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Críticas

Cineplayers

Jim Carrey mais exagerado do que nunca em um dos filmes mais engraçados de sua carreira.

7,0

Jim Carrey é realmente um ator interessante. Enquanto muitos de sua profissão acabam mostrando total falta de talento para comédias, com suas caretas exageradas e artificiais, Jim Carrey faz exatamente a mesma coisa, só que o resultado final é diferente. É bom. E engraçado. A diferença é que ele é tão exagerado, mas tão exagerado e tão fora da realidade, que acabamos aceitando tudo o que ele faz. O melhor exemplo disso é este O Mentiroso, comédia realizada por Tom Shadyac (Todo Poderoso, Patch Adams - O Amor é Contagioso) em 1997.

Apesar da ambientação bem realista, escritório de advocacia, um tribunal, juiz e tudo mais, diria que este é um dos filmes mais engraçados do ator. Ao contrário de Ace Ventura, O Máskara, etc., em que seus personagens por si só já são bastante excêntricos (o que ajuda a aceitar as caretas), aqui ele encarna Fletcher Reede, um advogado que usa e abusa das mentiras para salvar os mais safados clientes das garras do tribunal. Fletcher está em dívida com seu filho, que sempre procura tempo com o pai, mas nunca encontra, por causa de seu trabalho. Desejando que seu pai não lhe faça mais promessas que não pode cumprir, o menino pede, em seu aniversário, que o pai passe um dia sem mentir.

O que o jovem não esperava era que seu desejo fosse se realizar, e é justamente nesse dia em que Fletcher não pode mentir que o filme se foca. Diversas situações hilárias são criadas perante a situação atual, em que ele simplesmente não pode mentir. E é justamente aí que o estilo Jim Carrey de fazer comédia entra e faz a diferença; e torna um filme bobo e clichê em uma comédia extremamente engraçada e eficiente. Sabe aquelas perguntas indiscretas e bobas, onde você claramente não pode dizer a verdade para não magoar à toa uma pessoa? Elas existem de monte no filme. Ainda mais em um tribunal, julgamento, onde Fletcher obviamente teria que mentir para ganhar o caso, e ao invés de se focar nas mentiras, ele faz de tudo para adiar o julgamento falando verdades.

Maura Tierney (de Insônia) interpreta a ex-mulher de Fletcher, Audrey, que se separou dele por motivos óbvios. O papel do filho (Max) ficou com o carismático Justin Cooper, enquanto o papel do novo pai de família que pode estragar a vida de Fletcher ficou com Cary Elwes. O interessante aqui é que Jerry (Cary Elwes) não é uma figura estúpida, o que nos inclinaria claramente a gostar rapidamente de Fletcher: ele é uma pessoa apaixonada por Audrey, legal com Max e com bom emprego. O que nos faz mesmo nos aproximar de Fletcher é o modo desesperado como ele lida com a situação de não poder mentir e como essas suas mentiras afetaram a vida de sua família ao longo dos anos.

O final do longa é estúpido e exagerado demais até para Jim Carrey, mas ainda assim não penso duas vezes em indicar O Mentiroso para aquelas tardes familiares onde as pessoas querem um bom filme simples para se divertir. Esqueça a lógica, pois aqui o que conta mesmo é a lição de moral clichê banhada com as mais gostosas gargalhadas que somente o bobo do Jim Carrey consegue proporcionar. Não é memorável, mas é bastante eficiente no que se propõe a fazer.

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