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Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros

(Jurassic World, 2015)
6,5
Média
436 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Um igual diferente.

7,0

Não deve ser fácil para nenhum filme ser sequência de uma obra-prima como Jurassic Park - Parque dos Dinossauros (Jurassic Park, 1993), e toda a história do cinema já serve para provar isso. Depois de dois filmes fracos (o terceiro é muito pior do que eu lembrava), não é a toa que o mundo olhou torto para este Jurassic World (idem, 2015). Quando o primeiro trailer foi lançado, trouxe dinossauros modificados geneticamente, um parque imenso e situações familiares, além de um protagonista pilotando uma moto floresta a dentro com raptors o acompanhando como mascotes. Mas que porra era aquela?

De alguma maneira, o filme foi lançado e já é um sucesso comercial até o momento em que este texto é escrito; já bateu os 200 milhões de dólares apenas nos EUA. Mais uma vez, não ao acaso: diferente e ao mesmo tempo uma cópia do original (isso será desenvolvido), Jurassic World é um filme bastante competente e bom, mas de ação. Esqueça o status quo de arte que o primeiro alcançou. O que interessa em Jurassic World é a ação pura e desenfreada, sem perder tempo com nuances ou desenvolvimento mais aprofundado. Isso acaba sendo um reflexo de sua geração, ansiosa, direto ao ponto, que mal respira ou pensa antes de agir, e também funcionando como uma apresentação da franquia a este novo público. Se antes os filmes começavam com um acidente, esse já começa com o nascimento de raptors – famosa sequência do primeiro filme, mas sem o mesmo esmero. Não há tempo a perder.

Como o próprio plot diz, as pessoas não se impressionam mais por dinossauros e o parque precisa de algo novo e maior para continuar atraindo público; assim como o cinema e suas continuações. Ficção e realidade andam lado a lado e, quando lançado, em 1993, Jurassic Park impressionou pela sua tecnologia e pelo realismo dos dinossauros. Ainda que a técnica usada continue funcionando (simplesmente não envelhece!), dinossauros há muitos anos deixaram de ser bonecos em stop motion mal feitos de filme B e se tornaram comuns para uma geração difícil de impressionar. Com isso, vieram os “modificados geneticamente”, ainda mais perigosos e letais do que os seus irmãos “naturais” (os originais já utilizavam DNAs de terceiros). É óbvio que um bicho tão inteligente e de instinto tão assassino assim criado em laboratório ficará solto e mais uma vez aterrorizará um parque que vinha funcionando normalmente e muito bem (no filme, desde 2005), senão não haveria história. Mas não acredito que seja apenas isso que está agradando o público em geral.

Jurassic World decidiu abandonar os convencionalismos de uma Hollywood politicamente correta, que abusava da censura para deixar os filmes (cada vez mais caros) acessíveis a um público maior (baixando os PGs e teoricamente faturando mais), trazendo a violência, ainda que não exagerada, muito mais palpável e visível ao público. O sangue escorre mesmo, espirra em vidros, os bichos aparecem devorando com vontade suas vítimas e até mesmo mulheres podem morrer (primeira vez na série) diante de feras que apenas seguem seus instintos pré-históricos. O resultado? Este enorme sucesso, o que certamente influenciará demais blockbusters daqui para frente. Isso me lembra mais ou menos a época da contra cultura americana, com filmes crus e experimentais que surgiram em meados dos anos 70 e salvaram Hollywood de seu elitismo previsível.

Para afirmar essa decisão acertada de deixar tudo mais visceral (e errar ao apressar tudo), temos uma história recontada. É impossível não notar como o filme é praticamente uma refilmagem do original contada de maneira mais moderna, com atrações atualizadas e demais apetrechos futuristas para agradar a um público fanático por tecnologia. Há os dois irmãos em perigo, há a recriação da cena deles expostos ao maior perigo do parque em um veículo fechado e teoricamente seguro, há a tensão constante entre um casal, há o excesso de confiança da organização do parque, o funcionário que acaba ajudando o caos e até mesmo uma atualização na história, com pessoas interessadas de forma militar nos dinos. É coisa para caramba.

