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Críticas

Cineplayers

O sensível sinal de desgaste.

6,0

Karatê Kid 3 - O Desafio Final (The Karate Kid - Part III, 1989) saiu apenas cinco anos após o original. Não dá para saber ao certo se este curto espaço de tempo contribuiu de forma significativa para o desgaste da série, que começou a funcionar em tom de auto-paródia e com um Daniel Larusso velho demais para um papel de garoto jovem e sonhador, o que talvez explique a primeira decepção em bilheteria que um trabalho com o nome Karatê Kid presenciou.

Ralph Macchio, já com 28 anos e mais gordinho, prejudica a continuidade da história, que segue exatamente quando Daniel e Sr. Miyagi (mais uma vez Pat Morita, excelente) voltam do Japão para Los Angeles. Ele não vai para a faculdade como todos pensavam, utilizando o dinheiro que ganhou na aposta (também do segundo filme) para abrir uma loja de bonsais com o Sr. Miyagi, em uma mensagem duvidosa sobre perspectiva de vida e estudos.

Porém, um dos grandes amigos de John Kreese (Martin Kove), o milionário dono de diversas atitudes ilícitas Terry Silver (Thomas Ian Griffith), decide se vingar de nossa dupla, contratando um jovem lutador violento para participar do torneio novamente com Daniel, que não está disposto a defender o título. Terry então bola um plano para que ele participe obrigado, mesmo contra a vontade do Sr. Miyagi, e confronte tudo o que aprendeu ao lado de seu sensei.

Só que essa revisitação à temática do primeiro filme, apesar de estar dentro de um contexto, é um pouco falha na execução: Daniel não parece ter mais idade para ficar batendo boca com o Sr. Miyagi, ao mesmo tempo que seria natural, uma hora ou outra, aquela relação ter algum conflito. John Kreese é vivido de forma extremamente caricata, do vilãozão tão mal, mas tão mal, que chega a conseguir certa empatia, mais ou menos como Gargamel fazia com Os Smurfs; não oferecia perigo real e ainda divertia.

Há mais uma vez uma personagem feminina (pra variar, diferente): Jessica Andrews (Robyn Lively), que está de passagem pela residência da tia e fabrica alguns dos vasos de barro que interessa para a nova loja. Só que, ao contrário das duas primeiras, ela não é nem um interesse romântico para Daniel, já que deixa bem claro, no começo, que tem namorado e está em busca apenas de um amigo – ou seja, ela está lá apenas para que ele tenha uma companhia, já que, narrativamente falando, ela não tem função alguma.

Ao mesmo tempo em que John G. Avildsen comete estes erros primários, demonstra força justamente naquilo que sua filmografia não nos deixa mentir: algumas passagens são bem fotografadas, com um treino novamente destacado, tanto o bom quanto o ruim, e uma luta final emocionante, ainda que inferior às outras duas. O modo como os bonsais são retratados ajudam a nos apaixonarmos por eles, apesar de que não dá para entender muito bem seu valor ou como são tratados mais a fundo, considerando que este é um dos temas principais do longa.

Terminando com um esperado ‘The End’, assumia que a série já tinha cumprido o seu papel e que não necessitava ser revisitada. Só não previa que o Karatê Kid fosse se tornar uma menina, cinco anos depois.

Leia o especial completo sobre a série Karatê Kid!

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