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Críticas

Cineplayers

Mais um filme de herói absolutamente descartável. Ainda mais descartável que a já horrível média do gênero.

2,0

Agora que os quadrinhos mais populares já foram adaptados para o cinema (e as continuações destes continuarão chegando) os “não tão populares” têm a sua vez. Motoqueiro Fantasma é um deles. Aliás, o nome do herói aqui no Brasil é totalmente infeliz. No filme conta-se que a lenda dos “riders” vem de séculos, porém não faz sentido que os fantasmas do passado fossem motoqueiros (eles andavam a cavalos na realidade, mas a tradução não corrige isso). Bem constrangedor para a distribuidora nacional. Fora isso se pode dizer que este é o primeiro filme-evento de 2007 – a primeira vez em que há filas realmente grandes nos cinemas. Como não poderia deixar de ser, é para um filme ruim.

Candidato a pior adaptação recente dos quadrinhos para o cinema ao lado de O Quarteto Fantástico (e ignorando-se bobagens menores como Ultravioleta), Motoqueiro Fantasma tem um roteiro absolutamente constrangedor, que não consegue balancear cenas de ação com os conflitos que o personagem de Nicolas Cage (Johnny Blaze) enfrenta. As cenas em que ele enfrenta problemas com os seus recém-adquiridos poderes (algo comum nos quadrinhos da Marvel) são simplesmente pífias, principalmente as que envolvem juntamente o velho amor da adolescência do personagem.

Uma atuação muito ruim de Eva Mendes certamente não ajuda muito também. A maior função da atriz no filme é mostrar parte de seus seios através de insistentes e forçados decotes. Enquanto isso é interessante para os marmanjos, é uma prova de que a história ficou mesmo em segundo plano. Já Nicolas Cage, que ainda não está velho o suficiente para esse tipo de papel (ele continua “cool”) não deve ser considerado um dos pontos fracos do filme. Os outros coadjuvantes são totalmente dispensáveis, tanto que o melhor amigo de Johnny é esquecido no primeiro terço do filme e só reaparece perto do final para constar. Mais uma prova que o roteiro é ruim, não se importando com o desenvolvimento dos personagens.

O vilão – o filho de Mefisto, um demônio – é muito fraco, e suas ações resumem-se a andar de um lado para o outro da cidade atrás de um velho contrato. Quando ele entra para a briga para valer, a cena é totalmente dependente de efeitos especiais que ficaram pobres, e de um ritmo que ficou irregular. Até lá, o mais bacana é uma cena envolvendo uma corrida com a moto, cujas melhores partes já apareceram incessantemente no trailer. Há tentativa intensa de se criar humor com os novos poderes do herói e, se por um lado as piadas são inspiradas, por outro são extremamente previsíveis e artificiais.

As características técnicas do filme também não ajudam. Uma tentativa de se criar uma trilha sonora épica em meio a cenas involuntariamente cômicas é deveras ingênua, e os efeitos especiais pobres, como foi comentado, complementam o pacote. Por tudo o que foi falado, percebe-se que o filme na realidade é apenas um apanhado de clichês mais do que conhecidos e cenas de ação ordinárias para os dias atuais. A própria relação entre pai e filho é batida - parece outro elemento comum nos quadrinhos da Marvel. Impressiona a forma como um filme tão vazio consegue causar tanto estrago – ele tem o dom de fazer os gerentes das salas de cinema retirar de cartaz filmes importantes para colocar lixos descartáveis como este. A mediocridade agradece!

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