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Críticas

Cineplayers

Matrix Reloaded tem uma história complexa e cenas de ação impressionantes. O final coloca você desejoso de Revolutions.

8,0

Is there any bar?

Claro que há! Um dos produtores de Matrix: Reloaded, Joel Silver, realmente exagerou quando, meses atrás, disse que o filme seria tão impressionante que não haveria mais limite algum em termos de qualidade. Matrix: Reloaded é impressionante, mas tem tantas falhas quanto a quantidade de golpes que Neo desfere durante o filme. Todas elas serão explicadas aqui, obviamente. Porém, justiça seja feita: Joel Silver não estava enganado quando o assunto são efeitos especiais. Eles podem não ser revolucionários, mas expandem um pouco (e somente um pouco) mais o limite a que nós, espectadores, estávamos acostumados a ver nesse quesito.

Seria muito frustrante, contudo, se apenas os efeitos especiais fossem o destaque de Reloaded. Seria decepcionante. Matrix – o original – é reconhecido pelo que é hoje não apenas pelos efeitos fora do comum vistos em 1999, mas por possuir uma história bacana, cheia de simbolismos e significados. Uma história atraente, mas também difícil (conheço várias pessoas que ainda, depois de verem o filme, não entenderam-no como seria aconselhável para uma melhor apreciação). Um aviso: não querendo subestimar ninguém (mas já o fazendo, como o hipócrita), o público casual, que vai atrás dos efeitos especiais e da ação apenas, NÃO vai ENTENDER o filme completamente. A não ser que ele entenda palavras como “inexoravelmente”. Vai encarar?

O filme, claro, foi vendido não pela sua parte simbólica, e sim pelas suas cenas de ação. E é por isso que boa parte da história é ruim. E ponto! Com o objetivo CLARO de criar cenas de ação que seriam reconhecidas como as mais impressionantes já vistas no cinema, os irmãos Wachowski criaram vários “remendos” no roteiro para encaixar tais cenas. Alguns deles, são deprimentes e risíveis. Pelo menos é a impressão passada. Só vou aqui citar um exemplo, pois descrever as cenas de ação seria matar boa parte do prazer de se assistir Reloaded pela primeira vez... Para reencontrar o Oráculo, Neo deve passar por um teste para que o mesmo saiba que estará de fato tratando de assuntos com o Escolhido. Esse teste, claro, é uma das belas (impressionantes, pra ser mais sincero) cenas de luta do filme. Ora, se o Oráculo tudo pode e tudo sabe, para quê esse teste? Neo, também, já havia visto o Oráculo antes, e não deveria precisar de tal “introdução” para poder falar com ele.

Há toda uma mitologia criada por trás de Matrix. Visivelmente, os Wachowski se inspiraram nos filmes da saga Star Wars (e em outros filmes, tais como Senhor dos Anéis, por exemplo, mas principalmente a série de George Lucas). Nomes como Mifune, Niobe, Persephone povoam a cidade de Zion, a última das colônias humanas. Toda essa mitologia dá um ar de grandeza “tolkeniana” ao filme, que o primeiro não tinha. Em certos momentos, principalmente os passados em Zion, o filme se transforma em épico, de imensas proporções. Infelizmente, o clima encontrado em Zion é um dos pontos fracos do filme. Não parece combinar com o que seria esperado de Matrix, e foi feito para ser uma diversão para os olhos (o que, para quem já viu os inúmeros e diferentes planetas de Star Wars, não traz nada de novo). Mas é Zion o único lugar do “mundo real” onde os humanos ainda estão a salvo dos vilões. E por falar neles, os Wachowski parecem também terem aprendido (aprendido errado) com Lucas: criaram alguns vilões bem interessantes, porém muito mal-aproveitados. Assim como Darth Maul em Episódio 1, os irmãos albinos quase não abrem a boca durante o filme – estão lá como mera fonte de entretenimento. Bom para o público casual, ruim para quem queria mais da história.

Os efeitos especiais! Estes merecem um capítulo à parte. Há um bocado de cenas impressionantes aqui. Novamente, não vou nem enumerá-las nem detalhá-las, para não contar demais. Na crítica de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, eu havia dito que aquele filme era o que, até o momento, possuía o maior número de cenas e momentos nunca antes vistos anteriormente. Pois bem, Reloaded é o novo dono deste título. A tal da Cinematografia Virtual, o “caviar” dos efeitos de Reloaded, criou a cena de luta mais impressionante de todos os tempos (quem viu sabe qual é). Embora Neo, em tal cena, seja visivelmente uma figura criada por computador, em ALGUMAS CENAS, o resultado é incrivelmente satisfatório e anos-luz à frente do que pessoalmente era esperado por mim. Há alguns efeitos que ainda soam falsos e óbvios demais. Mas não dá pra reclamar desse quesito de jeito nenhum. Tudo sempre embalado de uma trilha sonora deveras caprichada, principalmente quando conseguem não usar música eletrônica.

Outro assunto que merece um capítulo à parte é o significado de tudo o que se vê na tela. Os irmãos-diretores criaram inúmeras teorias para a explicação da Matrix, da existência das coisas, dos poderes de Neo, etc.. Todas elas exigem a atenção e o entendimento, dificilmente adquiridos numa primeira vez que se assiste ao filme (quando o espectador, de maneira geral, ainda está ansioso pelas cenas que ação que ainda estão por vir). Aqui essas teorias não serão explicadas, mas qualquer dúvida, é só dar uma passada no fórum da CinePlayers. Algumas dessas explicações só poderão ser conferidas em Revolutions, e outras tantas, já dadas em Reloaded, também deverão ser MELHOR compreendidas no próximo filme. Se o espectador tiver paciência para tentar entender tudo, creio que será imensamente recompensado após a trilogia estiver acabada.

É importante registrar também o aproveitamento da série de curtas animados Animatrix. Tais curtas servem para ampliar o universo do filme, e para explicar outras coisas. Por exemplo, o curta “O Vôo Final de Osíris” (que passou no Brasil recentemente), é diretamente relacionado a um acontecimento no início de Reloaded. Para quem assistiu aos curtas, é bastante recompensador ver tal conexão, embora os personagens dos curtas não apareçam em Reloaded. Por falar em personagens, o novo Matrix coloca um bocado de novos elementos em cena, além dos vilões, já comentados. Principalmente porque conhecemos a cidade de Zion, onde toda uma nova sociedade nos é apresentada. Alguns deles, como a personagem de Mônica Belluci, servem para levar a história adiante (embora de maneira risível), outros apenas para aprofundar o mundo de Matrix (todo o aspecto familiar encontrado em Zion).

O resultado final é um filme INCRIVELMENTE divertido, possuidor de um roteiro que, eventualmente, é inspirado (ponto para os diretores) e com efeitos especiais nunca antes vistos (porém, repito: que não são revolucionários). Reloaded possui um final abrupto (muito mais que os dois primeiros Senhor dos Anéis), que deixa perguntas e atiça a curiosidade (boa jogada dos diretores, outro ponto) para Matrix: Revolutions. Matrix – o original – é um filme mais completo, melhor, embora perca no quesito visual (centenas de milhões de dólares extras no orçamento garantem esse ponto para Reloaded). Contudo, é importante frisar que Reloaded, em momento algum, se configura como uma decepção (algo que eu acredito que os dois novos Star Wars também não sejam). Talvez Joel Silver apenas deveria ficar quieto no seu canto e não prometer nada que não possa vir a cumprir. De qualquer forma, que venha Revolutions!

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