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Críticas

Cineplayers

Uma continuação que esquece a história e apela para a demasia dos efeitos especiais, que são bastante visíveis.

3,0

MIB: Homens de Preto foi lançado em 1997, alcançando um sucesso enorme pela sua qualidade. Um filme cheio de ação e com a comédia na medida certa incluída no enredo. Estava demorando, mas a continuação chegou. Pena que ela não tenha a metade da qualidade do original, é um filme basicamente que apela para a comédia, tem muito mais do mesmo e um exagero completamente desnecessário. É estranho falar que MIB tem exageros, já que ele trata de um tema completamente inexistente na vida real (será?), só que a parte final do filme apela de maneira extremamente absurda, algo que, dentro da concepção de possível no filme, seria impossível.

E o diretor sabe disso, parece que inseriu aquilo só pela diversão, esquecendo da seriedade que também rondava o primeiro MIB. Mas não é só nessa extravagância e relaxamento que MIB 2 erra. Ele comete um defeito grave, o mesmo que Star Wars Episódio 2 cometeu: o excesso de computação gráfica. Você ter, uma vez ou outra, um efeito que desse vida a uma cena mais difícil seria bacana, só que Barry Sonnenfeld (o diretor do filme) apelou extremamente para o uso dos efeitos especiais, que são bastante visíveis no filme, principalmente no DVD e em telas de maiores definições. Aqui tudo é muito digital: os monstros, principalmente, estão inferiores aos do primeiro filme! Fora nas cenas que acontecem coisas muito absurdas, onde é possível perceber o destaque entre atores / fundo. Eu me pergunto: será que eles também não vêem que essas técnicas e abusos de efeitos especiais são bem visíveis? É algo tão gritante...

A história aqui acontece cinco anos após o primeiro filme. J (Will Smith) continua trabalhando depois da aposentadoria de K (Tommy Lee Jones) e acabou se tornando o agente mais importante da empresa, já que não possui uma vida fora do trabalho, dedicando-se completamente à ele. Vive neutralizando os parceiros, nunca está satisfeito com seus serviços, nunca achou alguém como o aposentado K, nem mesmo a suposta nova parceira de J apresentada no final do primeiro filme, que tem o seu destino citado nessa continuação (mas não participa dela).

MIB 2 abre com um pequeno programa de TV contando uma história fictícia sobre os Homens de Preto salvando a Terra na década de 70. O episódio dizia que uma vez aliens vieram esconder uma “luz” aqui na Terra. Uma luz que a cruel Serleena, uma alien metamorfa, procurava. Só que os agentes de preto, para deixar a Terra neutra e impedir que ela fosse destruída por Serleena, pediram que os aliens fossem embora sem guardar a luz aqui. Só que essa história realmente existiu, como é possível ver logo no início do filme, já que Serleena volta a Terra acreditando que a luz nunca tenha saído daqui. Quando tudo começa a complicar, J tenta trazer de volta à ativa K, que atualmente trabalha nos correios de uma pequena cidade e não se lembra de nada de sua antiga profissão, já que havia sido neutralizado, por vontade própria, também.

O enredo aqui é muito linear, sem acontecimentos paralelos. Uma das primeiras perguntas que me fiz quando assisti o retorno de K foi “E a mulher dele apresentada no primeiro filme?”. Ela foi um dos principais motivos para ele voltar à vida normal e aqui ela foi simplesmente ignorada pelo enredo. Essas e outras perguntas bem básicas serviram apenas para eu colocar uma coisa na minha cabeça: esqueça a seriedade do filme, apenas divirta-se, e nisso MIB 2 serve muito bem. O cachorro falante do primeiro filme está de volta e tem um papel bem maior nesta continuação, inclusive sendo um dos parceiros momentâneos de J, arrancando boas risadas dos que assistiram tanto no cinema quanto aqui em casa.

Aqui tudo está mais exagerado, desde os aliens até as armas (sim, conseguiram apelar ainda mais). O diretor Barry Sonnenfeld até faz uma ponta em uma das cenas mais forçadas do filme, em que J e K estão atrás de armamentos para acabar com a confusão gerada por Serleena, onde eles invadem a casa de uma família normal e abrem a parede. Os neutralizadores estão apelativos demais e com certeza não cobririam a demanda que o filme puxou, principalmente na cena final e onde o carro voa soltando os flashes. Supondo que todas as pessoas que viram as bizarrices fossem atingidas por tais flashes, o que colocariam em suas mentes? E quem?

O projeto demorou 3 anos para sair do papel por diversos motivos, mas o principal foi o dinheiro. Sempre ele... Temos que levar em consideração os salários estrondosos de Will Smith e Tommy Lee Jones, o cachê do diretor e do produtor (que não é ninguém menos que Steven Spielberg) e todo o resto da equipe. Aliás, o filme só foi para as telas porque houve um acordo entre esses gigantes de Hollywood, onde abriam mão de seus cachês para ter uma porcentagem sobre as bilheterias. A Columbia cedeu metade do lucro para pagar tais celebridades até que o filme conseguisse 200 milhões de renda. Para um custo de 97 milhões, não era pouca coisa, pois se o filme fracassasse poderia ser até um sério risco para a produtora. Ainda bem que tudo foi como planejado e MIB 2 fechou as bilheterias com um lucro de 192 milhões de dólares só nos Estados Unidos em 2002 e com pouco mais de 3,4 milhões de espectadores no Brasil, ficando em terceiro lugar nas bilheterias nacionais de 2002 (perdendo apenas para Homem-Aranha e O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel).

Esse filme também foi um dos atingidos pelos atentados de 11 de Setembro de 2001, mesmo tendo sido lançado somente em meados de 2002. O motivo é que, no final original, as torres gêmeas eram o palco de toda aquela confusão, mas depois do ocorrido o prédio escolhido para substituir as torres gêmeas foi o terraço da sede da Chysler.

Não é que MIB 2 - Homens de Preto 2 seja ruim, ele é um filme engraçado e bem divertido, mas ele não é metade do que o primeiro foi. A seriedade com diversos toques cômicos do primeiro deu lugar a um enredo bem divertido e relaxado, cheio de apelos visuais para computações gráficas e furos, o que diminuiu ainda mais o charme do filme. Vale uma boa alugada, ainda mais com as toneladas de extras que foram incluídos.

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