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Críticas

Cineplayers

Uma bomba das feias.

1,0

Criado para ser o primeiro blockbuster de 2008, Jumper assemelha-se a um entediante vídeo-game de um só movimento: você tem o poder de teletransportar-se de um ponto a outro do planeta Terra – de alguma forma que nunca nos é explicada – e só! A partir dessa premissa, feita com cuidado para não fundir a cuca de seu público-alvo – os adolescentes nas matinês – o objetivo dos produtores de fato foi cumprido: o filme fez muito sucesso (principalmente por causa de sua campanha de marketing) e já comenta-se sobre uma sequência. E pensar que o diretor Doug Liman já levou para as telas, de forma muito competente, filmes como Vamos Nessa e, principalmente, o ótimo A Identidade Bourne. Falar de talento desperdiçado é pouco.

Aqui, Liman utiliza-se de um roteiro escrito a três mãos e adaptado a partir de um romance de Steven Gould para tentar criar um filme movimentado e que entretenha de forma ininterrupta durante 90 minutos. O resultado final, porém, assemelha-se a um monte de sequências de ação burocráticas, sem imaginação alguma e com efeitos especiais fraquíssimos. A cereja desse bolo estragado, finalmente, são as interpretações, sobretudo a de Millie Harris, que faz a mocinha do filme em uma das piores atuações dos últimos anos. Dona de uma beleza bem normal (embora sua expressão arrogante torne ela quase feia em algumas cenas), a garota consegue a proeza de tirar a pouca emoção que as cenas de ação já proporcionam. Complementando, temos Hayden Christensen totalmente deslocado fazendo papel de adolescente. Só faltaram as espinhas na cara, aí o show ficaria completo.

E não adianta nem falar do elenco coadjuvante. Nesse caso, o ideal é poupar os nomes de Samuel L. Jackson e Diane Lane, que utilizaram-se do filme para pagarem algum novo investimento custoso. Ou algo que o valha. O filme soa tão artificial, tão feito para agradar um nicho de mercado, que consegue, sem muito esforço, deixar todo o restante da audiência em um estado de tédio completo, tamanho a previsibilidade de seu roteiro e seus personagens fraquíssimos, compostos por estereótipos aborrecidos e, como já foi comentado, interpretados por atores em esforços pífios. Se há uma boa qualidade de Jumper, esta talvez – talvez – esteja nas possibilidades que a história teria a oferecer, mas que o roteiro fez questão de manter afastadas: quem são os Jumpers? Qual sua origem? Por que são tão estúpidos e, com um poder tão maravilhoso, limitam-se a realizar atos fúteis?

Há, entre a meia dúzia de sequências de ação, flashs (quase que literalmente) de cenas excitantes. Momentos raros onde o objetivo dos produtores realmente foi alcançado de fato e o espectador pode chegar a pensar, quem sabe, talvez, em começar a ficar boquiaberto. Quando o filme passa a querer desenvolver a história de fundo, sobretudo a de David (Hayden), torna-se uma piada de mal gosto, daquelas que faz doer ao notarmos que estamos testemunhando cenas que nos tirarão minutos de vida que poderíamos ter utilizado em algo mais prazeiroso. Não há fundamentação nenhuma para as motivações dos personagens, e no final somos obrigados a testemunhar explicações atropeladas sobre alguns dos acontecimentos do filme.

Pode-se soar arrogante ao julgar um trabalho cinematográfico de forma tão seca e odiosa. Não chega a tanto, não há porque ter ódio de Jumper, apenas o desprezo total já é mais do que o suficiente. Ele representa o lado feio, sujo e fútil de Hollywood. A sujeira vem do fato de tentarem jogar um trabalho desse nível goela abaixo dos espectadores a partir de uma campanha de marketing abusiva. A futilidade vem da total superficialidade do roteiro do filme. A feiura vem da total falta de qualidade artística em todos os setores – atuações, direção e parte técnica. Um filme para não ver. E se for visto, para ser esquecido.

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