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Críticas

Cineplayers

A Desolação de Smaug segue Bilbo e os anões em sua aventura inesquecível.

8,0

Antes queridinho do público e da crítica quando lançou a trilogia do Anel em 2001, Peter Jackson virou alvo de desconfiança ao lançar O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, 2012) em 2012 com resultados não tão espetaculares. Desta vez não houve premiações, participação em dezenas de listas e amor quase que incondicional. Ainda assim, o filme faturou mais de US$ 1 bilhão ao redor do mundo. O que, é claro, não é indicativo de boa ou má qualidade, em absoluto. O segundo capítulo, O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: The Desolation of Smaug, 2013), chega aos cinemas com expectativas bem mais moderadas, mas a choradeira dos críticos parece não parar...

Alguns simplesmente não querem aceitar que O Hobbit foi dividido em três partes – duas eram suficientes, dizem. Ou então dizem que os filmes são muito carregados, com muita informação visual e personagens desnecessários. Ou então os filmes são muito infantis, não são tão épicos quando O Senhor dos Anéis. Ou então a nova tecnologia de 48 quadros por segundo é feia e estranha. Enfim, O Hobbit – as duas partes lançadas até o momento – é alvo dessas e outras críticas repetitivas e aborrecidas, algo que tirou completamente a chance desta nova trilogia alcançar os mesmos níveis de aceitação da trilogia original (e, acredite, haja o que houver em Lá e De Volta Outra Vez, o tom das críticas continuará esse).

A Desolação de Smaug é uma sequência direta e natural de Uma Jornada Inesperada (é óbvio), e aqui não há espaço para introduções. A obra, portanto, é mais ágil e dinâmica. Porém, o clima do filme anterior é mantido; as histórias paralelas também continuam a existir, para o deleite dos fãs e a reclamação dos não-fãs; e o excesso de efeitos especiais e personagens é mantido. Ora, estas todas são características de O Senhor dos Anéis. Aqui, nota-se que Peter Jackson (como roteirista) tentou fugir um pouco da obra literária de O Hobbit para inserir novas cenas que vão além dele, e situam o filme como uma prévia muito bem desenvolvida de O Senhor dos Anéis. Bilbo, nosso hobbit do título, inclusive, perde a protagonização em certos momentos, o que de forma alguma é um ponto negativo.

Não acredito que seja possível dizer que A Desolação de Smaug seja melhor ou pior do que o primeiro capítulo, pois um complementa o outro e vice-versa. Há, claro, Smaug, que ocupa todo o ato final d'A Desolação, e é uma adição carismática, ameaçadora e das mais interessantes do mundo de Tolkien até o momento nas telas do cinema. Neste caso, a antecipação foi justificada, e Smaug é um personagem deveras admirável, que faz valer o segundo capítulo. O filme, se de alguma forma se diferencia do primeiro capítulo, é no tom mais sombrio – talvez um pedido dos fãs atendido por Jackson. Não há piadinhas de anões ou sobre anões (inclusive, é o filme com menos humor de todos os cinco até aqui da hexalogia) e, embora esses personagens não sejam tão admiráveis quanto Aragorn de O Senhor dos Anéis (por exemplo), apresentam algumas facetas que os tornam razoavelmente complexos (pelo menos Thorin, que apresenta sempre um ar de dualidade que coloca em dúvida até a lealdade de Bilbo para com ele).

Em tudo isso, é impossível deixar de comentar que há um tom mais promíscuo nesses novos filmes. Parecem ser mais apressados, com menos cuidados nos detalhes. Há mais computação gráfica e menos trabalho manual. Peter Jackson aparenta, de fato, estar mais cansado, e o que confirma isso é que já foi declarado que ele se dedicará a trabalhos menores, que o farão voltar ao início de sua carreira como diretor. E O Hobbit é um conto simplesmente menos imponente do que O Senhor dos Anéis – a obra máxima de Tolkien – o que faz com que, naturalmente, os filmes sejam menos épicos. Algo óbvio, que não deveria denotar pontos negativos e reclamações. O Hobbit, no final das contas, continua sendo uma aventura das mais bem produzidas, com pontos específicos de tirar o fôlego, alguns pares de cenas memoráveis e de beleza visual acima da média (porém, este ano, deve perder o espaço nas premiações para a inovação de Gravidade (Gravity, 2013) em quesitos técnicos).

Se no capítulo anterior havia, ao final, a sensação de que “o melhor ainda estava por vir”, aqui certamente devemos lembrar que o melhor não é necessariamente o ponto de chegada, e sim a própria jornada. E já estamos nela. E esperar mais do que isso é querer algo que não é possível.

Comentários (54)

Arthur Brandão | domingo, 02 de Novembro de 2014 - 20:28

Concordo plenamente Koball 😏

Ted Rafael Araujo Nogueira | quinta-feira, 08 de Janeiro de 2015 - 22:26

Repete alguns erros do primeiro, mas retira a infantilidade da narrativa e parte para um viés mais sombrio e mantém o apuro visual. Erra em surgir com um romance piegas entre raças diferentes e peca na desastrosa construção do poderoso idiota Smaug.

Pra quem se interessar escrevi a crítica na íntegra no meu Blog:

http://cinemaapocalypze.blogspot.com.br/2015/01/o-hobbit-desolacao-de-smaug-2013.html

Robson Oliveira | quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2019 - 08:54

Pro pessoal que diz que o filme saiu chato e ruim, imagino eu que conviver com os senhores(as) SIM deve ser chato, cansativo e um desperdício de tempo. Excelente adaptação, o livro do Hobbit não foi feito pra ser comparado com O Senhor dos Anéis, e sim pra divertir e contagiar, se faltou emoção? Não achei que faltou, o único erro do filme foi tentar criar um romance desnecessário na trama, maaaasss em NADA prejudicou a experiência memorável, divertidíssima e belissima, que foi poder me sentir novamente na terra média!


FILMAÇOOOO!

Walter Prado | sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2019 - 11:57

" o livro do Hobbit não foi feito pra ser comparado com O Senhor dos Anéis, e sim pra divertir e contagiar"

Bom, mas aparentemente Jackson não sabia disso, ao espalhar um livrinho infantil em 3 filmes de 3 horas (como O Senhor dos Anéis), com ares épicos (como O Senhor dos Anéis).

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