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Críticas

Cineplayers

Uma continuação que recicla tudo o que o original tinha de melhor, mas de maneira bem inferior.

3,0

Não é a primeira vez que De Niro usa o seu jeito mal encarado consagrado por filmes como O Poderoso Chefão, Touro Indomável e Os Bons Companheiros para fazer os outros rir. Não precisamos ir muito longe, basta 1997 e lembrar de Tarantino e seu ótimo Jackie Brown. Ou então do mais recente ainda, mas não tão bom, Showtime, onde fez parceria com Eddie Murphy. Se formos levar ainda em consideração o primeiro filme, A Máfia no Divã, veremos o quão dispensável era esse A Máfia Volta ao Divã. Até porque ele é infinitamente inferior à primeira versão, sendo uma reciclagem do próprio anterior, só que menos engraçado e com situações muito mais forçadas para espremer ainda mais o bagaço da laranja com esta continuação.

Paul Vitti (De Niro), ainda na prisão, começa a sofrer de um mal psicológico de confinamento. Obviamente o laço com Ben Sobel (Billy Crystal) será refeito para que o terapeuta cuide do mafioso novamente. Depois do laço refeito entre a dupla (da maneira mais absurda possível), novamente diversas situações que colocarão de frente o modo de vida criminoso de Vitti a frente com o desajeitado psiquiatra Ben Sobel. A diferença que as situações criadas aqui pelos roteiristas (três, incluindo o próprio diretor Harold Ramis) não são nem metade das que foram (e sustentaram) o filme anterior. Não temos situações como Vitti nervoso descarregando sua raiva num travesseiro com balas, não temos Vitti ameaçando Ben caso vire ‘boiola’, não temos Ben dando uma de mafioso, enfim, nada com a simplicidade e funcionalidade das piadas do filme anterior. Aqui tudo é mais forçado, tentando extrair ao máximo de seu bom humor, geralmente falhando. Raras são as cenas que você realmente ri do que está acontecendo, apesar delas existirem (quase sempre por causa de De Niro, Billy Crystal está muito apagado nesta seqüência).

Resumindo todo o parágrafo acima, os personagens têm as mesmas características do filme anterior (exatamente o mesmo teor psicológico), porém as situações são infinitamente inferiores. De Niro está bem, fazendo as mesmas caras que o consagraram, porém achei uma coisa bem ruim desta seqüência para o original: o ar de seriedade que De Niro tinha no primeiro filme era fundamental para deixar o seu personagem sempre engraçado, aqui ele já tem um ar mais descontraído, procurando provar que está redimido, e isso tirou muito do brilho que manteve o primeiro lá em cima.

Billy Crystal faz o que pode para deixar De Niro nessa crista da onda, pois suas situações são pequenas e sem destaque algum. Não lembro de ter sorrido em alguma cena sua, mas lembro perfeitamente de sua presença nas poucas cenas que ri com De Niro. Cathy Moriaty entra como coadjuvante de luxo, pois nada acrescenta a história, mas serve como uma boa lembrança de quando juntos ela e De Niro estrelaram o já citado Touro Indomável, de Scorsese. Lisa Kudrow, porém, quase não aparece na fita, e mesmo quando tem sua presença, vemos exatamente a mesma coisa que ela fez no primeiro filme: acrescentar o terror conjugal na vida de Ben por não concordar que o marido ajude um gangster.

Quando digo que as situações encontradas aqui são reciclagens, mas de nível inferior, me refiro ao jeito forçado com o que elas acontecem. Um exemplo claro disso é o motivo apresentado para que De Niro se encontre novamente com Crystal, mas o que deixa triste mesmo é o fato de ser engraçado em poucos momentos. Não quero ser redundante, chega. A Máfia Volta ao Divã é somente isso. Coloca os personagens em situações inferiores as do primeiro filme, mas todas as justificativas para que o filme aconteça são forçadas demais, inclusive a conclusão, o deixando infinitamente mais light que o primeiro. Aconselho até, já que estamos falando tanto dele, que você reveja o primeiro ao invés de cair no papo furado dessa continuação feita para se ganhar dinheiro. Porque rir, só se for da nossa cara.

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