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Críticas

Cineplayers

Um filme visualmente interessante, mas peca por preferir excessos gráficos à uma construção melhor no seu roteiro.

5,0

Depois de criar o divertido e inteligente Kung Fu Futebol Clube e mais algumas comédias anteriores que não chegaram ainda a serem distribuídas aqui no Brasil, Stephen Chow ganhou notoriedade como diretor oriental e está se tornando mundialmente famoso como diretor do gênero. Dirigindo e atuando em seus próprios filmes, a marca recente de Chow é a de transformar os temas de seus filmes em grandes "desenhos animados live-action", com a exageração no comportamento de seus personagens, que correm, brigam, surpreendem e realizam outras ações como se estivessem em um desenho animado. Tudo realizado, claro, com a ajuda da computação gráfica - e ela é de baixa qualidade, sem vergonha nenhuma.

Com Kung-Fusão Chow extrapola tudo que havia realizado em Shaolin Soccer (nome mais adequado para o horrível nome Kung Fu Futebol Clube que o filme anterior do diretor recebeu aqui no Brasil) e torna tudo muito maior, mais cartunesco, mais colorido, mais exagerado. Mas definitivamente não melhor (o motivo disso está no quarto parágrafo deste texto). O tema "artes marciais" sempre teve e sempre terá um público fiel, principalmente aquele que nasceu assistindo a filmes do gênero vindos do Oriente e gosta de apreciar seus grandes astros lutadores. O público-alvo deste Kung-Fusão certamente são essas pessoas.

Contando com cenas de lutas que são compostas por dezenas, talvez até centenas de lutadores contra um só (embora Matrix Reloaded pareça original neste aspecto, alguns filmes de artes marciais orientais possuíam cenas tão boas quanto as suas ou até melhores muito antes dele), o filme aposta na versatilidade de seus lutadores em conjunto com a utilização de efeitos especiais para fazer divertir o espectador. Um grupo de lutadores dos melhores, mas atualmente falidos e morando em um cortiço, acabam defrontando-se com a mais perigosa gangue da região. Cada um desses lutadores possui golpes e características especiais, como a mulher que tem como seu ponto forte o estrondoso grito que devasta tudo o que tem pela frente, ou o lutador novato (Chow) que ainda não descobriu sua vocação real para a luta e está tentando libertar-se para tornar-se uma espécie de "Escolhido".

O roteiro proporciona ação quase que ininterrupta. Isso simplesmente cansa! Com um número excessivo de cenas de luta, a partir da segunda ou terceira, ou você é um grande fã do gênero ou você corre o risco de ficar aborrecido. A história não é especialmente interessante, apenas o suficiente para proporcionar essa quantidade de ação. O próprio herói vivido por Chow é um personagem fraco, e os motivos que o levam a se transformar no Escolhido são descaradamente mal estruturados. Também os efeitos especiais não ajudam a dar maior consistência às cenas de luta: ainda mais falsos que em Shaolin Soccer (onde já eram bem limitados), a quantidade é o que pareceu importar no filme, não sua qualidade. Alguns bandidos que batalham contra os heróis têm construções interessantes, como os dois que utilizam seu instrumento musical para criar golpes mortais, mas geralmente além da quantidade exagerada dessas cenas, todas elas são muito longas e repetitivas.

Por outro lado, seria injusto se não fosse dito que Chow demonstra alguns ótimos momentos como diretor, ratificando os momentos inteligentes (pelo menos visualmente) de seu filme anterior. Pudera, com tantos efeitos especiais embutidos e jogando-os para todos os lados, seria improvável não acertar em um ou outro momento. Kung-Fusão certamente agradará ao público adepto a comédias extremamente visuais e ao público que goste muito de artes marciais. Se alguém gostar dos dois elementos, o filme torna-se, então, praticamente obrigatório. Para o restante das pessoas trata-se apenas de um passatempo ligeiro e quase que totalmente desinteressante. Se Chow conseguir utilizar essa fértil imaginação com roteiros melhores e mais importantes (mesmo que ainda dentro do gênero comédia), poderá, aí sim de maneira definitiva, ter destaque mundial com seu cinema.

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