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Críticas

Cineplayers

Apenas vai criar tensão para quem viu poucos filmes do gênero.

4,0

Era uma vez um lugarzinho no meio do nada. Lembrando que se trata de um filme de terror, junte a esta localidade, rodeada por absolutamente coisa nenhuma, mais um ingrendiente básico para o gênero. Uma família em mudança, formada por uma criança pequena que consegue ver espíritos e uma adolescente, contrária à saída da família da antiga residência que, também, sofre com a existência de fantasmas na nova casa. Claro, ela será desacreditada pela família que, mais tarde, perceberá o erro cometido ao duvidar da palavra da garota. Ou seja, você já viu esse filme, mas com outro nome.

A história nos apresenta a família Solomon, que está se mudando de Chicago para Dakota do Norte, nos Estados Unidos. Com o propósito de passar a se sustentar com o plantio de girassóis, os Solomon se instalam em uma casa na qual os antigos moradores desapareceram há anos. Mas a tranqüilidade aparente do local começa a desmoronar quando o filho mais novo da família, Ben, de três anos, começa a enxergar espirítos pela casa. A filha mais velha, Jess, de 16 anos, começa, aos poucos, a perceber a presença incômoda desses espirítos, que, por sua vez, começam a ficar violentos. Enquanto os filhos tentam conviver com o medo, os pais demoram a constatar que, de fato, algo está errado na nova casa. 

Apesar de todos os clichês presentes em Os Mensageiros, seu início dá um alento de esperança, como se o filme pudesse, talvez, escapar das armadilhas do gênero. Talvez, tenhamos essa impressão pelo fato de sabermos que a dupla de diretores vêm da Ásia, continente que já se especializou em produzir boas histórias de terror. Os irmãos Pang - Danny e Oxide - pela primeira vez dirigem um filme falado em inglês. Além dos diretores serem orientais, a esperança de que a produção possa ter como resultado um saldo positivo cresce ao ouvirmos a musicalidade da trilha composta por Joseph LoDuca. Porém, mais tarde, percebe-se que a trilha é uma das responsáveis pelo saldo negativo do longa. A última gota de esperança surge com o bom trabalho de David Geddes, diretor de fotografia. A iluminação, tanto interior como a exterior, merece um reconheciemento pela qualidade apresentada.

Depois de ter alguns motivos para se simpatizar com Os Mensageiros, tudo vai sendo, aos poucos, jogado no lixo. É deprimente quando um filme de terror, como forma de assustar o espectador, precisa recorrer ao auxílio da trilha sonora, que assusta com barulhos de impacto. O pior de tudo é que a dupla de diretores sabe, pelo menos na teoria, que o silêncio é a melhor arma para criar uma atmosfera sombria. Cenas longas, angustiantes, com pouco barulho, são imbatíveis para fazer o espectador não agüentar o nervosismo. Este ano, em seu suspense policial Zodíaco, o diretor David Fincher deu uma aula de como uma atmosfera aterrorizante pode ser criada. Estou me referindo à cena em que o cartunista encontra-se no porão de uma casa, acompanhado por um dos suspeitos de ser o serial-killer. Há tempos uma cena não conseguia deixar o espectador tanto tempo com a respiração presa de tensão. E é justamento isso que esta produção não consegue. Se as primeiras cenas com a presença do sobrenatural, como a cena da colher, transmitem a tensão desejada, depois de um tempo nada mais é capaz de nos fazer fechar os olhos para evitar sustos.

Os Mensageiros presta sua homenagem ao mestre Hitchcock em cenas que lembram, e muito, as seqüências presentes em Os Pássaros. Aqui são os corvos. Eles são uma figura constante nas cenas do filme dos irmãos Pang. É justamente essa ave a responsável por dar sentido ao título do longa-metragem. E elas acabam sendo uma das poucas coisas interessantes da produção. Figuras naturalmente assustadoras, os corvos nos deixam sempre em dúvida se, neste caso, estão representando o mal ou o bem. E só no fim teremos a resposta para essa dúvida.

Enfim, esse novo terror que chega aos nossos cinemas não vale o ingresso. Além dos corvos, a única coisa merecedora de registro, e uma das poucas realmente assustadoras do filme, é o dedinho indicador de Ben – semelhante ao do garotinho de O Iluminado. O menino consegue, ao apontar seu dedo para algum lugar, deixar todos em pânico à espera de espantos. Mas, nada que perdure por muito tempo. Concluindo, está é uma obra clichê e mal executada.

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