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Críticas

Cineplayers

O quarto filme de Tarantino vem com muita ação, sangue e é uma grande homenagem aos filmes de ação que o diretor é fã.

7,5

Finalmente estréia em todo país o mais novo filme de Tarantino, aclamado como gênio por muitos e cultado no mundo inteiro por sua obra máxima, Pulp Fiction - Tempo de Violência. Ao começarmos a retratar Kill Bill talvez tenhamos algumas dificuldades ao encaixar o filme num gênero específico. Drama? Definitivamente não! Aventura? Alguns encaram como tal, temos a mocinha, o vilão e as cenas que enchem os olhos regados por uma boa trilha sonora, mas ainda assim, também não. Ação? Seria talvez o gênero em que a produção mais se adaptasse, entretanto, quem já assistiu ao filme sabe que a película não fica somente e presa a isso. Então, o que é Kill Bill - Volume 1? Quando as pessoas perguntam-me isso, não canso da classificar e rotular o filme com a seguinte frase: “Isso é Tarantino”. A maioria felizmente entende, afinal, Pulp Fiction alastrou-se pelo mundo como uma verdadeira febre nos anos 90, conquistando público e, conseqüentemente, olhares para a próxima atração do diretor.
 
Diretor esse que é um bon-vivant de carteirinha. Tarantino é não só bem conhecido por seu talento fora do comum como também por suas longas férias, que o mesmo decide tirar após concluir seus projetos. Uma prova disso é que este é apenas o quarto filme do diretor. Apesar de tão aclamado, havia filmado apenas três outras produções...  E assim mesmo, sob esse título “O Quarto Filme de Tarantino” é que a produção da Miramax resolveu por marketear Kill Bill.
 
Tarantino conta a história de uma mulher que resolve se vingar contra seu “ex-patrão”, poderoso chefe do crime organizado. Uma Thurman volta triunfante, trabalhando novamente ao lado de Tarantino após anos, desde Pulp Fiction. O filme é assumidamente uma espécie de dedicatória do diretor aos filmes de ação nua, crua e inescrupulosa de décadas passadas. Sim, mas isso você já cansou de ouvir em milhares de previews a respeito de Kill Bill espalhados pela internet. Mas como esse elogio e comemoração se dão de fato no filme? Simples, basta apenas você começar a assistir a produção para sentir e entrar no clima. O ritmo da película começa extremamente forte, como Pulp Fiction, cai durante o segundo quarto do filme e volta a crescer no terceiro e quarto período, exatamente como em sua obra passada.

No que se refere a ritmo de produção, as duas obras são bastante parecidas. Para explicar tal dedicatória, ainda temos também a boa trilha sonora do filme, intercalada com ótimas seqüências de ação. Já ouvi muitas pessoas reclamando que a trilha sonora do filme não é de fato muito adequado para tais seqüências de ação. Em alguns pontos, até dou razão a essas pessoas. Entretanto, como estamos tratando de “Tarantino”, nunca podemos esperar que algumas  coisas estejam perfeitamente encaixadas dentro de certos padrões. O resultado final, o que justamente interessa, é um saldo positivo.
 
Uma Thruman está muito bem no papel da noiva (ou simplesmente The Bridge, como é conhecida no filme). A personagem é sarcástica, perspicaz, inteligente e, claro, praticamente imbatível quando o assunto é armas brancas. Suas melhores seqüências no filme são, sem sombra de dúvidas, seu primeiro encontro com uma “ex” companheira de trabalho e a seqüência que precede o ato final, a luta contra a personagem de Lucy Liu. Esta, por sua vez, está completamente apática na produção. Realmente não sei se é algo que eu tenho contra ela ou se outras pessoas pensam da mesma forma também, mas a Lucy simplesmente não consegue convencer-me em absolutamente papel algum. Até nos mais bobos como em As Panteras e As Panteras 2 - Detonando a atriz exala artificialidade em suas falas genéricas e, também, em seus movimentos. Confesso também que não a acho tão bonita e sedutora como os produtores desses filmes desejariam que ela realmente fosse.

Resumindo, nem de “mais um rostinho bonito” podemos chamá-la, afinal, vai ter uma expressão facial tão ruim assim lá na China... No papel de uma das peças chaves mais importantes no labirinto que levaria a noiva até seu objetivo, Bill, obviamente Lucy saiu-se superficial como de costume, a personagem deveria apresentar traços mais marcantes e fortes, bem como falas melhor estruturadas. A única cena boa em que a atriz participa (não incluindo a seqüência final de ação com Uma Thurman) é a da reunião em que a personagem mostra quem realmente é.
 
Porém, personagens a parte, a melhor parte do filme vem das mãos de Tarantino e de sua excelente equipe técnica. Ela acontece mais ou menos no final do segundo quarto de filme, início do terceiro. Um toque de gênio, é como definiria a seqüência em anime que o diretor acrescentou à produção para introduzir e descrever uma única personagem coadjuvante. Simplesmente demais. Por esses e outros detalhes em Kill Bill - Volume 1 vemos que Tarantino ainda não perdeu seus traços mais característicos no que tange ao seu caráter criativo. É de longe a melhor passagem do filme, uma grande e tecnicamente perfeita adição.
 
Uma das partes ruins, como era de se esperar, vem por conta da produtora de Kill Bill, a Miramax. Preocupada em faturar alto com o próximo e raro trabalho de Tarantino, a empresa fez aquilo de mais absurdo que poderia fazer. Dividiu um filme de “aproximadamente” três horas em duas partes, algo totalmente desnecessário a esta produção e que acabou por desmantelar um bom desfecho para a história. A impressão que fica ao final de Kill Bill é de literalmente um filme incompleto. Sim, não digo apenas incompleto na parte que toca o enredo da produção, mas sim o conjunto da obra como um todo saiu perdendo.
 
A direção de arte está presente em grande estilo também. A personagem central do curta em anime inserido na película retratada na vida real reproduz o estilo e a visão que o ocidente mais gosta ao visualizar garotas orientais: de uma colegial aparentemente inocente. Diversos outros elementos da cultura oriental estão presentes na produção também. A fotografia de Kill Bill é excepcional, o filme possui seqüências em preto e branco (incluindo o inicio e lutas) que são belíssimas.
 
Kill Bill é um filme tecnicamente perfeito com toques criativos pertencentes a Tarantino que por tanto tempo caracterizaram-no. Entretanto, tem lá seus defeitos como qualquer outro. Isso inclui Lucy Liu e uma jogada de marketing extremamente depreciativa à produção por parte da Miramax, afinal, somos obrigados a julgar o filme por aquilo que ele realmente é, e não por aquilo que ele deveria ser. O filme não procura fazer mistério ou esconder a previsibilidade de algumas cenas, seqüências e finais, entretanto, torna-se justamente original, interessante e competente a medida que o público não está interessado em saber como essas seqüências terminarão, mas sim em como Tarantino as editará. E como estamos tratando de um sujeito como esse, seria conveniente esperar por mais uma ou duas boas surpresas em Kill Bill - Volume 2. Até lá então...

Comentários (3)

Luís Daniel | quinta-feira, 03 de Novembro de 2011 - 00:52

Merda em cima de merda, como típico do Pugliese. [plaft]

Marcus Almeida | quinta-feira, 03 de Novembro de 2011 - 00:56

Crítica tá é boa, tu que é chato, Luís. [cofee1]

Luís Daniel | quinta-feira, 03 de Novembro de 2011 - 01:00

Se tu chama isso de crítica...

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