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King Kong

(King Kong, 1933)
8,1
Média
230 votos
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Críticas

Cineplayers

Um dos primeiros - e hoje mais famosos - filmes de monstros é um pipoca ainda divertidíssimo.

8,0

Entre todos os filmes de monstros gigantes que o cinema já produziu, King Kong é o principal deles. Lançado em 1933, o filme arrecadou 90 mil dólares no final de semana de estréia nos Estados Unidos, um novo recorde para a época, e transformou-se logo em um clássico. Hoje, Kong é um dos principais ícones do cinema de todos os tempos, e já serviu de inspiração para centenas de outros diretores ao longo dos anos. Em 2005, Peter Jackson lançará um novo remake desse filme (após o semi-fiasco do remake lançado em 1976), então esperamos que seja um filme respeitoso para com o material original (e provavelmente será, já que a versão de 33 é o filme favorito do diretor, e ele não gostaria de estragar a sua imagem nem a do filme, certamente).

A história é simples: Carl Denham, um diretor de cinema com mania de grandeza, consegue um mapa de uma ilha misteriosa, chamada de “Skull Island” (Ilha da Caveira). Lá, dizem os rumores, reside um monstro enorme e abominável, então Denham decide filmar o “filme de sua vida” naquele lugar. Para isso, parte em expedição num navio com sua equipe de filmagem e a atriz que será a mocinha do filme, Ann Darrow (a bela atriz Fray Wray, cuja cena onde Kong arranca parte de suas roupas foi originalmente censurada, sendo integrada ao filme apenas em um relançamento posterior). Chegando lá eles encontram um mundo totalmente estranho, além da existência do macaco gigante: uma tribo indígena que realiza rituais de oferendas humanas a Kong e animais pré-históricos ainda vivos (as seqüências com os dinossauros são tão interessantes quanto as seqüências com Kong).

O problema é que Ann é seqüestrada por Kong (ela seria a oferenda de um dos rituais), e agora a equipe deve penetrar no coração da ilha para tentar resgatá-la, tendo de encarar todos os perigos que ela oferece. A cena mais famosa do filme – Kong no topo do Empire State Building – acontece apenas perto do seu final, como todas as cenas de Nova York, ou seja, a grande maioria do filme passa-se na floresta mesmo. King Kong é na realidade (e deve ser visto desse jeito) uma grande diversão, um filme-pipoca dos mais clássicos, que está recheado de cenas inesquecíveis: a chegada à Skull Island, com seu imenso portal que separa a tribo indígena do resto da floresta – domínio de Kong; a primeira aparição do macaco (e o close do seu rosto, que hoje é engraçado, mas certamente foi feito para assustar a platéia); a luta entre Kong e o dinossauro (Jurassic Park homenageou – pra não dizer copiou – esta cena) e, claro, toda a seqüência de Kong em Nova York, com Ann, sua amada (ou brinquedinho, interpretem do jeito que quiserem) em suas mãos.

Tecnicamente, King Kong é um filme intrigante. Se hoje o grande macaco é visto apenas como uma seqüência de animação mal executada, na época ele gerou comentários exaltados. Os executivos do estúdio RKO, onde Kong foi filmado, ficaram embasbacados com o resultado, dizendo que nunca haviam visto nada assim antes (e realmente, não viram mesmo, nem ninguém mais). Hoje em dia, dizem que o sucesso comercial do filme foi o responsável por evitar que o estúdio falisse. Kong também exigiu acrobacias dos seus diretores: algumas seqüências realizadas, como as dos aviões disparando sobre ele nos céus de Nova York, exigiram habilidade e criatividade do diretor Merian C. Cooper (que, como curiosidade, faz o close de um dos pilotos).

Esta seqüência final, em particular, foi a mais difícil de ser filmada: nela o modelo em miniatura de 18 polegadas de altura foi substituído por um ator em roupa de macaco, até a cena da queda de Kong do alto do prédio, onde novamente foi utilizada a miniatura. Outra curiosidade: o próprio Empire State Building estava em fase de construção durante as filmagens. Originalmente, Kong escalaria o prédio da Chrysler (que também estava em construção na época), por ser mais alto, mas logo depois os construtores do Empire decidiram adicionar uma torre de observação e o mastro no alto do prédio, tornando-o o mais alto edifício do mundo naquela época. E é para lá que decidiram levar Kong, justamente por isso.

Não há muito mais o que se analisar em um filme como este. A não ser que você tente encontrar algum significado profundo ou existencialista em um filme B de monstros, que é o que ele é. Só que ele é o pioneiro, o inesquecível, o que é reconhecido por milhões de pessoas ao redor do mundo, mesmo que estas pessoas não tenham visto o filme. Hoje em dia vale como uma curiosidade, não é incrivelmente divertido nem excitante como certamente foi há mais de 70 anos, mas ainda vale como um passatempo de qualidade, com personagens caricatos e interessantes. Temos uma bela mocinha e um grande vilão (em todos os sentidos), o que mais se pode querer para uma tarde chuvosa de sábado?

Comentários (1)

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