Ou seja, a história que funcionou em 1993 continua funcionando apenas com uma repaginada que muita gente não vai nem perceber, ainda que a narrativa seja totalmente posta de lado nesse meio do caminho. Há uma subtrama totalmente desnecessária dos pais dos meninos, o relacionamento com a tia é mal desenvolvido e até mesmo o T-Rex é sub aproveitado. Só que a ação é de primeira, conseguimos entender tudo o que está em tela (algo raro) e a química entre os personagens funciona. Os dinossauros realmente impõem medo, a tensão é constante e isso é um acerto em cheio com o público em geral que vai ao cinema buscando uma experiência. Filmes de ação precisam de vilões fortes para funcionar e isso Jurassic World tem de sobra.

É natural que os clássicos protagonistas dos filmes anteriores não estejam nesse, afinal, apesar de ser um reboot e isso necessariamente implicar em um elenco novo, o filme respeita – e muito – a obra original, sendo uma sequência direta dele e, considerando tudo o que foi visto até aqui na franquia, é óbvio que eles não pisariam de novo nessa ilha por nada nesse mundo. Claro que poderiam ir forçados, mas isso já foi o plot de Jurassic Park III (idem, 2001), então eles não poderiam repetir. O único personagem que está de volta é o Dr. Henry Wu, que faz o link tecnológico e científico entre as obras.

Pequenas e pontuais homenagens acontecem a todo o momento (e farão quem é fã da obra clássica se emocionar, principalmente com as citações a John Hammond, personagem de Richard Attenborough, falecido em 2014), mas não dá para negar que esse elenco novo, mesmo que não tenha a mesma química, funciona muito bem. Chris Pratt é o nome do momento e um belo representante dos carros chefes de filmes de ação, que de uns anos para cá estavam com poucos nomes de peso para substituir The Rock e Jason Statham, que começam a envelhecer depois de representarem o gênero nos anos 2000. O cara é carismático, bom ator, divertido e daqui para frente o veremos bastante em tela. Já Bryce Dallas Howard é outra a representar uma nova geração de mulheres mais fortes, de cabelos ruivos cortados de forma simetricamente perfeita, disposta a correr de dinossauros em cima de salto alto sem perder a pose – símbolo da mistureba louca e sem freio de mão que é esse Jurassic World, um filme que assume o espetáculo e se orgulha disso.

Deixando uma óbvia ponta para sequências, não tem o mesmo requinte que o original, mas ao ser extremamente divertido e dialogar tão bem com sua geração, este Jurassic World traz a franquia de volta à evidência e os holofotes para animais que tinham sido extintos mais uma vez.

Comentários (16)

Felipe Lima | terça-feira, 16 de Junho de 2015 - 17:51

Crítica excelente.

Arthur Brandão | quinta-feira, 18 de Junho de 2015 - 20:06

O filme é bom cara. Pra quem é fã do primeiro, fã de Dinossauros e todo esse mundo incrível. Falam do CGI... whatever cara... E daí que antes eram animatronics, robôs, etc, Chris Pratt é um ator carismático, e além dos efeitos - que são bons, contrariando muita gente que reclamou disso - o filme tem um ponto forte pra quem é fã dessa franquia. Melhor que o segundo e o terceiro, e inferior ao primeiro, mas também cara... existir algum melhor que o primeiro é quase uma missão impossível.

Maik Brasil | quinta-feira, 25 de Junho de 2015 - 21:47

Ótima critica, o filme alcançou minhas expectativas.

Karlos Fragoso | quinta-feira, 02 de Julho de 2015 - 11:26

Gostei muito do filme. Teve uma pegada diferente dos outros, com o lance do Dinossauro inteligente.

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