigo, é que a parada fica séria.

O filme é porrada empolgante do início ao fim, pois há muita coisa para ser resolvida em pouco tempo – esqueçam as três horas de duração; A Batalha dos Cinco Exércitos tem pouco menos de duas horas meia que passam voando. Agora sim, como um bom nerd amante de RPG, é de enlouquecer ver o Legolas fazendo suas legolices, ver anões montando em seus bodes de guerra, empunhando martelos gigantescos e esmagando a cabeça de orcs ao invés de cortá-las (coisa linda) e aquelas construções milenares enormes servindo de cenário para tudo. É de chorar a direção de arte dessa série como um todo. Quem conseguir se envolver o suficiente ainda achará motivos para se emocionar em diversos momentos, que vão contando o destino daqueles personagens que acompanhamos nos últimos dois anos. A trilha ajuda bastante para isso.

No geral, a história de O Hobbit é bem mais particular aos anões do que toda a Terra Média em perigo como foi em O Senhor dos Anéis, o que dificulta na empatia com a jornada. Não é a toa que os momentos mais interessantes e grandiosos sejam justamente os que remetem à outra trilogia, seja quando nota-se a ligação de maneira mais singela (Saruman, pequenos objetos pela história) ou mais óbvia (os nove Nazgûl, que estão com um visual muito mais espetacular aqui, ou a aparição de Sauron). Visualmente impressionante, não dá para dizer que o filme não empolga já que dessa vez ele engrena – e muito -, e há tempo tanto para as lágrimas quanto para o sorriso, então, de maneira geral, sim, este terceiro capítulo acabou se saindo bem satisfatório, ainda que agora haja a certeza de que três filmes foram um exagero e tanto.

Comentários (24)

Walter Faria | segunda-feira, 15 de Dezembro de 2014 - 15:12

Gente, nem os efeitos especiais são bons, e olha que isso é a única coisa que se espera de um filme desse porte. Aquele anão primo do Thorin, a galhada do bixo que o Thranduil monta, a Galadriel versão Samara... é tudo claramente artificial.

Eduardo Gomes | terça-feira, 16 de Dezembro de 2014 - 18:08

Melhor que o segundo (que quase é um desastre) e inferior ao primeiro

Alexandre Koball | quarta-feira, 17 de Dezembro de 2014 - 07:42

As imagens, composições, e efeitos são maravilhosos, os melhores da série. Recebeu um acabamento digno. A versão definitiva será a estendida, se assistir é possível que reveja a avaliação.

Arthur Brandão | domingo, 21 de Dezembro de 2014 - 22:02

O pior filme em muito tempo. ''Pô PJ o que tu tava fumando quando decidiu fazer esse filme?'' Decepcionado em todos os sentidos. 😢

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