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Críticas

Cineplayers

Michael Bay cumpre o que se espera dele: muita ação de tirar o fôlego e muitos furos no roteiro.

6,0

Alguns assuntos são mesmo um prato cheio para o cinema. Falo de temas como viagens no tempo, realidade alternativa e, atualmente, clonagem de seres humanos. Cito esses temas como exemplo, pois são assuntos que por mais que sejam discutidos sempre é possível abrir uma nova gama de possibilidades a serem exploradas.

Infelizmente poucos são os filmes que conseguem uma ótima abordagem do tema, mesclando um roteiro sóbrio sem se tornar cansativo (como o ótimo Gatacca - A Experiência Genética), mas também sem extrapolar nos exageros das possibilidades (como no dispensável O Sexto Dia).

A Ilha aborda um assunto da atualidade, a clonagem de seres humanos. Até onde é possível ir para melhorar a qualidade de vida das pessoas e garantir sua sobrevivência? Um clone possui uma alma? Seria ético criar uma vida instantânea para salvar uma outra? Infelizmente esses assuntos não são profundamente discutidos no novo longa de Michael Bay, mas as poucas pontas disponíveis já são capazes de fazer qualquer um pensar sobre o assunto. Bom, ao menos qualquer um que não entrou na sala do cinema apenas para ver ação desenfreada com fugas alucinadas e explosões espetaculares.

É inegável que os que buscam um filme reflexivo sobre os benefícios ou o malefícios da clonagem  devem evitar. A Ilha é um bom filme de ação/ficção abordando um tema atual, mas passa longe de ser uma jóia como Gattaca, por exemplo. Existem algumas boas cenas, como o "berçário" dos clones ou a fuga de um "produto" que se nega a cumprir sua função. Mas a abordagem do assunto "clonagem como banco de órgãos" é apenas superficial, sem entrar em maiores detalhes ou debates sobre o tema.

O enredo gira em torno de Lincon Six Echo (Ewan McGregor),  um "sobrevivente" de um mundo devastado que vive em um complexo subterrâneo para fugir de uma contaminação que tomou conta do mundo. O complexo é uma grande sociedade onde centenas de outros sobreviventes vivem executando tarefas das quais não sabem exatamente a finalidade e aguardando ansiosamente o sorteio da próxima loteria que garante a passagem de um felizardo que sairá do complexo para uma ilha paradisíaca, o único lugar do mundo salvo da destruição.

Tudo corre bem até o momento que Lincon começa a questionar a situação em que vivem. O que são e para onde vão os tubos que eles alimentam com vitaminas? Por que os "escolhidos" se vestem de branco e são tidos como especiais? E todas suas dúvidas acabam o levando a descobrir toda a verdade: que não passam de produtos criados sob encomenda para servir como peça de reposição, caso o original necessite de algum transplante.

E ao descobrir isso,  Lincon parte em uma fuga desesperada, levando consigo sua grande amiga Jordan Two Delta (Scarlett Johnansson) por quem nutre uma certa atração (mesmo sem ter noção do que seria uma atração, já que os clones nascem sem noção de sexualidade) e que recentemente foi sorteada para partir para a ilha. E durante a fuga começam as cenas de ação de tirar o fôlego, no melhor estilo Michael Bay.

O roteiro possui diversos furos (por mais que os procurem evitar), diálogos medíocres e situações clichês. As atitudes de alguns personagens são bastante questionáveis, como por exemplo, o mercenário Albert Laurent (Djimon Hounson) tomar uma atitude um tanto drástica ao estar na dúvida entre quem é clone e quem é o humano verdadeiro. Imagino que alguém com sua experiência teria imobilizado o que parecia mais perigoso e levado ambos para uma inspeção cuidadosa.

Em outro momento, o mesmo personagem questiona o diretor da instituição que cria os clones sobre a ética de matar como um negócio comércial. Mas como mercenário não é exatamente o que ele faz? Tanto que nem pestanejou ao dar a ordem de que os fugitivos deveriam ser eliminados. Então acho incoerente uma lição de moral vir de um personagem que faz quase o mesmo tipo de trabalho sujo.

Ainda como ponto negativo vale ressaltar as interpretações, que estão apenas passáveis e o visual é um tanto quanto poluído (isso fora do complexo, contrastando com o visual "clean" do mesmo). Scarlett Johnansson parece um tanto desconfortável fazendo um filme de ação e Ewan McGregor, apesar de ok, não está tão bem quanto conferimos em sucessos como Episódio III e Moulin Rouge.

Mas em contrapartida a história possui um certo conteúdo que costuma faltar nos filmes de Bay, acrescidas de cenas de ação de tirar o fôlego (como é sua especialidade) garantindo um bom espetáculo visual. A Ilha é um filme que deve ser visto sem compromisso. Pode levantar questões sobre a ética da clonagem, o que garante um ponto positivo, mas o resultado final é um filme pipoca que até garante duas horas de entretenimento. Recomendado apenas caso já tenha visto bons lançamentos como A Fantástica Fábrica de Chocolate e Sin City.

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